Fomos marcados por um conceito de Acreditar nas verdades que a Igreja ensina é uma consequência da fé.
Ao ler os Atos dos Apóstolos, vemos que ia de cidade em cidade pregando o Evangelho. Em todos os lugares, ele deparava com incompreensão, fofocas, perseguição e era sempre levado aos tribunais. Muitas vezes, foi condenado; apanhou e foi apedrejado.
Quantas vezes o apóstolo saiu das sinagogas apanhando… Mas em quem Paulo confiava? Em Deus! E porque confiava em Deus, apesar de toda perseguição, ia em frente. Inspirado por Deus, ele foi para Jerusalém, pois queria expor a seus irmãos o que lhe havia acontecido. Queria contar-lhes sua conversão e pregar o Evangelho. E o que aconteceu? Seus próprios irmãos, sacerdotes do Deus vivo, se opõem a ele e o levam à prisão. Assim relata o livro dos Atos dos Apóstolos:
No dia seguinte, resolvido a saber com certeza de que os judeus acusavam Paulo, o tribuno mandou tirar-lhe as correntes; depois ordenou uma reunião dos sumos-sacerdotes com todo o Sinédrio, e mandou Paulo descer para que comparecesse perante eles. Com os olhos fitos no Sinédrio, Paulo declarou: Irmãos, é com uma consciência livre de qualquer remorso que eu procedi para com Deus até este dia. Mas o sumo-sacerdote Ananias ordenou aos seus assessores que lhe batessem na boca (At 22,30.23,1-2).
O sumo-sacerdote estava ali para julgar. O réu tinha todo o direito de se defender. O apóstolo dos gentios começou dizendo: Irmãos, é com uma consciência livre de qualquer remorso que eu procedi para com Deus até este dia. Mas Ananias, sumo-sacerdote, mandou os que estavam a seu lado que lhe batessem na boca. Incrível: Paulo estava diante de quem? Diante do sumo-sacerdote: o representante de Deus no meio do povo.
Paulo lhe disse então: ‘É a ti que Deus vai ferir, parede caiada! Tu te sentas para me julgar segundo a Lei e, sem consideração à Lei, ordenas que me batam?’ Os assessores o advertiram: Tu insultas o Sumo Sacerdote de Deus!’ (At 23,3-4).
Na verdade, Paulo não sabia que se tratava do sumo-sacerdote (havia muito tempo estava fora de Jerusalém), por isso o chamou de hipócrita. Quando o soube, humilhou-se e disse:
Eu não sabia, irmãos, respondeu Paulo, que ele era o sumo-sacerdote; de fato, está escrito: ‘Tu não insultarás o chefe do teu povo’ (At 23,5).
Até as últimas consequências, o apóstolo dos gentios confia unicamente em Deus. Sua fé o faz agir corajosamente.
Como Paulo, temos de confiar exclusivamente em Deus, fundamentados numa fé que nos garante que nossa segurança está n’Ele. Todos, neste mundo, falham: marido, esposa, pai, mãe, filho, sacerdote, bispo… As pessoas nas quais mais confiamos e que mais amamos são humanas e, por isso, falham. Não é que vamos deixar de acreditar nelas. O problema é que, se depositamos nossa confiança apenas em pessoas e, pior, se achamos que elas não erram e não decepcionam, vamos viver de frustração em frustração.
Em Deus está nossa confiança! Quantas esposas se apóiam totalmente em seus maridos. Esquecem que eles são de carne e osso e falham. Consequentemente, as esposas se decepcionam. O mesmo pode acontecer com os homens: se depositam sua confiança na esposa, no trabalho, nos negócios… logo vem a decepção!
Quantas pessoas confiaram unicamente no padre, na religiosa, esquecendo-se de que são pessoas e podem errar. É necessário que caminhemos com elas, porém, nosso apoio está em Deus.
Precisamos reavivar nossa fé. Não é simplesmente acreditar em algumas verdades: é confiar em Deus. Confiar naquilo que Ele é. Não posso confiar em Deus somente se Ele me curar, se resolver meus problemas… Devo confiar no Senhor incondicionalmente: se não obtive a cura desejada, devo continuar confiando n’Ele. Busco, amo e confio em Deus por causa d’Ele, e não pelos benefícios que isso possa me oferecer.
Muitas vezes o Altíssimo faz maravilhas em nossa vida. Ele melhora situações econômicas, reconstrói casamentos, cura doenças… Mas, infelizmente, muitos apóiam sua fé apenas nisto: creem somente se o Senhor fizer o que desejam. Não é assim! Temos o exemplo de Paulo que só teve decepções com seu povo e com o sumo-sacerdote, mas, ainda assim, continuou confiando em Deus. O alicerce de sua fé não estava nas pessoas, mas unicamente em Deus. Por isso não se decepcionou.
Trecho do livro