O Senhor está nos chamando, somos convocados para sermos João Batista nos dias de hoje
“…a palavra de Deus veio a João, o filho de Zacarias, no deserto. Ele percorreu toda a região do Jordão, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados, como está escrito no livro dos oráculos do profeta Isaías: ‘Voz de quem clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as veredas para ele. Todo vale será aterrado; toda montanha e colina serão rebaixadas; as passagens tortuosas serão endireitadas, e os caminhos esburacados, aplanados. E todos verão a salvação que vem de Deus.” (Lc 3,2-6)
No Evangelho, não aparece muito claramente o que Deus falou a João Batista, mas este se sentiu impulsionado a ir aos lugares desertos e viver uma vida de oração e profunda penitência. Depois, Deus mandou que ele levasse oração e conversão a uma multidão de pessoas.
Foto: Wesley Almeida/CN
Quando se fala de João, aplica-se o que disse Isaías: “esta é a voz que grita no deserto, endireitai as veredas”. (Is 40,3-5)
Havia uma palavra técnica entre eles, que era “parusia”. Mas o que isso significava? Quando um rei queria ir a uma região, ele anunciava seu desejo e a parusia era declarada. Assim, a cidade a ser visitada precisava se preparar para a chegada do rei. Era preciso fazer uma estrada, porque era que não houvesse um caminho para tal lugar ou este estava tão esburacado, que era preciso refazê-lo.
Essa palavra técnica – parusia – não é usada na Bíblia como termo para uma estrada material, mas uma estrada que nos leva ao Senhor.
João veio exatamente declarar a parusia: “O Senhor quer vir, Ele está chegando! Preparai um caminho para o Senhor!”.
Minha vocação foi muito marcada por essa realidade. Eu nem tinha essas noções da vinda do Senhor, mas, quando fiquei doente e estava em Piquete (SP), caiu um livro em minhas mãos: ‘Um padre que se confessa’. Chamou-me à atenção o que o autor mostra, o que ele viveu para sua ordenação, ou seja, uma preparação para o caminho do Senhor, e para isso ele precisou viver o que João Batista viveu.
Aquilo me tocou muito. Despertou em mim aquela moção, a verdade teológica de que era preciso anunciar a segunda vinda de Jesus. Eu a aplicava a mim mesmo: “E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás à frente do Senhor, preparando os seus caminhos do Senhor” (Lc 1,76). Era uma ousadia naqueles tempos, mas era mais forte do que eu.
Fui para Lavrinhas (SP) e, depois, para Cruzeiro (SP), na festa de Nossa Senhora Auxiliadora. Sempre cantávamos na Missa! Mais tarde, quando desci do coro, na entradinha do colégio de Cruzeiro, vi uma fanfarra tocando e um rapaz alto e loiro que tinha um bumbo. Naquele instrumento estava escrito: ‘O começo do fim’. Aquilo me chamou muito à atenção.
Anos depois, quando eu morava com o Eto [Wellinton Jardim], contei isso a ele, desconfiado de que fosse ele o rapaz que tocava o bumbo. Ele me confirmou que era mesmo ele.
Veja os mistérios de Deus! Ele nos juntando para prepararmos a estrada para Sua volta. E tudo por um objetivo, a parusia. Não era uma brincadeira, era uma profecia.
Eu repito agora, para todos vocês, que este Ano da Misericórdia não é à toa, é profético.
“E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás à frente do Senhor, preparando os seus caminhos do Senhor” (Lc 1,76).
Assim como João Batista se esmerou, não viveu para si e se esforçou para preparar a vinda do Senhor, dois apóstolos de Jesus foram preparados por João Batista. A partir de André e João, os outros apóstolos foram chamados.
O Senhor está nos chamando, está nos convocando para sermos João Batista nos dias de hoje.
Naquele tempo, João levou o batismo e a conversão ao povo. Agora, também é preciso que mostremos a necessidade da conversão às pessoas e as levemos ao batismo no Espírito. O Paráclito preparará as pessoas para os tempos que virão. Neste tempos de miséria moral que vivemos, precisamos espalhar a misericórdia de Deus por todas as nações.
Diga comigo: “Eu fui convocado, é o tempo da misericórdia. Conte comigo, Senhor!”.
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