Com fé e destemor, padre Jonas Abib perseguiu seus ideais

Jovens, quais são os seus ideais? Realizar-se profissionalmente? Formar uma família? Fazer uma faculdade? Conquistar novos amigos? Conhecer coisas novas? Entregar-se a Deus numa vocação específica?

O aventureiro Jonas Abib também tinha seus sonhos e ideais; para conquistá-los, ele venceu o medo e arriscou-se. Como ele mesmo diz: “Cada um deve seguir o impulso da sua vocação, por mais dura e complexa que ela seja”.

Padre Jonas, desde muito cedo, aventurou-se nos caminhos de Deus. O jovem, assim como tantos outros, também teve medo de trilhar caminhos novos e renunciar a várias coisas para dizer ‘sim’ ao Senhor. Mas ele não parou nos desafios. Com 12 anos de idade, adolescente ainda, já sentia o chamado para ser padre. Desde a gestação de sua mãe, ela o consagrou a Dom Bosco, pois teve muitas complicações durante o parto. Dom Bosco sempre esteve presente na vida dele.

No livro ‘Eu acredito em milagres’, monsenhor relata: “Lá estava eu, agora sem ninguém da minha família, no Seminário Salesiano, em Lavrinhas (SP), uma pequena cidade incrustada na Serra da Mantiqueira. Local de muitos dias ensolarados, cheios de paz e cores. Lá estava eu com minhas lembranças de menino, com meus sonhos e com tudo o que, dentro de mim, se anunciava como futuro”.

Como todo adolescente, o futuro padre via-se com seus sonhos e suas metas a serem alcançados, com os desafios de cada escolha e a responsabilidade que isso lhe acarretava. Ele relata os seus desafios, as saudades próprias e as renúncias que teve de fazer: “Pensamentos vagavam pela minha cabeça. Pensava no meu quarto, em São Paulo, lembrava-me do beijo da minha mãe, de suas lágrimas no momento da despedida. Minha mãe! Nossa convivência havia sido sempre tão intensa, mas agora passaria a ser esparsa. Com certeza, demoraria a reencontrá-la. A saudade ia aumentando. As cenas passavam pela minha mente como numa tela de cinema. Momentos de sofrimento. Momentos de ternura. Tudo isso fazia parte de mim, estava inexoravelmente dentro de mim. Chorei de saudade. Abracei a mim mesmo e a minha carência juvenil. Pensei no sonho. Ser padre para servir a Deus, para ser bom, para cuidar dos homens. Sorri. Dormi”.

O jovem traz em si o desejo e o sonho de realizar-se com algo, com alguém. E que aventura Jonas passou na sua infância e juventude! Saiu tão novo de casa para ir em busca de um ideal, de algo que ele já aspirava: ser padre e fazer a vontade de Deus. E tantas outras coisas ele almejou durante a vida, objetivos que foram sendo traçados em sua caminhada de fé.

Padre Jonas com 26 anos na casa de seus pais

No tempo em que ficou em Lavrinhas, Abib começou a interessar-se pela música. Lá, ele vazia aulas de música e aprendia a ler partituras. Tudo isso foi encantando o seminarista que viria, depois, a cantar uma canção nova para o Senhor. No dia 22 de novembro, festa de Santa Cecília, padroeira da música, Jonas fez um pedido a Jesus, na hora da bênção do Santíssimo: “Jesus, se a música for útil para o meu sacerdócio, ajude-me a aprendê-la”.

Ousado na fé e nos desejos do seu coração, logo o seu pedido foi ouvido por Jesus. O padre encarregado do coral disse que havia vagas na banda. Quem quisesse participar deveria trazer, por escrito, qual instrumento queria tocar. Monsenhor Jonas Abib escolheu tocar requinta. Fez o teste e passou. Ao mesmo tempo, padre Júlio o convidou para entrar no coral, para cantar no Natal que se aproximava. Lá foi Abib, de novo, fazer o teste. E não foi que passou como contralto?!

Como passavam as férias no seminário, padre Júlio anunciou as vagas para aprender piano. Jonas não ficou de fora, fez a inscrição e passou. Depois de um tempo, foi percebendo que Deus havia ouvido o se pedido e o levado muito a sério. Hoje, vemos o que foi a música na vida daquele seminarista que não imaginava onde Deus iria levá-lo.

Quando criança, Jonas sofreu de gagueira por um tempo. No seminário, voltou a gaguejar. Como ele mesmo disse: “Certamente, por falta da família, porque em casa éramos muito unidos. Claro que aguentava firme, pois queria ser padre. Mas sentia muita saudade e gaguejava bastante”. Para superar a gagueira, Abib aprendeu que se treinasse a fala, se lesse em voz alta, corrigiria o problema. E outra: o gago, quando canta, não gagueja. Ele também pegava os livros de música e ficava solfejando, cantando as notas. Quanta garra esse menino teve! Mesmo diante das limitações, não estacionou nos seus ideais.

Além disso, depois do curso de Filosofia, também fez Pedagogia. Deu aulas de música, de história, até de matemática. Padre Jonas já era mestre de banda, mestre de coral e tocava piano. Foi formado pelo padre Alcides Pinto, de Cruzeiro (SP), que se tornou seu colega, parceiro na música. Padre Alcides fazia as letras e o padre Jonas as músicas.

Os salesianos sempre incentivaram os seminaristas a praticar esportes. Monsenhor, quando jogava futebol, sempre ficava no gol; naquele tempo, jogavam futebol de batina. Também jogavam vôlei e ganhavam muitos campeonatos. Corria bastante e saltava muito bem. Além disso, Jonas participou de festivais, onde já compunha; inclusive, ganhou um concurso de música. Em Lavrinhas, também aprendeu a nadar. Por serem entre 120 a 140 jovens, banho de chuveiro era muito difícil por lá! Tomavam banho em um tanque grande, que era uma piscina. Nos dias de frio, não tinha jeito! Com isso, aprendeu a dar boas braçadas na água.

Como o monsenhor sempre aspirou o sacerdócio, um fato marcante na sua vida de seminarista foi receber sua primeira batina no dia 19 de março, festa de São José, no Liceu Coração Jesus de Jesus, em São Paulo (SP).

Assim como o jovem Jonas Abib superou tantas coisas na vida, abriu-se aos dons e não parou nos desafios e nas decisões que precisou tomar, você também não pode temer os desafios. Em vista daquilo que almejava, depois de todas as dificuldades pelas quais passou, hoje, temos junto de nós um grande homem, um grande sacerdote: monsenhor Jonas Abib. Ainda com alma juvenil, a todo momento ele está em movimento, deixando-se ser conduzido pelo Espírito Santo.

Por Jakeline Megda D’Onofrio
Comunidade Canção Nova

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