Monsenhor Jonas Abib fala de suas renúncias para viver a missão

Neste mês de dezembro, monsenhor Jonas Abib comemora seus 50 anos de sacerdócio e também o dom de sua vida, pois completa 78 anos no dia 21, e no dia 8 o seu jubileu sacerdotal. Ambas as datas serão festejadas durante o Hosana Brasil.

Em entrevista para a Revista Canção Nova, monsenhor compartilha conosco a expectativa para a celebração de seu jubileu de ouro sacerdotal e fala sobre as renúncias que teve de fazer para concretizar a missão de Deus na sua vida. Nesta entrevista, o padre também comenta a profecia que se cumpriu na Canção Nova: o Santuário do Pai das Misericórdias. Veja a primeira parte desta entrevista:

Revista Canção Nova – Qual a expectativa do senhor para a celebração de seu jubileu de ouro sacerdotal?

Monsenhor Jonas – Estou vivendo uma “ansiedade tranquila”. Ansiedade, porque é muita coisa, são 50 anos de sacerdócio, é uma vida inteira de preparação para minha ordenação. Então é muita coisa, muita vida.

Monsenhor Jonas Abib

Revista CN – O senhor sempre olhou diferente para as coisas, com um olhar de fé, com a sensibilidade de enxergar coisas que pudessem ser ensinamentos para o nosso dia a dia.

Monsenhor – A primeira vez que encontrei, na Bíblia, a passagem em que Moisés “ia como se visse o invisível” (Hb 11,27), identifiquei-me totalmente, porque a minha visão não é como a de um empresário, um empreendedor, mas de quem “vê o invisível”. Assim aconteceu com todas as coisas que Deus fez na Canção Nova. Era como se eu “visse o invisível” e, graças a Deus, tudo se concretizava. Para mim, a mais linda concretização de Deus é o Centro de Evangelização. O lugar era uma espécie de lago onde a Sabesp [Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo] soltava o restante de sua água e outros detritos.

Eu olhava para aquilo, para o formato daquela região, e dizia para as pessoas: “Isso aqui vai ser um estádio”. Sem dúvida, hoje, este espaço de eventos é uma concretização daquela visão que Deus me deu.

Revista – Foi difícil para o senhor deixar os salesianos para fundar a comunidade Canção Nova?

Monsenhor Jonas – Foi muito doloroso, porque eu sou salesiano, meu coração é totalmente salesiano. Inclusive, quando eu tive de conversar com o padre Fernando Legal – que depois se tornou bispo – sobre minha situação canônica, eu disse a ele: “Padre Legal, o trabalho que eu faço é totalmente salesiano”. Ele respondeu: “Eu vejo que seu trabalho é totalmente salesiano, mas não encontro lugar na estrutura salesiana”. Então, ele me aconselhou a não ficar na congregação, mas vir para o clero diocesano. E essa passagem para mim foi muito difícil. Foi como um “parto forçado”, antes do tempo, porque eu amava profundamente Dom Bosco e sua congregação. Porém, era preciso fazer isso para chegarmos ao que temos hoje.

Revista – Como foi para o senhor o retorno, quando a Canção Nova foi considerada Família Salesiana?

Monsenhor Jonas – Vou lhe contar mais um fato: quando fui, pela primeira vez, à Casa Mãe dos salesianos, em Roma, lá estava o padre Antônio Carlos Ferreira, que trabalhava com os escritos de Dom Bosco. Encontrando-me, perguntou: “Como vai a Canção Nova?”. E eu lhe dei uma resposta normal: “Ela vai bem”. Então, ele disse: “Não! A Canção Nova vai muito bem!”. E começou a descrever a comunidade como eu nunca imaginaria. Já no fim da conversa, ele me disse: “A Canção Nova não nasceu no ‘tronco’ da Família Salesiana; ela nasceu da raiz do carisma de Dom Bosco. Vocês são da Família Salesiana. Só que não depende de vocês querer isso, mas haverá um dia em que o reitor-mor (superior máximo dos salesianos) vai reconhecer isso. E mediante um decreto de reconhecimento, vocês se tornarão Família Salesiana. Palavras proféticas do padre Ferreira que veio a acontecer!

Revista CN – O senhor tem dito que tudo o que a Canção Nova viveu até hoje foi uma “introdução”, uma preparação para o que vai acontecer com o Santuário do Pai das Misericórdias. O que mudará?

Monsenhor Jonas – Vai mudar tudo e não vai mudar nada. O Pai das Misericórdias vai atrair muitos filhos. Muitos virão ao Santuário e, claro, à Canção Nova. Crescerá muito o número de pessoas que virão para cá, atraídos pelo Pai das Misericórdias. E virão principalmente as pessoas necessitadas, doentes, aflitas, que estão passando por tribulações. Não faremos nada de muito especial, não faremos uma propaganda: “Venha ao Santuário Pai das Misericórdias!”. Não! Ele vai atrair as pessoas para agraciá-las, atendê-las nas suas necessidades. Principalmente os “filhos pródigos”, aqueles que vivem em pecado, que estão fora da Igreja, que vivem uma vida errada. Pessoas virão, e o mais lindo é que elas serão atendidas, acolhidas e reconciliadas. Então, nós veremos acontecer o Santuário, a casa do Pai das Misericórdias que acolherá Seus filhos.

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Revista CN – Falar dos 50 anos de sacerdócio sem falar da experiência que o senhor teve com a Renovação Carismática Católica (RCC) seria impossível!

Monsenhor Jonas – Impossível sim.

Revista CN – O senhor testemunhou, certa vez, que até seu jeito de ser mudou, tornou-se mais simpático, sorridente, um padre muito próximo das pessoas. Isso tudo tem a ver, realmente, com essa experiência com a RCC?

Monsenhor Jonas – Tem realmente. Eu digo, inclusive, que era um padre antipático, mas a experiência do “batismo no Espírito Santo” fez com que tudo isso mudasse dentro de mim. A vivência do sacerdócio tornou-se totalmente outra, tornei-me pastor, próximo das pessoas, alegre, alguém que acolhe. Vou ser ousado: tenho muito ainda a conquistar, mas meu ingresso na Renovação Carismática Católica fez com que eu fosse um pouco mais de Jesus. Ela foi uma alavanca que me empurrou para frente. Eu quero ser cada vez mais Jesus para o povo, porque este precisa não de mim, mas de Jesus; o povo precisa de Jesus em mim.

Não perca, no próximo post, a continuidade desta entrevista que será exibida no dia 4 de dezembro.

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