Precisamos ser homens e mulheres de oração
No Evangelho segundo Mateus, Jesus nos ensina a ter uma vida de oração. Mais que isso, nos ensina a orar. Não como os pagãos faziam, porque eles faziam discursos, clamores sem fim e derramavam lágrimas para implorar a seus deuses aquilo de que eles precisavam. Jesus nos diz para não sermos assim. Aliás, sabemos que este Evangelho está ligado ao Evangelho de São Lucas, no qual aparece a passagem em que os apóstolos pedem a Jesus para lhes ensinar a orar como João Batista ensinou os seus discípulos. Isso porque os discípulos de João Batista o viam rezar e admiravam o modo como ele elevava as suas preces.
A mesma coisa fizeram os apóstolos a Jesus: “Jesus, ensina-nos a rezar”. Então, Ele ensinou a oração do Pai-Nosso. Quero dizer a você que essa oração está acima de qualquer modelo e que, com simplicidade, nos dirigimos ao Pai, em primeiro lugar, falando das coisas d’Ele, das coisas do Reino: “Pai Nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome e venha o vosso Reino”. Depois, dirigimo-nos ao Pai pedindo as nossas necessidades: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”.
É uma oração simples, no qual dirigimos ao Pai as Suas coisas, as coisas do Reino e as coisas de que necessitamos, com confiança de filhos. Nós devemos ser homens e mulheres de oração!
A base da Comunidade Canção Nova é sermos uma comunidade de amor e adoração. Adoração e oração estão no mesmo “pé”. Temos, na Canção Nova, diariamente, a graça da celebração da Eucaristia, onde o grande orante é Jesus, e nós nos unimos a Ele. O Senhor está oferecendo-se ao Pai como Ele se ofereceu no calvário. No altar, acontece o mesmo e único sacrifício do calvário. Não é outro! É o mesmo, é o único sacrifício.
Jesus, também no céu, está nesta atitude, mostrado ao Pai as Suas chagas e pedindo por nós! Portanto, na Missa acontece a grande oração. Daí, é preciso que façamos da celebração da Eucaristia a nossa grande oração. Que possamos realmente buscar ter toda a atenção e acompanhar tudo na Santa Missa. Principalmente quando o sacerdote impõe as mãos pedindo que venha sobre aquelas oferendas o Espírito Santo. Quando ele profere as palavras da consagração, a grande “oração” acontece – o pão e o vinho são transubstanciados no Corpo e no Sangue, na alma e divindade de Jesus. Ele ali se oferece ao Pai pela remissão dos pecados de todo o mundo, em todo tempo e em todo lugar.
Depois, o grande momento é quando recebemos este Jesus na Eucaristia. Nós recebemos o Senhor Jesus, a Sua redenção e o que fez por nós! Ele quer que sejamos salvos, que sejamos santos. Ele quer que, de Eucaristia em Eucaristia, de comunhão em comunhão, nós cresçamos em santidade, porque estamos em contato com o próprio Santo; um contato real que nós não vemos, não sentimos, mas tomamos contato com o próprio corpo, o próprio sangue, a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Não há coisa mais santificante do que esta, então aproveitemos justamente cada dia deste momento de santificação, que é a santa comunhão na Missa. É uma maneira maravilhosa de estarmos orando, diferente de tudo aquilo que nós fazemos nas nossas orações. É oração por excelência.
Depois, a adoração ao Santíssimo Sacramento, porque, também nos nossos sacrários, Jesus está nesta atitude, de oferecer-se ao Pai por nós, para nossa redenção e da humanidade. É um momento de nos unirmos a Jesus, de nos fazermos um com Ele.
Temos ainda muitas outras formas de oração – o santo rosário, por exemplo, que vai nos unir a Nossa Senhora para repetirmos muitas vezes aquilo que o anjo disse a ela, aquilo que Isabel disse a ela e também aquilo que a Igreja diz a ela! Justamente o que fez o próprio Papa, no final do Concílio de Éfeso, quando disse que Maria era a “Theotókos”, a Mãe de Deus, porque Jesus é Deus. Devemos ser assíduos na recitação do rosário para que realmente nos unamos a ela, e ela nos una a Jesus.
Temos também o terço da misericórdia, no qual nos unimos a Jesus Misericordioso e, por Ele, ao Pai das Misericórdias, pedindo que, pelo sofrimento e pela morte de Jesus, nós sejamos perdoados dos nossos pecados e dos de todo o mundo. É também uma belíssima forma de rezar! “As almas que rezarem este Terço serão envolvidos pela minha misericórdia durante a sua vida e, de modo particular, na hora da morte” (Diário de Santa Faustinha, nº 754).
Precisamos ser homens e mulheres de oração. Por excelência, para nós, a oração ao ritmo da vida e o trabalho santificado são dois tipos de oração. O trabalho santificado, porque estamos orando enquanto trabalhamos, e a oração ao ritmo da vida, nos dirigindo ao Senhor em tudo aquilo que estamos fazendo – orar para agradecer, orar para pedir auxílio, orar para pedir perdão. Assim nós estamos, praticamente o dia todo, unidos ao Senhor!
A penúltima invocação do Pai-Nosso é “perdoai-nos as nossas ofensas, como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Jesus, então, diz que, de fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, nosso Pai que está no céu também vos perdoará, mas se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não vos perdoará as faltas que vós cometestes. Então, precisamos ser também pessoas de perdão e darmos o perdão aos nossos irmãos. Perdão não dado é justamente uma coisa cáustica dentro de nós, que quando nós carregamos, causa o ressentimento, vem a mágoa, nós nos azedamos e acabamos azedando o ambiente em que estamos. Que o Senhor nos dê a graça de sermos homens e mulheres de oração, homens e mulheres de perdão.
Vamos rezar ao Senhor a oração que Ele nos ensinou?
Pai Nosso que estais no céu, Santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso Reino. Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu! O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém!
Artigo extraído do livro ‘O Abraço do Pai’, de monsenhor Jonas Abib.
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