Durante a homilia deste domingo monsenhor Jonas testemunhou sua amizade com padre Léo
Gosto dessa foto em que o padre Léo me abraça com ternura e embaixo tem a frase: “Não dá mais para voltar”.
Padre Léo já havia falecido quando apresentei o repertório do meu DVD, nele havia a música “Não dá mais Para Voltar”, ele já havia gravado essa música e apareceu durante a minha gravação a imagem do padre Léo cantando, quase morri do coração! No final da gravação eu disse que estamos unidos, e pedi a ele que rogasse por cada um de nós. “Padre Léo, até logo no céu!”
Foram muitos motivos que nos uniu, um deles é o Evangelho de hoje. Meu econtro pessoal com Jesus se deu com essa passagem. Numa noite, sozinho no meu quarto abri a Bíblia e caiu, justamente, nesta passagem de Mateus 16, para mim era Jesus me perguntando: “E vós quem dizeis que eu sou?”; a partir daquela noite minha vida mudou.
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Eu estava doente, no último ano de seminário e tive que sair por causa da doença, já não sabia mais se conseguiria ser ordenado. Como tinha muitas dores de cabeça não conseguia frequentar as aulas, mas estudei com a cabeça arrebentando de dor. Com os apontamentos dos meus colegas, prestei os exames orais. Um por um dos professores queriam saber se eu sabia mesmo. Não tirei as melhores notas, mas eram suficientes para passar. No dia 8 de Dezembro de 1964 me ordenei sacerdote.
Tinha um desejo enorme de levar o encontro pessoal com Jesus a muitas outras pessoas, comecei com pequenos encontros ia em todo lugar, organizava encontros de jovens, compunha, cantava. Os jovens se encontravam com Jesus e afirmavam ter tido uma “trombada” com Cristo. Padre Zezinho foi um dos que fez um dos encontros, e disse ali ter encontrado sua vocação com a juventude.
Sete anos depois tive a graça do batismo no Espírito Santo, no dia 02 de Novembro de 1971, que foi a segunda guinada da minha vida. Isso tive em comum com o padre Léo que pautou toda sua vida no encontro pessoal com Jesus e o batismo no Espírito Santo.
Padre Léo era tenaz, não fazia nada sem o batismo no Espírito Santo, em Bethânia, o diferencial foi sempre o batismo no Espírito, e através Dele que a transformação acontece. Agradeço a Deus porque temos isso em comum.
Padre Léo veio dar um encontro aqui em Cachoeira Paulista, estava em casa vendo pela televisão, quando ele chegou fiz festa parabenizando a ele dizendo que foi muito boa a palestra. Percebi que ele não estava concordando, disse que não estava bem, por isto não tinha feito bem a palestra. Quando estávamos nos levantando da mesa, padre Léo bambeou, só não caiu porque seguramos. Logo chamaram a ambulância levamos para o posto de saúde, quando cheguei ao hospital para vê-lo, graças a Deus os médicos tinham arrumado tudo. Colocaram todos os aparelhos na ambulância, estávamos com tudo pronto e os médicos disseram que se ele não melhorasse, os médicos interviriam.
Estavam medindo os sinais vitais, neste tempo conseguimos contato em São Paulo, fizeram o que puderam no hospital de Guaratinguetá, mas perceberam que precisavam de um socorro mais eficiente. Quando o Léo chegou ao hospital ao outro hospital, já o estava esperando. Estava próximo daquele amigo que me abraçou ternamente, e eu sorri. Naquele momento ele estava muito mal, não sabíamos o que ele tinha. Fez todos os exames e veio a constatação do câncer, para ele foi um susto.
Foi um longo calvário seu tratamento, quantas vezes nos encontramos e o quanto foi doloroso aquele Léo robusto, sempre resolvido em tudo, agora naquela situação convalido. Ainda assim ele não parou de trabalhar. Escreveu seis livros enquanto estava doente, tinha dificuldade em ler, por isto aumentava o tamanho das letras no computador para ir digitando e foi escrevendo um livro atrás do outro. No tempo em que esteve lá, se preocupava e não queria morrer sem que os livros ficassem prontos. Um exemplo lindo de um apóstolo que não para de trabalhar.
Um fato doloroso, mas glorioso, foi o aviso que o padre Léo estava muito mal. Imediatamente fomos a São Paulo, eu, Eto e Luzia. Imagine a dor do meu coração em ter que dar a unção no padre Léo. Eu estava com meu livro dos sacramentos e sabia direitinho onde estava a unção dos enfermos, mas abri o livro várias vezes para dar a ele a unção, mas não encontrava só abria o livro na parte do sacramento pelos enfermos em eminencia de morte. Dei o último sacramento a ele.
Poucas horas depois o médico disse que ele não passaria das sete da noite. Fiquei muito triste, era um amigo, um irmão que estava morrendo. São coisas dolorosas, mas grandiosas porque vivemos juntos.
Foi uma graça de Deus, celebramos a missa de corpo presente no rincão na Canção Nova onde ele gostava tanto de pregar. Já na cidade dele o corpo transladou a cidade no caminhão do corpo de bombeiros, me empurraram para ir em cima do caminhão com ele, pude ir ao lado do meu amigo.
Padre Léo, hoje mais que do que naquela noite, eu preciso dizer: “muito obrigado pela sua vida, muito obrigado pela sua morte. O senhor foi um excelente exemplo, obrigado por Bethânia, o senhor foi um exemplo. Imagino quantas coisas, o senhor e sua mãe, estão falando no céu. Rogue por nós, por Bethânia, pela Canção Nova, por todos aqueles que são tocados por suas pregações. Padre Léo, o senhor já está no céu, Deus quis assim e nós um dia vamos nos encontrar, esta é a certeza. Somos irmãos.
Padre Léo, nossa amizade é sólida porque é solidificada pelo encontro pessoal com Jesus e o batismo no Espírito Santo.
Padre Léo, até o céu!
Transcrição e adaptação: Rogéria Nair