Para alçar voo não basta ter asas, é preciso ter a capacidade de voar
Certa vez, Luzia estava na capelinha da Rádio Canção Nova em oração quando veio a ela a imagem, como Palavra de ciência, de uma gaiola com a portinha aberta e vazia. Em seguida, outra imagem: uma mão e um passarinho pousado sobre ela.
O passarinho estava acuado, tímido, totalmente encolhido. Luzia olhava do passarinho para a gaiola com a portinha aberta; em seguida, veio a ela outra imagem que mostrava que aquela mão não acolhia o passarinho: ele estava ali, mas a mão parecia indiferente a ele. Ele estava tímido, totalmente parado.
Então, veio ao seu coração o que o Senhor lhe dizia: Luzia, você tem asas para voar, para alçar voo. Eu fiz você para voar, para as alturas. Suas lágrimas corriam, porque ela se sentia muito presa em si mesma, especialmente em seus afetos.
Foi quando, na imagem, o Senhor deu um sopro e disse: “Voa, passarinho”. E esse passarinho alçou voo. O sopro da vida divina levou o passarinho a fazer aquilo que ele tinha de fazer, porque ele nascera para voar. Ele não podia ficar na gaiola, porque o Senhor já o libertara, mas tampouco podia permanecer nos apegos temporais desta vida, porque precisava alçar voo. Esse passarinho sou eu, é você, somos todos nós.
Diga para si mesmo: Esse passarinho, que sou eu, tem o Espírito Santo dentro de si. “Eu tenho o Espírito Santo dentro de mim para alçar voo, para me alçar às alturas. Eu preciso voar não apenas porque tenho asas, mas porque tenho dentro de mim o Espírito Santo”.
É isso que nós precisamos viver, por isso devemos repetir: “Desperta, tu que estás dormindo, levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará” (Ef 5, 14).
O passarinho da imagem que veio ao coração de Luzia é você, sou eu. E, se fosse necessário, como você descreveria esse passarinho? Morto, desanimado, sem vida, sem força e sem cor? Adormecido? Desperta, tu que dormes!
Para alçar voo, não basta ter asas, é preciso ter a capacidade de voar, e quem nos dá essa capacidade é o Espírito Santo, que vive em nós e nos dá forças para alçar voo. O que acontece é que, muitas vezes, nós não mexemos as asas.
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
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O Espírito Santo me dá a capacidade de voar, de me alçar às alturas, de alcançar os píncaros mais elevados, como uma águia, mas, para que isso aconteça, eu preciso mover as asas. Se eu não as movo, embora o Espírito Santo esteja em mim, eu não voo não atinjo as alturas, e o Senhor quer que eu voe.
É por isso que a Palavra de Deus nos diz: E, se o Espírito daquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos habita em vós, aquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós (Rm 8,11).
Jesus nos disse: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Eu sou prova disso. Já fui tuberculoso e hoje tenho muito mais vida, muito mais saúde. Hoje, sinto-me muito mais cheio de vida do que há vinte, trinta anos.
Isso não quer dizer que eu não trabalhe, que eu não passe por sofrimentos, dificuldades e problemas. A nossa vida na Canção Nova é um arrocho, uma tensão contínua. Como Eto (Wellington Silva Jardim, meu amigo e companheiro de missão) gosta de dizer, nós vivemos resolvendo problemas: de pessoas, de situações econômicas, da comunidade, da televisão, do rádio e de todo o sistema de comunicação.
A maioria das pessoas trabalha de 8 a 10 horas por dia, depois volta para a casa, para a vida familiar. Nós, na comunidade, trabalhamos de domingo a domingo continuamente. De segunda a sexta-feira temos expediente normal; no fim de semana, trabalhamos em encontros, acampamentos e retiros. Não há um dia de folga. E a nossa vida continua.
O mais interessante é que os problemas continuam a surgir mesmo no fim de semana. Sempre surgem imprevistos nos eventos que organizamos, situações que precisam ser resolvidas. Muitas vezes, atendemos pessoas da comunidade, funcionários, vocacionados e pessoas das outras frentes de missão que vêm até nós pessoalmente ou por telefone. E estamos sempre resolvendo problemas, enfrentando situações pelo Reino de Deus.
Dando o meu exemplo e o da Canção Nova, não estou tentando diminuir você. Sei que você também enfrenta constantes problemas, que acorda já com a cabeça quente por causa do que tem de resolver durante o dia. Você enfrenta diversas situações, carrega problemas durante o dia todo e vai dormir com eles; muitas vezes, sequer dorme devido às preocupações: apenas cochila, enquanto pensa em tudo que precisa resolver.
Olhe o passarinho que está parado em sua mão, como na imagem da Luzia, mortiço, acabrunhado, abatido, encolhido e tímido. Diga para si mesmo: Eu sou esse passarinho, que tem o Espírito Santo dentro de si. O que lhe falta, passarinho? Falta-lhe mexer as asas. Mexa-as, passarinho, porque há vida borbulhando dentro de você. Alce voo, passarinho! Você pode voar além dos seus problemas, pode ser cheio de vida.
Artigo extraído do livro ‘Desperta, tu que dormes’, de monsenhor Jonas Abib.
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