“A oração é um trato de amizade com Deus”, ensina-nos Santa Teresa. Adorar a Deus em espírito e em verdade é fazer a experiência de buscar o Senhor por amor, reconhecer que já não podemos caminhar sem esse amor. Ele nos seduziu, atraiu-nos para Si, e agora é impossível viver sem o Seu amor.
Quando compus a música “Juras de amor”, meu coração estava inflamado de amor por Deus. Vivi a experiência do profeta Jeremias: o Senhor me seduziu! Minha alma e todo o meu ser não sabem fazer outra coisa senão amar a Deus. O coração dos adoradores não tem outra motivação para a oração senão o amor a Deus. É o amor a Deus que nos impulsiona, que nos move. Adorar é, portanto, um diálogo de amor. A adoração é um Dom de Deus e não um esforço nosso. O primeiro passo sempre é de Deus. É Ele quem toma a iniciativa de estar conosco, de relacionar-se conosco para estabelecer uma relação íntima, de amizade. Por isso, a adoração não só é um desejo do nosso coração, mas, mais do que isso, é um desejo de Deus.
Porém, o pecado original foi colocado em nós pelo demônio para contrastar tudo aquilo que Deus quis fazer de bom. O Livro da Sabedoria explica que foi pela inveja do demônio que o pecado entrou no mundo, e por inveja a nós, entraram a doença, a morte, a desgraça e tudo que de mal existe. Ele, invejoso daquilo que recebemos e que ele tinha perdido, fez de tudo para que não adorássemos o Senhor e colocou em nós, pelo pecado original, essa indisposição.
Não é que você não queira ou não saiba adorar. O pecado original trouxe a você essa indisposição para adorar e rezar. Mas você precisa combater essa indisposição. Mesmo indisposto, insista em adorar a Deus. Em geral, as pessoas acham que se adorarem quando estiverem indispostas estarão fazendo algo falso. Essa indisposição não é sua, mas resultado do pecado original.
Cada um de nós tem um coração de adorador que precisa ser trabalhado, desenvolvido para crescer no dom da adoração. Insisto, essa indisposição que você sente para não adorar não é sua. Este trabalho para crescer na adoração consiste num acolhimento da graça de Deus. Sim, é um dom que Deus quer nos dar pela ação do Espírito Santo. É preciso, em primeiro lugar, acolher o dom. O coração de adorador não é algo que compraremos com os nossos esforços, mas que vamos acolher com a nossa liberdade. É um exercício, contínuo e frequente, de todos os dias. É um trato de fidelidade e sinceridade com Deus. É um desejo de também demonstrar a Ele todo o nosso amor.
Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib
Trecho extraído do livro “Agora meus olhos Te viram!” do monsenhor Jonas Abib