“Anjos Companheiros no dia-a-dia” (páginas 73 a 75)
A intervenção do coisa-ruim, do diabo, no itinerário espiritual de é um fenômeno desconcertante: uma luta contínua e obstinada entre o Padre e satanás. Trata-se de um duelo de morte, sem tréguas e sem medir esforços: múltiplas são investidas, inúmeros os ataques, atrozes às tentações.
Os ataques diabólicos produzem na alma de Padre Pio, sobretudo uma angústia muito penosa e extenuante: As tentações, escreve Padre Pio, estão mais ferozes do que nunca. Afligem-me muito, não tanto pela contínua violência que sou obrigado a dirigir a mim mesmo, mas por sua brutalidade e contínua hostilidade. Mesmo durante as horas de repouso o demônio não deixa de afligir-me a alma de várias maneiras. Em vez de cessar, as guerras espirituais tornam-se mais duras. O inimigo está tão irado que não me deixa em paz um minuto, hostilizando-me de todos os modos.
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Assim, Padre Pio é atormentado continuamente pelo diabo, não apenas durante o dia, mas também de noite: nas horas de descanso, o demônio não deixa de afligir-lhe a alma de várias maneiras.
Os ataques satânicos contra o Padre são contínuos, irados, furiosos; e são também cruéis, ferozes, sem piedade.
As cartas de Padre Pio são bem claras a esse respeito.
“A noite passada”, confidencia ao Padre Agostino, “eu passei muito mal. Desde que me deitei, às cinco da manhã, aquele coisa-ruim não fez outra coisa senão importunar-me. Encheu minha cabeça com inúmeras tentações diabólicas e pensamentos de desespero e de desconfiança em relação a Deus.
Às cinco da manhã, assim que aquele coisa-ruim foi embora, um frio se apossou de toda a minha pessoa e eu me pus a tremer dos pés à cabeça, como um caniço exposto a um vendaval. Durou algumas horas. Cheguei a verter sangue pela boca.”
:: Wallpaper de São Padre Pio
Algumas vezes satanás se faz acompanhar de numerosos sequazes para melhor torturar Padre Pio. Escrevendo ao Padre Agostino, o Padre diz:
Vou contar-lhe o que tive de passar nas mãos daqueles apóstatas impuros. Noite alta, começaram seu assédio com um barulho diabólico e, embora eu nada pudesse ver no começo, sabia muito bem quem o produzia. Assim, em vez de me assustar, preparei-me para a batalha dirigindo-lhes um sorriso zombeteiro. Então, eles se apresentaram assumindo as formas mais abomináveis e, para fazer-me prevaricar, começaram a me lisonjear. Mas, graças aos céus, censurei-os asperamente, dando-lhes o tratamento que merecem. Quando viram que seus esforços eram inúteis, investiram contra mim, atirando ao ar travesseiros, livros, cadeiras, enquanto soltavam gritos desesperados e pronunciavam palavras incrivelmente sujas.
Vendo que suas sugestões não eram ouvidas e tendo recebido uma resposta sarcástica, o diabo investe contra o Padre junto com seus sequazes, maldizendo-o e golpeando-o fortemente, ameaçando até destruí-lo. E satanás ainda faz a seguinte ameaça a Padre Pio: não lhe dará trégua e fará com ele coisas que a mente humana jamais conseguirá imaginar.
Essa ameaça foi mantida com toda a tenacidade durante toda a vida do Estigmatizado de Gargano. Todos podem comprovar esse fato passando em revista o que o Padre teve de sofrer sempre, não apenas por parte de satanás, mas também da parte dos homens.
Não contente com isso, o demônio não cessou de aparecer-lhe com suas formas horrendas, atingindo-o todos os dias de forma verdadeiramente assustadora, bárbara. Numa carta posterior a Padre Agostinho, Padre Pio esclareceu: Barba-azul não se dá por vencido. Apresentou-se de quase todas as formas. Há alguns dias vem me visitando junto com outros sequazes armado de bastões e objetos de ferro e, o que é pior, em sua forma própria. Não imagina quantas vezes derrubou-me da cama arrastando-me pelo quarto!
O Padre é atingido por satanás continuamente. Tem sensação de estar esmagado sob a poderosa força daquele triste coisa-ruim.
Em meio a provas tão assustadoras e entre torturas tão extenuantes e terríveis, está convencido, pela fé, de que tudo acontece com a permissão de Jesus e segundo Seus objetivos sagrados.
Jesus não deixa de me amar, escreve ele, embora eu não mereça, porque permite que aqueles cães horríveis continuem a me afligir. Há 22 dias, sem interrupção, Jesus permite que essas coisas descarreguem sua ira sobre mim. Meu corpo, querido pai, está todo machucado por causa dos golpes que nossos inimigos lhe desferiram.
Mais de uma vez eles chegaram a tirar minhas roupas e golpear-me naquele estado. Agora me diga se não foi Jesus quem me ajudou nesses tristes momentos em que os demônios procuraram destruir-me e levar-me a perdição… Considera ainda que, mesmo depois que eles foram embora, eu fiquei muito tempo sem poder me vestir porque não conseguia me mexer. E isso com esse inverno todo! Quantas desgraças teriam caído sobre mim, se nosso dulcíssimo Jesus não tivesse me ajudado!
Não sei o que vai ser de mim. Sei apenas que o Senhor nunca deixará de cumprir Suas promessas. Jesus continua a me dizer: Não deves ter medo. Eu te farei sofrer, mas também te darei forças. Desejo que esse martírio cotidiano e oculto prove e purifique tua alma. Não te assustes se permito que o demônio te atormente, que o mundo te entristeça, que as pessoas mais queridas te aflijam, pois nada sucederá àqueles que sofrem sob a cruz por me amarem, àqueles que eu me empenhei em proteger.
Quantas vezes, Jesus me disse um pouco antes, terias me abandonado, se eu não te tivesse crucificado.
Padre Pio confia a Padre Benedetto: Jesus não deixa de me visitar amavelmente e de me encorajar a lutar contra nosso inimigo comum.