Consagre-se a Dom Bosco! Ele vai cuidar de você como cuidou de mim
Nós repetidamente cantamos: “À vossa direita se encontra a rainha, com veste esplendente de ouro de Ofir” (Sl44). Essa Palavra, que está no Salmo do Antigo Testamento, realizou-se e realiza-se hoje: Maria foi assunta ao céu. Claro que o céu não precisa de ouro, mas há um esplendor todo especial da Mãe do Senhor, Mãe de Jesus, que ofusca todo o céu com a sua beleza.
“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” (Lc 1,32). Você conhece esse fato, de quando Maria foi visitar Isabel e esta ficou cheia do Espírito Santo? Como Isabel podia imaginar que Maria estivesse grávida do Senhor? “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?”. É isso que nós celebramos no Dia da Assunção. Maria morreu como todo o ser humano morre; ela foi sepultada como nós seremos e como foram os nossos. Contudo, depois, ela foi ressuscitada. Ela morreu, foi sepultada e ressuscitada. Maria foi levada ao céu com a glória e o poder de Seu Filho Jesus Cristo, com um corpo ressuscitado e glorificado; e lá está ela, à nossa espera.
Reze com monsenhor Jonas:
É por isso que nós suamos, lutamos e nos esforçamos, nesta vida, contra o pecado, contra o mal. Trabalhamos por Deus, em favor dos nossos irmãos, para podermos chegar lá e termos a beleza de ver Maria nos receber. Imagine só isso: chegarmos no céu – mesmo que tenhamos passado um tempo no purgatório – e vermos lá aquela que é a nossa Mãe.
Você vai poder dizer: “Minha mãe!”. Ela vai lhe dizer: “Meu filho!”. Essa é a maravilha que nos aguarda e é o que festejamos na Festa da Assunção. No fim dos tempos, quando Jesus vier na glória, quando todos nós ressuscitarmos e nos encontraremos com ela, com o nosso corpo novo, glorioso e ressuscitado, formaremos a grande família dos filhos de Deus, filhos de Maria.
Eu poderia falar muitas coisas a respeito de Dom Bosco, mas prefiro, hoje, em honra a ele, falar o que este santo foi em minha vida:
O meu parto foi muito difícil! Naquele tempo, um lugar pequeno como Elias Fausto (SP) não tinha médico. As parteiras vieram e fizeram de tudo para que eu nascesse, mas não conseguiram. Foram atrás do médico, e para isso tiveram de fazer uma viagem. O médico veio e tentou de tudo, mas não conseguiu. Ele disse ao meu avô: “Olha, vamos salvar a mãe, porque o menino não tem mais jeito”. Imagina como ficou o coração do meu avô!
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Logo após o médico dizer isso, na sala ao lado havia um rapaz de sobrenome Bosco, e ele dizia: “Há um santo com o meu nome, e ele era o santo dos jovens”. Ele foi contando a história de Dom Bosco. Os que estavam ali gozavam dele, porque nunca tinha ouvido falar desse santo, mas ele insistia em contar.
A minha mãe, no quarto ao lado, escutando aquilo tudo, rezou: “Dom Bosco, eu te consagro este menino!” (interessante que, naquele tempo, não havia ultrassom). Ela disse ao santo: “Cuida dele para mim!”. Foi uma coisa admirável, questão de minutos. Foi preciso chamar as parteiras, as mesmas que não conseguiam nada antes, nem o médico. Mas o menino nasceu.
Dois anos depois, eu tive um problema grave nos olhos. Trataram primeiro com remédios caseiros; depois, com remédios de farmácia. Mamãe conta que, dia e noite, eu só chorava. O meu avô insistiu com meu pai para que ele me levasse no doutor Penido Burnier, um dos maiores oftalmologistas do Brasil. Meu pai disse: “Eu não tenho dinheiro!”. Mas o meu avô disse que pagaria. Meu pai me levou ao médico. Quando ele viu a situação, disse que eu seria operado no dia seguinte.
Meus olhos são verdes, muitos dizem que eles são bonitos; mas muito mais que bonitos, o importante é que eu posso ver com eles, pela graça de Deus, porque Dom Bosco cuidou “daquele menino”, como a minha mãe pediu na hora do parto. Eu podia não ver, e a minha vida seria totalmente diferente, mas, pela graça de Deus e a intercessão daquele a quem sou consagrado, eu vejo bem. Preciso de óculos, mas isso é o de menos! Eu vejo, e vejo ainda mais o interior das pessoas do que o exterior delas.
Papai foi pedreiro a vida inteira, por isso resolveu vir para São Paulo, por causa de trabalho. Foi a maior penúria! Nós moramos anos a fio em um porão. Por relaxamento? Claro que não! Porque papai tinha com o trabalho dele em São Paulo, ganhava melhor lá que no interior, mas não era o suficiente. Todos os meses ele pagava o meu avô, que era muito bom, mas era negociante. Meu pai fielmente pagou mês por mês os “olhos do menino”.
