O Senhor quer nos dar esse contato íntimo com Ele como nos dias da nossa juventude. Por que ainda estaríamos na situação daquela mulher que sofria por doze anos de um fluxo de sangue, ou pior, por que estaríamos na situação da filha de Jairo? “No entanto, a cada um de nós foi dada a graça conforme a medida do dom de Cristo” (Ef 4,7). A palavra “graça”, no grego, significa carisma. A cada um foi dado o carisma, o ministério, essa graça especial. Os ministérios que vêm desses carismas são personalizados:
A alguns ele concedeu serem apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores e mestres.
Assim, ele capacitou os santos para a obra do ministério, para a edificação do Corpo de Cristo, até chegarmos,
todos juntos, à unidade na fé e no conhecimento do Filho de Deus, ao estado de adultos, à estatura do Cristo
em sua plenitude (Ef 4,11-13).
Quando buscamos e atingimos a meta, tudo passa a ter sentido, mas se visamos somente aos dons e ficamos nos deleitando neles, muito rapidamente se tornarão como brinquedos preciosos e caros nas mãos de crianças. Acontece muitas vezes no Natal, Dia das Crianças ou aniversário, quando as crianças exigem dos pais presentes caros e valiosos, e eles acabam cedendo: elas pediram muito e insistiram para ganhar, mas depois de pouco tempo, aqueles brinquedos estarão encostados ou estragados, e a criança já terá se esquecido deles.
Isso acontece quando perdemos a meta, o alvo. Os dons são maravilhosos. A partir da efusão do Espírito Santo, os dons são necessários principalmente na Igreja. Sem eles não conseguimos chegar aonde o Senhor quer que cheguemos. Não faremos a vontade de Deus sem usarmos os dons do Espírito Santo. Mas os dons são para uma finalidade, e a cada um foi dada a graça segundo a medida de Cristo para o aperfeiçoamento dos cristãos. “Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48).
Jesus é coerente. No sermão da montanha, diz que precisamos chegar à perfeição de filho de Deus. Os dons existem para que cheguemos à perfeição. Deus investiu em nós. O Senhor nos chama e quer nos falar ao coração, para isso nos leva ao deserto: “Eu noivarei contigo pela fidelidade e tu conhecerás o Senhor” (cf. Os 2,20). Diante dessa promessa, precisamos nos responsabilizar. Muitas pessoas não usam os dons do Espírito Santo:
Muitos de nós pensávamos que os dons eram o que havia de melhor das coisas de Deus, mas eles são apenas um “leitinho” para ajudar no crescimento da criança. Os dons são as ferramentas que Deus coloca em nossas mãos, são necessários na evangelização, mas são leite, que deve ser dado à criança para que ela cresça e se torne adulta para comer alimento sólido na sua vida cristã.
O objetivo dos dons é fazer-nos adultos em Cristo, para que todos cheguemos à maturidade e ao estado adulto de Cristo. Ajudamo-nos uns aos outros com os dons e ministérios até todos atingirmos o estado do homem perfeito, à estatura da maturidade de Cristo:
Então, não seremos mais como crianças, entregues ao sabor das ondas e levados por todo vento de doutrina,
ludibriados pelos homens e por eles, com astúcia, induzidos ao erro. Ao contrário, vivendo segundo a verdade,
no amor, cresceremos sob todos os aspectos em relação a Cristo, que é a cabeça (Ef 4,14-15).
O Senhor quer nos dizer: “Eu lhes dei os dons e vou continuar lhes dando. Mas não os use como crianças e como se eles fossem brinquedos. Eu lhes dei os dons para que vocês cresçam e se tornem adultos, para que deixem de ser crianças e possam amadurecer, chegando ao estado de homem feito em Cristo, chegando em conjunto à maturidade de Cristo”.
Deus o abençoe!
Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib
Trecho extraído do livro “Agora meus olhos Te viram!” do monsenhor Jonas Abib