No tempo da grande perseguição romana contra os judeus, todos os governadores estavam perseguindo e “acabando” com os cristãos. São João foi preso em Éfeso; depois, mandado para realizar trabalhos forçados na ilha de Patmos, onde era feita a extração de cobre. É por isso que, quando ele escreve o Livro do Apocalipse, ele se intitula “vosso companheiro de tribulação”. Era de lá, nessa ilha, que este grande apóstolo, mesmo correndo risco de vida, mandava os trechos do Apocalipse para um dos discípulos, e este os passava para outros, em sigilo. Dessa forma, esse grande santo da Igreja se torna uma fortaleza para outros cristãos que também estão sendo perseguidos.
“Escrevo isto a respeito dos que procuram desencaminhar-vos” (I Jo 2,26). Além das perseguições externas à Igreja, naquele tempo também começaram as heresias, pois o inimigo percebeu que o sangue dos mártires não estava conseguindo acabar com o Cristianismo; ao contrário, estava fortalecendo os cristãos. Por outro lado, os que não aguentaram a perseguição, começavam a desanimar e, assim, eles incentivavam seus irmãos a desanimar também.
Nesse tempo, começam a surgir as heresias para minar a Igreja por dentro, causando uma “hemorragia interna” nela. Essas heresias são erros contra aquilo que os apóstolos ensinaram, contra aquilo que Cristo nos ensinou. É por isso que São João nos apresenta, por diversas vezes, o verbo “permanecer”. Uma coisa que nos parece estranha e que João nos diz:”Quanto a vós mesmos, a unção que recebestes da parte de Jesus permanece convosco, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine. A sua unção vos ensina tudo, e ela é verdadeira e não mentirosa. Por isso, conforme a unção de Jesus vos ensinou, permanecei nele” (I Jo 2,27).
João diz que tudo o que eles aprenderam no começo, quando tiveram a conversão e foram batizados no Espírito Santo, os deixou cheios da unção do próprio Cristo. Todos os primeiros cristãos, naquela época, usavam os dons; era coisa comum entre eles. Pena que, hoje, na Igreja, muitos cristãos não queiram saber disso. Na necessidade dos nossos tempos de hoje, para a Igreja poder aguentar a perseguição externa e as heresias que estão surgindo, ela precisa do Espírito Santo e de homens e mulheres que, tendo os dons, os usem para evangelizar e tornar outras pessoas também cheias do mesmo Espírito.
Grandes pregadores e escritores que falam sobre o derramamento do Espírito nos têm mostrado que, se nós não nos abrirmos à graça do batismo [no Espírito Santo de Deus] e aos dons, a Igreja sofrerá muito.
São João nos coloca com os “pés no chão” e nos mostra que a nossa missão é a mesma de João Batista. O precursor também foi cercado e teve de dizer que era a voz que “gritava no deserto”, e que veio preparar o mundo para a primeira vinda de Jesus Cristo. João Batista já vê, naquele tempo, o anticristo. Por essa razão, nós também precisamos dizer que a nossa missão é preparar o caminho do Senhor. Não nos sentindo egoístas, porque temos a unção e vamos ser arrebatados, mas como missionários, como João que, reunindo os discípulos, conversava com eles e escrevia para que outros cristãos, que não estavam em Patmos, pudessem ler.
Por intermédio de João Evangelista e de João Batista, o Senhor nos põe com os “pés no chão”. Eu quero viver assim. Eu sou pequenininho, mas quero seguir Jesus, permanecer com Ele. Quero ser cristão de fibra! Quem quiser ser cristão assim, siga-me, porque, na verdade, estou seguindo Jesus e lutando para permanecer n’Ele. Que assim seja com você!
Deus o abençoe!
Monsenhor Jonas Abib