Existe um resto de homens e mulheres, sucata de jovens que Deus quer para Si
“Depois de longa discussão, Pedro levantou-se e falou: “Irmãos, vós sabeis que, desde os primeiros dias, Deus me escolheu dentre vós, para que os pagãos ouvissem de minha boca a palavra da Boa Nova e abraçassem a fé. Ora, Deus, que conhece os corações, lhes prestou uma comprovação, dando-lhes o Espírito Santo como o deu a nós. E não fez discriminação entre nós e eles, mas purificou o coração deles mediante a fé” (At 15,6-9).
Esse foi um momento chave dentro da história da Igreja, quando quase aconteceu uma cisão. Logo no começo, a Igreja já correu esse risco, pois o diabo – Diabolos, o “divisor” – queria dividí-la.
No início, os apóstolos levavam o Evangelho apenas aos judeus, iam às sinagogas e pregavam Jesus aos seus irmãos, anunciavam que Ele realizava todos os anseios e cumpria todas as profecias. Então, era hora de se converterem, pois se eles O crucificaram, e o Pai havia ressuscitado e eles eram testemunhas disso.
A Palavra chega aos não judeus
De repente, aqueles que foram dispersos para outros territórios, por causa da perseguição aos cristãos, chegaram a Antioquia e começaram a pregar a Palavra de Deus. O impressionante é que os pagãos abraçaram a fé muito mais fervorosamente, com mais afinco do que os judeus. Eles eram batizados no Espírito Santo e todos os dons atuavam neles. Isso era demais para a cabeça, para o entendimento daqueles judeus.
Então, a Igreja, que estava em Jerusalém, mandou Barnabé, um homem considerado entre eles, à Antioquia. Quando ele chegou lá, naquele meio pagão, viu as graças que Deus havia concedido aos pagãos eram verdadeiras.
Viu também que teria muito trabalho; primeiro, porque aqueles pagãos tinham uma sede grande de Deus, muito maior do que os seus irmãos judeus. Segundo, havia muitos outros pagãos que queriam receber a Palavra do Senhor.
Ele viu e se lembrou de Saulo e de toda sua fúria. Lembrou-se que Saulo, indo a Damasco, caiu do cavalo e foi mandado para Ananias, que fez o que o Senhor havia mandado. Mesmo temeroso, Ananias impôs as mãos sobre Saulo e este ficou cheio do Espírito Santo, recuperou a vista e começou a pregar que Jesus era o Cristo.
Foto: Daniel Mafra/CN
Barnabé e Saulo
Barnabé foi a Tarso à procura de Saulo. Ao encontrá-lo, pegou-o e o levou à Antioquia. Lá passaram um ano inteiro pregando juntos. E foi maravilhoso o que aconteceu entre os pagãos.
Depois de um ano, havia muitos profetas entre eles. Um dia, durante a celebração, o Espírito Santo disse: “Separei para mim Saulo e Barnabé, afim de realizarem a obra para a qual eu os chamei” (At 13,2). Saulo e Barnabé foram de cidade em cidade pregando o Evangelho aos pagãos. Os resultados foram maravilhosos!
Daí que, os judeus que se tornaram cristãos, tinham uma ideia de que não deveria ser assim, mas que primeiro os pagãos tinham que se tornar judeus, circuncidados, aprender a lei de Moisés, para depois se tornarem cristãos.
Eles não aceitavam que aqueles pagãos que não conheciam tanto da escritura quanto eles, pregassem, batizassem no Espírito Santo e realizassem milagres e prodígios.
O primeiro Concílio da Igreja
Começou a haver divisões entre eles, então os apóstolos fizeram o primeiro Concílio da Igreja, o qual vemos em Atos, capítulo quinze. Foi difícil, porque acusavam Paulo e Barnabé de pessoas irresponsáveis, como se não estivessem fazendo o que era certo.
