Despertar para a nova vida requer disposição
A chave de tudo é o ardente desejo do nosso coração de receber essa vida nova. Para recebê-la, basta-nos querer ser sepultado na morte com Cristo. Querer! “Eu não quero mais essa vida velha, já estou saturado, já estou cansado, já me é um peso levá-la.” Eu sei que esse desejo de uma vida nova existe no seu coração, mas o Senhor quer fazer com que ele ressurja dentro de você.
Que bom você não querer mais essa vida velha de pecado, de vício, que não lhe traz nada de bom, só canseira, morte e tristeza. Jesus está suscitando em você esse desejo de vida nova, e isso é ser batizado na morte com Cristo.
Mesmo nós que estamos em Cristo, infelizmente, vivemos uma vida rotineira. Já estamos acostumados com essa vida, já nos habituamos a tudo. Parece que já não temos mais ânimo, já não temos mais coragem e entusiasmo; não temos grandes pecados, graças a Deus, mas vamos nos arrastando naquela rotina, naqueles pequenos pecados e defeitos.
Os defeitos permanecem em nós, e nós erramos aqui e ali. Daí, a nossa irritação e impaciência, nosso orgulho e vaidade vão se transformando em pequenas e grandes mentiras, pequenas e grandes impurezas. E vamos vivendo uma vida mais ou menos, numa eterna mediocridade. Vamos, como diz a gíria, “empurrando com a barriga”. Alguns até mesmo ostentam uma vida de servo de Deus, de cristão perfeito, exercendo algum ministério na Igreja, mas, interiormente, estão presos à vida velha.
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Não aguentamos mais essa vida rotineira, medíocre. E que bom que você não aguenta mais! Que bom que você está enjoado, e é melhor ainda que sinta “náusea” diante dessa vida rotineira. Quando surge essa “náusea”, começa a brotar dentro de você um desejo de vida nova, de morrer com Cristo em Sua morte, para igualmente ressurgir com Ele para uma vida nova.
Se alguém segurasse sua cabeça dentro de uma vasilha com água, quanto tempo você conseguiria ficar sem respirar? Trinta segundos? Um minuto? O mais importante, no entanto, é pensar no que você desejaria, desesperadamente, durante esse tempo: o ar! É com igual desespero que você precisa desejar a vida nova.
O Espírito Santo quer operar a renovação do nosso batismo. Era assim que faziam os primeiros cristãos: durante a Quaresma inteira, os catecúmenos – os pagãos que haviam se convertido – preparavam-se para o batismo, para a vida nova.
“Então que diremos? Permaneceremos no pecado, para que haja abundância da graça? De modo algum. Nós, que já morremos ao pecado, como poderíamos ainda viver nele? Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova. Se fomos feitos o mesmo ser com ele por uma morte semelhante à sua, sê-lo-emos igualmente por uma comum ressurreição. Sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que seja reduzido à impotência o corpo (outrora) subjugado ao pecado, e já não sejamos escravos do pecado. (Pois quem morreu, libertado está do pecado.) Ora, se morremos com Cristo, cremos que viveremos também com ele, pois sabemos que Cristo, tendo ressurgido dos mortos, já não morre, nem a morte terá mais domínio sobre ele. Morto, ele o foi uma vez por todas pelo pecado; porém, está vivo, continua vivo para Deus! Portanto, vós também considerai-vos mortos ao pecado, porém vivos para Deus, em Cristo Jesus. Não reine, pois, o pecado em vosso corpo mortal, de modo que obedeçais aos seus apetites. Nem ofereçais os vossos membros ao pecado, como instrumentos do mal. Oferecei-vos a Deus, como vivos, salvos da morte, para que os vossos membros sejam instrumentos do bem ao seu serviço. O pecado já não vos dominará, porque agora não estais mais sob a lei, e sim sob a graça”, (Rm 6,1-14).
Vamos nos despertar para a vida nova! Deus abençoe este recomeço.
Artigo extraído do livro ‘Desperta, tu que dormes’, de monsenhor Jonas Abib.
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