Eu cresci. Minha mãe ficou grávida do meu irmão. quando ele nasceu, ela o levava a uma clínica e passava pelo Liceu Coração de Jesus. Mamãe ficava atraída pela imagem de um santo grande, e era curiosa para saber quem era o santo. Um dia, o sacristão passou apressado, o senhor Joia, e ela lhe perguntou: “Quem é esse santo?”. Ele foi fantástico! Não só respondeu como lhe deu um resumo da vida de Dom Bosco.
Mamãe o reconheceu, e era tudo o que ela tinha ouvido na hora do meu parto. Naquele momento, ela me consagrou pela segunda vez a Dom Bosco. Todas às vezes que ia levar meu irmão à clínica, ela passava no santuário e renovava a minha consagração a Dom Bosco. Então, eu sou “ultraconsagrado” a Dom Bosco.
Não parou aí, não! As Irmãs da Província de Gap foram as minhas educadoras num primeiro momento. Terminado o quarto ano primário, não havia mais escola. Então, a superiora geral da Congregação veio nos visitar e passou de classe em classe. A todos ela fez aquela pergunta clássica: “O que você quer ser quando crescer?”. E eu lhe disse: “Eu quero ser padre!”. Ela me perguntou: “Por que você quer ser padre?”. Pena que eu não me lembro da resposta que dei… Na hora da refeição, a superiora disse às irmãs: “Cuidem deste menino! Mas pelo fato de ele ter dito que quer ser padre, mas pela a forma com que responder. Não foi ele, porque ele não seria capaz de dizer nada!”. Elas cuidaram de mim e me encaminharam para o Liceu Sagrado Coração de Jesus.
No Liceu havia as aulas profissionais, com oficinas e esportes. Eu fazia artes gráficas e, com isso, pagávamos nosso almoço. Era tudo muito bonito! Logo, fui coroinha na minha paróquia, com o senhor José Pinto. Éramos coroinhas muito alinhados. Um dia, o senhor José Pinto chegou para mim e, no campo de basquete, perguntou: “Quando você vai dar os passos para ser padre?”. Eu fiquei bravo e disse: “Quem foi que disse para o senhor?”. Ele respondeu: “Foram as irmãs que me disseram que você tem todo o jeito para ser padre. Está na hora de você dar os passos”. Graças a Deus, eu cedi e começamos a caminhar.
Um dia, o próprio José Pinto me disse: “Aqui está o enxoval de que você precisa para ir para o seminário, mostre para os seus pais. Só precisa arrumar essa roupa e está tudo certo!”. Levei para a minha mãe, ela deu uma olhada, e vi que as coisas não tinham caído, bem. Ela disse: “Depois mostramos para o seu pai e conversamos no jantar”. Terminado o jantar, minha mãe disse para que meu irmão e eu descemos licença para eles conversassem. Meu pai depois me chamou, pigarreou e não conseguiu falar, mas minha mãe disse: “Olha, meu filho, nós conversamos bem, mas no seu papel está escrito “roupas que são necessárias” e, no fim, “dois sacos de roupas usadas”. Com muito esforço poderíamos conseguir essas roupas, mas os dois sacos não vai dar!”. Eu disse: “’Bênça, pai e mãe”. Mas claro que não dormi naquela noite.
Fui cedinho ao Liceu para ajudar na Missa e comecei a fugir do senhor José Pinto, porque não queria dar a má notícia para ele. Mas ele me encontrou de novo no campo de basquete e perguntou: “Você conversou com seus pais?”. Contei tudo a ele. Quando disse dos dois sacos de roupas usadas, ele colocou a mão na barriga e riu muito. E disse: “Não são dois sacos de roupas usadas, mas dois sacos para colocar a roupa usada para lavar. Eu ri também. Quando contei para os meus pais, eles riram também. Literalmente, meus pais não conseguiriam dar aquela roupa que era requirida pelo papel, mas, naquela brincadeira que Dom Bosco fez, porque só ele poderia inventar uma coisa dessas, cada um foi dando uma coisa, um deu uma peça de roupa, outra um sabonete. Outra dia, uma mulher disse: “Não sei se o senhor se lembra, mas eu lhe dei um sabonete para ir ao seminário”. Eu não sou a exceção, eu sou a regra.
Não sei o que Dom Bosco fez com você e não sei o que ele quer fazer com você. Se, como a minha mãe, você até agora desconhecia Dom Bosco, eu o apresento agora por meio dessa história. Agarre-se a ele, como a minha mãe se agarrou, e consagre-se a Dom Bosco. Ele vai cuidar de você como cuidou do “menino”, o qual, pela graça de Deus, pôde fazer toda essa obra, que é a Canção Nova.
A Canção Nova é salesiana, ela é de Dom Bosco e quer levar longe o nome dele. A Canção Nova quer fazer pelas pessoas as mesmas coisas que Dom Bosco fez por mim quando eu era menino. Viva Dom Bosco!
Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio.
Pregação ‘Canção Nova, uma obra de Dom Bosco’ em 16 de agosto de 2015.
Adquira esta pregação pelo telefone: (012)3186-2600