Pois, agora, eu é que vou seduzi-la, levando-a para o deserto e falando-lhe ao coração.
Naquele dia – oráculo do Senhor –, ela passará a chamar-me “meu marido” e não mais de “meu Baal”.
Eu me casarei contigo para sempre, casamos conforme a justiça e o direito, com amor e carinho.
Caso-me contigo com toda a fidelidade e então conhecerás o Senhor. (Os 2,16.18.21-22)
Deserto vem do latim desertu, que significa desabitado, despovoado, solitário, em que não vive gente, lugar solitário, solidão. O povo de Deus caminhou pelo deserto por 40 anos. Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto. Vemos em outros textos bíblicos que Jesus sempre procurou ficar a sós para falar com Deus. O deserto do qual falamos aqui não é esse lugar desabitado, solitário, não é ausência de vida, não é cemitério de presenças que passaram, ou areia movediça que o vento arrasta e recolhe sem ordem, sem rumo. O deserto é o lugar do encontro: encontro com Deus e consigo mesmo. Ir ao deserto, parar, a fim de encontrar-se com a própria alma e com Deus, que fez dela Sua morada. Ver a Deus, viver em Sua presença, é o desejo profundo e persistente de toda alma. A solidão a chama, o silêncio a atrai, o deserto a conquista. Falamos de um deserto que vive, que pulsa, que canta. A presença do Deus vivo e três vezes Santo envolve e vivifica. O Espírito Santo nos leva a descobrir essa presença de Deus que nos chama a uma intimidade profunda e que quer se relacionar conosco.
O Espírito Santo nos leva a descobrir o caminho da verdadeira adoração, no qual reconhecemos os direitos soberanos que Deus tem sobre nós, no qual antecipamos na Terra o que vamos viver para sempre no Céu: viver na presença de Deus, cantar a Sua glória e o Seu louvor. Vivemos para testemunhar a glória de Deus. O Espírito ensina-nos a louvar e a amar a Deus. Não tenha medo de ir para o deserto como fez Jesus, não tenha medo da presença de Deus que nos seduz para vivermos com Ele, não tenha medo de tocar o Senhor. Deixe o Espírito Santo iluminar o seu interior para revelar a sua verdade e dissipar aquilo que não proclama Deus na sua vida. Deixe o Espírito Santo ajudar você a conhecer o Senhor.
Esse “conhecer” o Senhor não é apenas conhecê-Lo intelectualmente. Trata-se de uma experiência e um avivamento. O Senhor quer que tenhamos um avivamento. Talvez estejamos na situação daquela mulher hemorrágica ou da filha de Jairo (cf. Lc 8,40-52). Mas o Senhor chegou até nós. Ele não quer apenas que toquemos na barra do Seu manto, mas que O toquemos.
Ele disse: “E tu conhecerás o Senhor!” Estamos sendo convidados a conhecer o Senhor. Para um judeu, conhecer tem o mesmo sentido do experimentar de uma criança, que leva tudo à boca para sentir o gosto.
Deus o abençoe!
Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib
Trecho extraído do livro “Agora meus olhos Te viram!” do monsenhor Jonas Abib