O amor em gestos concretos une a família
A expressão “amai-vos uns aos outros” aplica-se maravilhosamente às nossas famílias. A única técnica que funciona é o amor em gestos. Essa é uma conquista a se fazer. Hoje, eu sei amar, porque aprendi com meu pai da Terra, seu Sérgio, e com meu pai “religioso”, Dom Bosco; aprendi com os dois.
O pai e a mãe não precisam ter grande instrução, serem ricos para fazer isso. Meu Deus do céu, como meu pai amava! Na sua simplicidade de pedreiro, quando recebia o ordenado que era curtinho, ele aparecia em casa no sábado ou domingo cedo com uma garrafa de vinho, então, ele colocava um copo de vinho para ele e o resto da garrafa misturava com água e açúcar e distribuía para todos nós.
Era a alegria da gente pobre em casa! Era o jeito de o meu pai mostrar amor. Ame e provoque amor! Todo filho gosta de presença. Gosta de uma mão na cabeça, de gesto, uma cama arrumada, um bilhete, flor, comida, do jeito de arrumar os pratos, de ficar junto e ouvir. Não são coisas que você está comprando que fazem a diferença.
Fui o primeiro neto do lado materno, a alegria da família. Vivia mais na casa do meu avô que na casa na casa da minha mãe. Naturalmente, meu avô me amava. Como mecânico, fez, de latão, um primor de carrinho para mim, parecido com os automóveis daquele tempo.
Meu outro avô era um homem de espírito elevado, ficava debaixo da árvore, no quintal, com os livros, orando, cantando, especialmente na Semana Santa. Morava na região de Piracicaba (SP) e era diácono na Igreja Maronita. Sabia acolher os rapazes vindos do Líbano, que vivia em guerra, para trabalhar no Brasil.
Na nossa família está nossa identidade. Eu sempre cultivei essas histórias e tenho alegria em relembrar o que vivi e me contaram. Acho que hoje sou um bom contador de histórias, porque convivi com pessoas que lutaram e fizeram de sua vida uma vitória.
Papa Francisco, de maneira maravilhosa, quer que valorizemos esse tesouro vivo. Ele nos diz que os idosos são aqueles que nos trazem a história, a doutrina, a fé e nos dão um legado. “A avó ensinou-me a rezar, e também a mãe; a outra avó fez o mesmo. A coisa mais importante é esta: os avós têm a sabedoria da vida”, afirmou em recente discurso.
Ame seu pai e sua mãe apaixonadamente, por amor de Deus e por você mesmo, da sua felicidade e realização. Somos egoístas, só pensamos em nós, somos uma ilha cercada de “eu” por todos os lados e “eu” no centro. Isso tem de mudar.
Por isso, cada um de nós pode decidir-se a amar. Amar é um ato de vontade e não simplesmente um sentimento. Eu posso, apesar dos meus sentimentos e emoções, optar por um gesto de amor. E aí está o grande segredo. Deus abençoe você e sua família.
Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib