A divina providência

Nossa confiança não está em nenhuma empresa, em comércio nenhum; não está nos bancos, nem na política. Ela está no Senhor: “Sei em quem pus a minha confiança”.
No início era difícil viver essa confiança e assumir essa total dependência. Graças a Deus tivemos coragem e demos os passos. Hoje é muito mais fácil, pois temos a história concreta da Canção Nova, anos inteiros vividos assim

Deus permitiu que O colocássemos à prova, e nós o fizemos. Ele provou maravilhosamente a Sua promessa, cuidando de nós mais do que dos passarinhos e das flores do campo, quando nos abandonamos à Sua vontade.

Não tínhamos nada a ser a fé que gerou em nós uma enorme confiança. E Ele abençoou a cada um de nós com lindas experiências. Como por exemplo, temos dois fatos interessantes:

Já estávamos com a rádio. Jonas e Teresinha já tinham cedido um pedaço de terreno onde hoje a rádio está construída, mas morávamos em casas na cidade. Era difícil termos vida de comunidade porque ficávamos distantes uns dos outros.
Estávamos pedindo a Deus a graça de ter nossas casas. Adquirimos o terreno e queríamos muito construí-las. Senhor Valentin, da cidade de São Paulo, e sua esposa sabiam disso. Ele viajou para o exterior e quando voltou nos deu uns dólares que sobraram da viajem, dizendo:” Sei que vocês querem muito construir uma casa. Este dinheiro é para a construção. È no mínimo, mas fazemos questão que seja para a casa.”
Guardamos aqueles dólares sagradamente para a casa. Terminou aquele ano, e no ano seguinte, logo depois do Rebanhão (retiro aberto realizado nos dias de carnaval, na cidade de Cruzeiro), juntamos tudo o que tínhamos e mais os dólares. Eto, Luzia e Luiz Paulo foram a São Paulo para comprar material de construção: pias, vasos, material elétrico, azulejo, enfim todo material de acabamento. O dinheiro só deu para a entrada das prestações. E o material ficou guardado em Queluz, na Casa de Maria.
Dois dias depois da compra estourou o chamado Plano Cruzado. Por causa desse plano econômico, as prestações ao invés de aumentar diminuíam. Isso foi um milagre para nós. No decorrer do ano fomos pagando o material.

Já tínhamos o mais caro e o mais importante, então começamos a construção das quatro casas que estão em Cachoeira. Por que fizemos um sobrado? Porque nem imaginávamos que Deus nos daria toda chácara. Como tínhamos só uma faixa do terreno, não era conveniente espalhar mais casas porque iríamos precisar dessas áreas para outras construções. Então fizemos um sobrado.

Havia apenas um pedreiro e um servente, que trabalharam dois anos inteiros para levantar a casa. Foi feita no sacrifício, com dinheiro “pingado”. Dois anos depois, o Brasil já havia voltado às crises normais. Ninguém conseguia comprar nada. Nessa época começamos a colocar o material de acabamento. As pessoas ficavam admiradas: “Como é que vocês estão conseguindo?”. Mas Deus tinha guardado. Durante dois anos o material para nós. “tudo foi realmente um presente dEle.

Sempre tivemos necessidade de um carro maior por causa dos encontros. Quando fazíamos viagens, levávamos pessoas para gravar as palestras e todo o material de gravação em áudio e vídeo. Sempre pedimos para Deus esse carro, mas não tínhamos dinheiro. Passava ano e entrava ano, e nada de dinheiro.

Um padre alemão veio nos visitar. Esteve conosco uns quinze dias e gostou muito da comunidade e da missão. No final nos disse: “ Vocês têm muitas necessidades. Mas percebi que a maior delas é ter um carro grande. Vamos fazer um projeto para pedir um carro na Alemanha?” Ele chamou Luzia, pois era ela quem sempre fazia nossos projetos, e fez o pedido em alemão.

Passou certo tempo e chegou a resposta negativa. Aquele tipo de carro era caro demais, e eles não acostumavam fazer ofertas assim.

Quando chegou a época do Natal, Deus colocou no meu coração que queria dar para nós uma caminhonete. Acolhi e disse: “Se o Senhor quer dar, eu estou pedindo”. Interessante, antes que Deus quer dar, por isso fazemos o pedido. Ele está disposto a dar, então pedimos.

Os membros da comunidade me perguntavam o que gostaria de ganhar de presente de Natal. Eu dizia: “Uma caminhonete D20, cabine dupla, a diesel e carroceria grande para caber bastante matérial”. Só não falei que era azul. Eles riam, é claro.
Passou o Natal e não ganhei a caminhonete. Passou o Ano Novo e nada. Se as pessoas quisessem rir de mim, como fazem quando nosso time perde, teriam muito motivo para isso. Mas eu não estava decepcionado. Tinha dentro de mim uma certeza: Deus queria me dar a caminhonete no Natal.

Naquele tempo a minha secretária era a Fatinha. Entre as cartas que chegavam pelo correio, chegou uma do exterior. Fatinha veio correndo me trazer. Abri a carta : tinha todo aspecto de um Cartão de Natal. Pensei: “Quem teria se lembrado de mim no exterior?” Era realmente um cartão de Natal. Mas estranhei: em torno do cartão tinha colocado durex. Estava bem fechado. Tirei o durex com cuidado para não estragar o cartão e vi um cheque em marcos o dinheiro alemão. Disse imediatamente: “É minha caminhonete Deus está nos dando”.

Saí fazendo festa, contando para todo mundo: “Ganhamos a caminhonete” – sem saber quanto valia aquele cheque. As pessoas voltaram ao escritório para ver o projeto que tínhamos feito com o padre alemão, mas o endereço para onde tinha sido enviado aquele projeto não conferia com o do envelope. Eu, porém, tinha certeza de que era a caminhonete.

Três dias depois chegou um telegrama do padre alemão. Ele explicava rapidamente que tinha ido passar as férias na terra dele e convidara as pessoas da paróquia para fazer alguma coisa por nós. Eles foram muito generosos em suas ofertas naqueles dias antes do Natal. O padre juntou tudo o que eles tinham dado, transformou num cheque e mandou para nós. Ele não sabia se daria para o carro, mas tudo o que arrecadou, mandou pra nós.

Com aquele dinheiro compramos uma caminhonete D20 a diesel,cabine dupla e com carroceria ampla para carregar muito material para os encontros. A cor foi o acréscimo, mostrando a presença e a intercessão de Nossa Senhora : azul.