A aridez espiritual nos ajuda na conquista da humildade
A vida espiritual também é permeada por secura, tempo de aridez, falta de gosto, solidão e desânimo. Nesses períodos, somos privados das consolações sensíveis e espirituais, e isso, mesmo que não entendamos, favorece o nosso crescimento na vida de oração e na prática das virtudes.
Apesar de muitos esforços e de disciplina na vida espiritual, a pessoa não sente gosto pela oração; ao contrário, experimenta-se nela o cansaço, o desânimo, a ausência da presença de Deus, como se Ele tivesse se esquecido de nós e o tempo parecesse não ter fim.
Poderíamos dizer que a fé e a esperança estão adormecidas. A alma parece estar envolta numa espécie de torpor. É um tempo penoso quando não se experimenta a alegria. Também, neste tempo, Deus trabalha em nós. Jesus mesmo disse que “o Seu Pai continua trabalhando”.
O Senhor age sempre a nosso favor e, como já dizia o apóstolo Paulo, “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus”(Rm 8,28).
Este tempo de seca nos ajuda a nos desprendermos de tudo o que não proclama o senhorio de Jesus em nossa vida, ensina-nos e educa a buscar Deus por aquilo que Ele é, não por aquilo que Ele pode nos oferecer.
Santa Elizabete da Trindade, grande mística carmelita, dizia: “É preciso deixar tudo para abraçar Aquele que é o Tudo”.
A aridez espiritual nos ajuda na conquista da humildade, faz-nos entender que tudo vem de Deus e em tudo dependemos d’Ele. O amor do Pai para conosco é puramente gratuidade.
Esse tempo penoso nos faz compreender que Ele é o Senhor dos dons e os distribui segundo a maneira que lhe apraz. Não somos nós que devemos ditar as ordens para Deus, Ele é o Senhor, Ele é Deus, Ele é livre e nós somos seus servos. Assim, o Senhor nos purifica. Sofre-se muito, mas este é um sofrimento redentor.
Aprendemos a servir ao Senhor sem gosto para fazê-lo. Aprendemos a buscá-Lo em todos os momentos, aprendemos que nossos olhos devem estar fixos n’Ele. Assim, Deus robustece nossa fé, impele-nos a não desistir na busca da prática do bem e nos ensina o caminho da constância, como ocorreu com Santa Teresa, a qual, durante anos, teve dúvidas da presença de Jesus na Eucaristia, mas, nem por isso, deixou de fazer a Adoração Eucarística.
É por meio desse exercício que se fortifica a virtude. Costumo dizer para os meus filhos na Canção Nova: “10% é inspiração e 90% é transpiração”.
Deus o abençoe!
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova
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