É um acontecimento que me é impossível não lembrar. Aquele dia, nos inícios de 1976, foi um momento totalmente especial: foi a hora da graça. Dom Antonio Afonso de Miranda, que naquele tempo era o nosso bispo, me chamou em seu escritório e com a Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi (que fala da necessidade urgente de se evangelizar), recém-publicada pelo Papa Paulo VI, em mãos, me falou com muita responsabilidade sobre a necessidade de colocar aquele documento em prática. Veja: estávamos em 1976. E ele me deu uma razão que me convenceu plenamente: Porque os batizados não são evangelizados. Aquilo me tocou profundamente e me descortinou um horizonte imenso. Era realmente necessário e urgente evangelizar.
Ele logo acrescentou: -Como o senhor trabalha com os jovens, comece com eles, porque com os jovens é mais fácil. Isso me atingiu mais ainda e senti que a confiança que Dom Antonio colocava nos jovens, com quem eu trabalhava, nos colocava num rumo novo. Era a palavra de ordem do nosso bispo. Era o mandato da Igreja.
Vi que, naquelas palavras de Dom Antonio, havia uma verdadeira inspiração e era também um envio. Entrei em ação. Fizemos um trabalho intenso com aqueles jovens durante dois anos. Eles foram profundamente evangelizados e preparados para serem evangelizadores.
No início de fevereiro, 12 deles deixavam tudo, para começarmos a viver em comunidade. Foi uma verdadeira aventura em Deus. Um forte desafio.
As palavras de Dom Antonio foram se mostrando cada vez mais verdadeiras. A disponibilidade, a coragem, o dinamismo e, principalmente, a entrega daqueles jovens deu a tônica da Canção Nova: somos uma comunidade jovem.
É claro que o tempo passou e aqueles jovens dos primeiros anos hoje têm 30, 25, 20 anos a mais. O lindo, porém, é que todos conservam a jovialidade que Deus nos concedeu como dom do Espírito. É só ver os nossos programas de rádio, de televisão, o nosso trabalho na Internet, os nossos acampamentos de oração, nossos Kairós semanais, nossos shows de evangelização, enfim, toda as nossas atividades.
Tudo o que somos e fazemos tem a característica da jovialidade.
Sei que, graças a Deus, conseguimos transmitir isso a muitos. A Igreja e a humanidade precisam readquirir a jovialidade própria do Evangelho. Ele é Boa Nova e esse novo precisa penetrar no mais profundo das pessoas e renová-las. Fazê-las jovens, seja qual for a sua idade. Jovens! Cada dia mais jovens! Porque o Nosso Senhor é o Deus que alegra a minha juventude.
Você percebe que em todos os nossos eventos é grande a presença e a participação de jovens. Mas o espírito deste mundo fez com que muitos jovens se tornassem envelhecidos. Um verdadeiro envelhecimento precoce, com todas as suas conseqüências negativas.
É por isso que Deus deu à nossa grande família Canção Nova a graça de juntos darmos à Igreja e ao mundo essa contribuição: um Evangelho Encarnado que leve às pessoas o milagre do rejuvenecimento. É possível, e Deus quer, que formemos, pela novidade da evangelização, homens e mulheres novos. É isso que nos trará a maravilha de um mundo verdadeiramente novo.
Mãos à obra!
Com a bênção daquele que é eternamente jovem.
Monsenhor Jonas Abib