Aceitar-se a si mesmo não é coisa fácil, é uma grande graça; e sabemos que necessitamos de uma vida inteira para estar em condições de realizar isso; mas essa graça acontece mediante a adoração. Quando Deus me toma para Si e me deixo ser tomado por Ele, sou capaz de aceitar a mim mesmo.
Quando Deus se aproxima tanto de mim a ponto de eu contar unicamente com Ele, então, frequentemente tão inoportuna, a proximidade das pessoas que querem alguma coisa de mim perde a sua importância, e o mesmo ocorre com as preocupações e os problemas que me perturbam e roubam a minha paz. Quando a presença de Deus impregna a minha pessoa, não existe lugar para mais nada dentro de mim, nada mais tem poder sobre mim. O Senhor assume o controle da minha vida.
Esquecendo a mim mesmo, alcanço a serenidade e cessa o rumor dos meus pensamentos e sentimentos, do meu temperamento, das vozes que me acusam. Assim, depois de uma longa procura, podemos encontrar a via de transformação, ou seja, o caminho de conquista de uma humanidade nova. Só encontra o caminho quem se prostra diante do mistério. A adoração é a experiência de prostrar-se diante do mistério de Deus. Quando nos prostramos diante do mistério de Deus, a nossa alma se acalma e sentimos que nosso desejo mais profundo foi realizado; que, finalmente, encontramos aquilo diante do qual podemos nos prostrar.
De fato, por toda a sua vida, o homem corre e procura alguém, para que, diante dele, possa se prostrar; que unifique e harmonize todas as suas forças; e que transforme e satisfaça todos os seus desejos e suas necessidades. Não sou eu, mas é o Senhor dizendo que a sua mudança pode acontecer pela adoração.
Quando adoramos, entramos numa nova dimensão. Não é uma questão de sair de si mesmo, entrar em transe, pelo contrário: na adoração somos centrados em toda a nossa realidade, começamos a ver o nosso interior na situação concreta em que ele se apresenta.
Deus o abençoe!
Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib
Trecho extraído do livro “Agora meus olhos Te viram!” do monsenhor Jonas Abib