Reino de Deus x Reino do mundo

Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela

Não é em vão que Deus diz no início: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela” (Gn 3,15a). Realmente, Lúcifer tem ódio da mulher e de Jesus. Não imaginava que Deus se fizesse Homem pobre e humilde, uma vez que O esperava chegando com glória, esplendor, impondo seu Senhorio e o colocasse ao lado d’Ele. Era esse o seu sonho, a sua ambição. Quando percebeu que o plano de Deus era outro, se pôs a perturbar: “Ele não vai implantar aqui o seu reino! Sou o príncipe deste mundo. Tenho um reino aqui. Ele me foi dado”. 

Ao contrário de nós, Deus, quando dá algo, não toma de volta, independente de qualquer coisa. Assim, ao constituir Lúcifer o príncipe deste mundo, não voltou atrás na sua escolha. Por isso, Lúcifer pôde dizer, e Jesus não contestou: “Tudo isso me foi entregue”. 

É importante saber que quem trouxe a dor, o sofrimento, a doença, a miséria, a fome, a morte para este mundo foi o demônio. Isso está na Sagrada Escritura, nos livros de Gênesis e da Sabedoria. “Pois, Deus não fez a morte nem se alegra com a perdição dos vivos. Ele criou todas as coisas para existirem; e as criaturas do orbe terrestre são saudáveis […]” (Sb 1,13-14). 

“[…] Foi por inveja do diabo que a morte entrou no mundo, e experimentam-na os que são do seu partido” (Sb 2,24). O pior é que o demônio é ladino: dá o tapa, esconde imediatamente a mão e aponta depois para Deus, levando muita gente a se perguntar: “Se Deus existe, se Ele é amor, como é que há gente na miséria, pessoas chorando de fome, crianças num leito de hospital? Se Deus é Deus, por que existem tantos desastres e desgraças? Por que pessoas queridas morrem? E por que há tantas doenças incuráveis?” Dizem ainda: “Se Deus fosse Deus; se Ele fosse amor, nada disso aconteceria. Não haveria violência, assassinatos, chacinas, guerras… Não haveria tanta morte”. 

Se há fome, miséria, pessoas pobres e miseráveis, vivendo em situação desumana, certamente isso se deve ao reino das trevas. O mesmo príncipe que oferece as coisas boas causa também toda essa desgraça. Ele implantou o sofrimento e a morte no mundo pelo pecado – São Paulo explica isso: “[…] A paga do pecado é a morte […]” (Rm 6,23). Ele coloca as pessoas no topo, exalta, e depois derruba, joga no chão e pisa em cima. Constrói para as pessoas castelos na areia para em seguida chutá-los. O demônio tem gosto em fazer isso. 

Os três pilares de sustentação da humanidade

Foto Ilustrativa/ Arquivo CN

Veja, por exemplo, o sofrimento de pessoas vítimas de doenças sexuais, como a Aids. Na verdade, não se está lutando apenas com uma doença, mas com aquele que Jesus chamou desde o começo de “o assassino”. 

Ele (o inimigo de Deus) sabe que Jesus é o Senhor e que tomará posse de tudo o que o Pai já lhe deu, dominando todo o universo. Por isso, faz de tudo para que não estejamos preparados para a vinda dele. Sabe que Jesus virá e será rei e Senhor de tudo e de todos. Assim, trabalha sem cessar para que seja mínimo o número dos que vão participar do seu reino e de sua glória. 

Precisamos conhecer bem as ideias e os propósitos do príncipe deste mundo, pois a guerra dele é justamente contra nós. Ele é assassino, portanto quer morte, chacina, miséria, desgraça, fome. É uma denúncia! Esses são os sinais do reino das trevas. Jesus disse que ele veio para “roubar, matar e destruir” (Jo 10,10). 

Acompanhe mais uma vez a leitura destes versículos: “O diabo o levou para o alto; mostrou-lhe, num relance, todos os reinos da terra, e lhe disse: ‘Eu te darei todo este poder e a riqueza destes reinos, pois a mim é que foram dados, e eu os posso dar a quem eu quiser[…]’” (Lc 4,5-6). 

Jesus não contestou, pois era tudo verdade. O rebelde, ao invés de usar todo esse poder para preparar a vinda do Filho de Deus e a implantação do reino de Deus na terra, proclamou: “É aqui que vou criar meus súditos. Aqui vou ter súditos que vão me seguir e implantarei o meu reino. Aqui o Filho de Deus não terá lugar”.

Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib 

Trecho extraído do livro “Céus novos e uma terra nova” do monsenhor Jonas Abib

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