Meus irmãos, sempre que eu retorno às passagens bíblicas que falam da reconstrução de Jerusalém, como a de Neemias, que fazem parte da nossa vida comunitária, lembro-me de São Francisco de Assis, quando o Senhor, mesmo do crucifixo, disse-lhe: “Francisco, reconstrua a minha Igreja que está se destruindo”. Francisco pensou que Deus queria que ele reconstruísse aquela capela de São Damião, que ainda hoje podemos visitar em Assis. Somente trazendo o povo para ajudar na reconstrução, vivendo lado a lado deste, rezando e pregando para este mesmo povo é que o grande santo italiano foi percebendo que a vontade do Senhor era a reconstrução da Igreja viva. Francisco não fez uma reforma, ele fez uma reconstrução.
Estamos em tempos de reconstrução, porque vemos quantas pessoas destruídas, arrasadas, sem esperança; destruídas pela bebida, pelas drogas, em uma vida prostituída. Elas são filhas de Deus. Quantas delas vivem nas ruas, favelas, participam de todo tipo de violência, que impera por todos os lados e, muitas vezes, nós as classificamos como bandidas. Mas, na verdade, elas são vítimas da própria sociedade que nós construímos. A destruição delas é o resultado, a consequência de uma sociedade egoísta e individualista. E quantas pessoas que não estão destruídas visivelmente, pois têm casas, vestem-se e trabalham, mas que estão destruídas. É certo que nós construímos muitas delas e talvez eu esteja falando a muitas pessoas destruídas dessa forma. O Senhor quer a reconstrução dessas pessoas porque são filhas e precisam ser reconstruídas. Quantos casamentos destruídos, e como o Senhor falou a Francisco, que vão se destruindo. Não pense que simplesmente marido e mulher acabam se separando, pois mesmo que não percebam, eles estão se destruindo; além da destruição que causam nos próprios filhos. Só que nós estamos nos acostumando a isso, mas quem é filho resultado de um desastre como esse , sabe muito bem o que acontece com eles.
O próprio padre Rufus disse-nos que o que mais sentiu no Brasil foi uma orfandade de filhos de pais vivos. Ele percebeu a ausência de pai. Todas essas pessoas, todos esses casamentos e famílias precisam ser reconstruídos. Aí está a nossa missão, por isso, o Senhor falou muito no início da Canção Nova e continua a nos falar. E quando vamos ao livro de Zacarias, vemos que isso não se dará pela força, muito menos pela violência se fará essa obra, mas pelo Espírito de Deus.
Irmãos, por essa razão, rezemos sem cessar: Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fieis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espirito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib