Aniversário sacerdotal de monsenhor Jonas

Para Deus nada é impossível

Monsenhor Jonas Abib celebra Missa de aniversário sacerdotal norteado pela frase “para Deus nada é impossível”

No seio de Maria, Jesus se faz carne como nós, assim como toda criança que é gestada no ventre de sua mãe. No nono mês, Jesus nasceu para realizar Sua missão, então, o prodígio dos prodígios aconteceu com Maria.

Meus irmãos, posso dizer que, na minha vida, Deus mostrou que nada é impossível! Estou completando 52 anos de ordenação sacerdotal! No seminário, no quarto ano de Teologia, os médicos detectaram uma doença nos meus olhos. Eles estavam ofuscados; eu não conseguia ler. Precisei me afastar do seminário e fazer um tratamento. Um pouco mais à frente, uma irmã salesiana, Irmã Clara, superiora do hospital em Piquete (SP) disse ao meu superior do seminário que era bom que eu fosse para o hospital. Eu fui, mas não melhorava. Então, Irmã Clara me convidou para participar de um Mariápolis em Lorena (SP). Só bem mais tarde fui perceber que Irmã Clara viu além, ela percebeu que eu precisava mais do que ser curado no físico, eu precisava também uma cura na alma, no meu interior.

Numa daquelas noites, sozinho no quarto que me cederam, eu tinha um Evangelho comigo; quando eu o abri, caiu na Palavra de Mateus, quando Jesus pergunta aos apóstolos: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Aquilo caiu como um raio dentro de mim, mas um raio benéfico, algo que penetrou em mim e transformou-me. Caí de joelhos no chão e ali entreguei a minha vida a Deus.

O impossível aconteceu, e como antes estava “para baixo”, consegui alçar voo, criei ânimo e fui até o meu superior, pedir para ser ordenado. Ele me disse que se eu passasse nos exames, poderia me ordenar. O que era impossível estava acontecendo. Com fúria, estudei todos os apontamentos dos meus colegas; passado alguns meses, prestei os exames. Meus professores fizeram exames orais; por um lado, era bom para mim, pois não precisava escrever, mas assim eles poderiam perguntar o que quisessem, e eles perguntaram. Em 8 de dezembro de 1964, eu fui ordenado.

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Uma das características da minha ordenação foi me retirar um dia inteiro antes da ordenação para me preparar; no dia seguinte, estávamos logo cedo prontos para a ordenação. Nosso superior tinha ensaiado a ordenação, mas, quando chegou o dia 8, ele começou chamando pelo meu nome primeiro, e não em ordem alfabética como tínhamos ensaiado. Para mim, ficou a sensação de ser o primeiro entre os meus colegas. Na ordenação, meu paramento era igual ao do bispo, e mais uma vez ouvi Deus dizendo para mim: “Você é o primeiro entre os seus colegas”. Eu não ia imaginar que Deus ia fazer comigo tudo isso que Ele fez.

No dia 9, eu iria fazer outro retiro em preparação à minha primeira Missa, mas, quando descia do meu dormitório, encontrei um amigo, que iria fazer o discurso no jantar solene depois da ordenação. Ele veio pedir para que eu fizesse o discurso, porque não tinha vindo ninguém da família dele para a ordenação, e ele havia ficado muito triste. Aceitei e fui preparar meu discurso. Durante o jantar, Deus colocou o dom da eficácia da palavra que eu havia Lhe pedido no meu diaconato. Ele me deu esse dom, mas com a condição de que fosse para os outros, para salvá-los, e graças a Deus posso usufruir desse dom.

Depois da minha ordenação, meu apostolado foi muito forte, impulsionado para os jovens, porque tinha um ardor pela evangelização; fazia menos de um ano que tinha tido um encontro pessoal com Jesus e me tornado outra pessoa.

Uma vez, um jovem veio me falar que não havia ninguém para cuidar dos jovens marianos; foi aí que algo dentro de mim aconteceu. Aceitei cuidar deles e começamos a fazer encontros semanais baseados no Evangelho. Líamos a passagem e nos propúnhamos vivê-la naquela semana. Na semana seguinte, já sentíamos o resultado da vivência daquele Evangelho.

Monsenhor Jonas celebra Santa Missa em ação de graças pelos seus 52 anos de sacerdócio.

Monsenhor Jonas celebra Santa Missa em ação de graças pelos seus 52 anos de sacerdócio. Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

O grupo, então, crescia em tamanho e profundidade; até que, com a cara e a coragem, começamos a fazer uma Missa para os jovens. Naquele tempo, só cantavam as músicas tradicionais que não atraía os jovens para a Celebração, mas eu fui para o teclado e escrevi as músicas novas. Na Missa, o jovens cantavam e a igreja se enchia. A beleza da participação deles acabou incomodando as pessoas que se sentiam as “donas da igreja”, e foram reclamar com o superior geral.

Um dia, o superior entrou na sacristia e me disse: “Se Dom Bosco estivesse vivo, estaria fazendo a mesma coisa. Parabéns! É assim que se faz. Olha, não são as músicas nem a pregação, mas já faz dois domingos que eu fico no confessionário atendendo esses jovens, e eles são santos”. Dá para você ter uma ideia de a que ponto chegou aquele trabalho.

Na sequência, tive a ideia de fazer um encontro de jovens. Preparei todo o esquema. Quando terminou a semana, fui para São Paulo celebrar um batismo. Na festa, comi uma ricota estragada, que me fez passar mal a noite toda. Sem forças para me levantar, só conseguiram me ajudar quando um amigo chegou e viu o estado em que eu estava. Levaram-me a um hospital e lá viram que minha pressão estava muito baixa. O médico disse que não escaparia. Mas como nada é impossível para Deus, momentos depois tiraram outra vez minha pressão, e ela estava normal. Eu tinha acabado de preparar o encontro, o inimigo tentou acabar comigo, mas Deus interveio, porque para ele nada é impossível.

Naquele ano, aconteceu o encontro de jovens e as mudanças na vida daqueles jovens eram impressionantes. Mas Deus não queria só isso. Fiquei doente novamente, com tuberculose, e comecei o tratamento, mas ainda havia aquele ardor dentro de mim. Até que fiquei sabendo que Padre Haroldo estava pregando sobre uma tal de Renovação Carismática Católica. Naquele dia de pregação, no fim da Missa, o padre nos disse que rezaria por nós e que pediria para que fôssemos batizados no Espírito Santo. Eu não entendi, mas queria muito! Na hora que ele pôs as mãos sobre mim, não senti nada, mas, naquela mesma noite, comecei a orar como nunca antes e algo em mim mudou completamente. Eu orava de uma maneira totalmente nova. A Bíblia se tornou familiar. Eu já era outra pessoa. Graças a Deus, esse sacerdócio que Ele me concedeu me fez sentir a obrigação de fazer sempre o melhor, porque para Deus nada é impossível.

Transcrição e adaptação: João Paulo dos Santos

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