A coisa só teve solução, porque Pedro havia passado por uma experiência muito forte com o Senhor, que havia lhe dado uma visão. Na hora em que alguns homens batem à porta deste apóstolo, pediram-lhe que fosse à casa de Cornélio, um homem pagão, centurião da corte chamada Itálica, mas religioso e temente a Deus. Pedro, temeroso por causa da visão que Deus havia lhe dado, foi junto aos homens ao encontro de Cornélio.
Havia uma multidão fora da casa esperando por alguma coisa. Estavam desejosos de algo, mas não imaginavam o que era. Havia lá uma multidão de pagãos.
Pedro lhes falava sobre Jesus, mas antes que terminasse seu discurso, o Espírito Santo caiu sobre a família de Cornélio, sobre seus servos e soldados, e todos os que estavam ali começaram a orar em línguas (cf. At 10,9-48).
Por causa disso, Pedro disse: “Podemos, por acaso, negar a água do batismo a estas pessoas, que receberam, como nós, o Espírito Santo?” (At 10,47).
Agora, não eram mais Saulo e Barnabé, mas era Pedro contando tudo no Concílio de Jerusalém, e ninguém teve nada mais a dizer (cf. At 15,12).
Tiago, que primeiro estava a favor dos judeus, também perplexo dos pagãos sendo batizados e usando dos dons do Espírito Santo, agora ficou a favor de Pedro e dos pagãos que receberem o Espírito Santo (cf. At 15, 13ss).
Veja também:
:: O missionário Barnabé
:: O mundo precisa de profetas do Espírito Santo
:: Como o leigo pode ajudar na evagelização
Somos “o resto” como aqueles pagãos
Meus irmãos, isso está acontecendo hoje. Nossos olhos estão vendo coisas que nossos antepassados não viram. Somos uma geração abençoada. Sim, o Senhor está reedificando nossa casa, levantando-a de novo.
Você se lembra da Palavra na qual o rei mandou fazer um banquete para seu filho, mas os primeiros convidados não foram, deram desculpas? Então, os empregados do rei chamaram os que estavam nas ruas, os cegos, coxos e mendigos. (cf. Lc 14,16-24).
Gente, nós não somos os primeiros convidados, mas sim os aleijados e cegos. O Pai foi nos pegar na rua, e ainda hoje vemos continuamente pessoas sendo pegas por Deus. Muitas delas não tiveram catequese, alguns até receberam uma catequese no colégio religioso, mas não foi suficiente. Não conheciam Jesus, então foram se afundando. Mas, de repente, Deus foi buscá-los.
Somos as maiores testemunhas do que Deus está fazendo. Ele está reedificando as ruínas da tenda de Davi.
O poder transformador do Espírito Santo
O Espírito Santo vem sobre a vida das pessoas e as transforma. Sem passar por cursos, sem teologia nem catequese, sem caminhada de evangelização, a vida delas é transformada pelo amor de Deus. Padres e bispos ficam perplexos, porque estão acostumados a primeiro fazer cursos e seminários para, depois, conhecerem Jesus, depois serem evangelizados.
Com os pagãos acontece o contrário: eram pessoas infiéis, mas que foram batizadas no Espírito Santo e transformaram suas vidas. Apenas depois é que foram procurar cursos e formação, porque tinham sede de rezar, de conhecer a Palavra.
O instrumento que Deus está usando, hoje, para evangelizar, é a televisão. Esse meio se torna ungido quando leva a Palavra, leva o Espírito Santo às pessoas. É um momento de graça.
Na década de 60, as pessoas não tinham muito interesse nas coisas de Deus. Foi em 1967 que Deus derramou, pela primeira vez, nos EUA, numa universidade, Seu Espírito Santo.
Somos uma geração abençoada, por isso precisamos levar o batismo do Espírito Santo aos seus. Aproveitemos dessa graça, porque pouco tempo nos resta.
Nossas vidas são resultado desse derramamento do Espírito Santo.
Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova