Pela graça de Deus eu tive um verdadeiro pai. Ponho aqui toda a força da palavra “verdadeiro”. Meu pai não era um homem sem falhas, fragilidades e erros. Não. Mas foi sempre um verdadeiro pai.
Se você conhece e já leu o livro “Eu Acredito em Milagres”, que Gabriel Chalita escreveu sobre a minha vida, você já entendeu perfeitamente o que estou dizendo.
Papai era pedreiro, viveu desde menino uma vida muito dura. Fomos sempre pobres. Passamos por muitas dificuldades, não só financeiras. Mas eu, que sou o mais velho, meu irmão José Carlos e minhas quatro irmãs tivemos um verdadeiro pai.
Muito do que sou e faço, e até mesmo o meu jeito de ser, eu o devo a meu pai.
Sei que muitíssimas pessoas podem dizer a mesma coisa que eu. Tiveram um verdadeiro pai. Certamente você é uma dessas pessoas. Então podemos dizer juntos: ter pai é bom demais!
Preciso, porém, ser realista e admitir que nem todos tiveram a mesma experiência. Muitos sofreram duramente com o próprio pai. Muitos carregam graves feridas no coração por causa dos próprios genitores. Outros nem mesmo conheceram seu pai. Tudo isso é muito sofrido e atinge algo essencial em nossa vida: a necessidade de ter pai. Um verdadeiro pai. Nenhum pai é perfeito e não podemos nutrir essa ilusão.
Todo pai é humano e por isso é falho, frágil e comete erros, como o meu. Alguns cometem grandes erros. Mas é inegável: todos precisamos ter um verdadeiro pai. Por que nem todos têm essa feliz experiência com o próprio pai?
De olhos abertos para a realidade, sou obrigado a dizer que o mundo atual, que hoje tem sido regido por aquele que Jesus chamou de “o príncipe deste mundo” [maligno], tem roubado de muitos homens o maravilhoso dom da paternidade.
Todo homem que foi chamado a ser pai traz em si o dom da paternidade e esse dom vem diretamente de Deus, que Pai. O Pai por excelência.
O príncipe deste mundo, porém, manipulando as realidades daquilo que Jesus chamou também de “o mundo”, agride violentamente o dom da paternidade do qual todo pai é portador. Ou ele o sufoca e não o deixa vir à tona ou o arranca com violência e o rouba. Essa é a infeliz realidade com que nos defrontamos hoje. Daí tantas vítimas e todas as conseqüências que disso decorrem.
Preciso, porém, lhe dizer: esses pais acabaram sendo mais vítimas do que culpados. Eles precisam da misericórdia de Deus. Eles necessitam também da nossa misericórdia e do nosso perdão. Sei que não é fácil, especialmente para quem foi muito machucado por seu pai e talvez continue ainda sofrendo com ele. Mas não podemos negar: esse é o remédio. Dolorido, mas o único e grande remédio, pois todos nós queremos a transformação de nosso pai e, acima de tudo, a sua salvação eterna.
Na medida em que você precisa, QUEIRA perdoar e envolver de misericórdia seu pai. A chave está no QUERER, porque o Senhor é o primeiro interessado em lhe dar esta graça. O grande beneficiado será você mesmo. Portanto: não se fixe nos seus sentimentos. Queira e deixe o Senhor agir. Veja bem: não é sentir, é querer… e o Senhor agirá!
Essa é a grande chance para você nesse tempo: receber a graça de um coração novo e celebrar de maneira totalmente diferente o Dia dos Pais no próximo mês.
Ter pai é bom demais!
Deus abençoe você.
Monsenhor Jonas Abib