A tarde já tinha caído quando Jesus chegou com os Doze. Estavam à mesa e comiam, quando Ele lhes disse: ‘Eu vos declaro esta verdade: um de vós que come comigo me entregará’. Cheios de tristeza, começaram a perguntar-lhe, um por um: ‘Serei eu?’ Ele lhes respondeu: ‘É um dos Doze, que põe comigo a mão dentro do prato. Certamente o Filho do Homem vai partir, segundo o que está escrito dele. Mas ai daquele por quem o Filho do Homem vai ser entregue, seria melhor que este homem não tivesse nascido!’
Quando ainda comiam, Jesus pegou o pão, disse a fórmula da bênção e o partiu e deu-lhes dizendo: ‘Tomai. Isto é o meu corpo’. Em seguida, tomando o cálice, deu graças e lhes entregou. E todos beberam dele. E lhes disse: ‘Este é o meu sangue, o sangue da aliança, que vai ser derramado por muitos. Eu vos declaro esta verdade: não beberei mais deste fruto da videira até o dia em que eu beber o vinho novo no Reino de Deus’ (Mc 14,17-26).
A cena da Instituição da Eucaristia aconteceu num ambiente de dor, de sofrimento, de tristeza e ingratidão inaudita! Cristo sabia que Judas O haveria de trair. Sabia também que Pedro havia de negá-Lo, sabia ainda mais: que um de Seus apóstolos haveria de traí-Lo. Foi nesse ambiente que Ele nos deu Seu maior sinal de amor. Jesus não instituiu a Eucaristia num momento de alegria; ao contrário, foi num momento terrível de angústia e de traição em que Ele recebia a maior ingratidão da face da terra! Era traído por um dos Seus apóstolos, por alguém que fora escolhido, amado.
Nessa situação extremamente dolorosa, o Senhor nos dá o maior presente. Ele que já se tinha dado totalmente, agora dá também Seu Corpo e Seu Sangue para permanecer sempre conosco até o fim dos séculos e ser nossa comida e nossa bebida: o maior sinal de amor.
Jesus, tendo nos amado, amou-nos até o extremo, quando se deu a si mesmo em comunhão, deixando Seu Corpo e Seu Sangue para ser nossa comida e nossa bebida. E tudo isso num ambiente de terrível dor.
Na Santa Missa, repetimos os gestos e as palavras de Cristo. Nós nos reunimos ao redor do altar, da mesa da refeição, e tendo pão e vinho, repetimos as palavras do Senhor. A grande maravilha é que, não por nós, mas pelo poder do Espírito Santo, Ele se torna presente. O Corpo glorioso de Nosso Senhor Jesus se torna presente ali e temos a Carne e o Sangue d’Ele como comida e bebida. Jesus realmente se torna pão da vida eterna! Tal é a realidade maravilhosa que vivemos em cada Missa.
Entre orações e preces, súplicas e ação de graças, ofertamos Jesus ao Pai naquele momento. Essa é a razão de todas aquelas orações que cercam a Eucaristia. Nós também devemos orar na hora da comunhão. São momentos de ação de graças. Para nos preparar para esse momento da ceia do Senhor, pedimos perdão por nossos pecados, buscamos a Palavra de Deus e a proclamamos. Oramos por toda a Igreja, confessamos nossa fé, cantamos, ofertamos as nossas vidas e as vidas dos nossos. Nós precisamos disso. E uma necessidade d’alma. Também nosso corpo precisa preparar-se para esse grande momento. Não podemos chegar de qualquer maneira para a ceia do Senhor, porque é o gesto mais importante, sua realidade é a mais sublime. Daí começamos ao ponto central: as palavras e os gestos de Jesus. Vamos oferecendo orações de súplica e de agradecimento até a oferta de Jesus ao Pai: Por Cristo, com Cristo e com Cristo, a vós, ó Pai, Todo-poderoso, toda honra e toda glória, agora e para sempre, na unidade do Espírito Santo – e toda a assembléia ecoa: Amém. Partimos então para a comunhão, preparamo-nos com o Pai-nosso, com a oração pela paz, com o abraço da paz, para chegar à comunhão do Corpo e Sangue do Senhor.
Concluímos com um momento de silêncio, de ação de graças, o momento importante da comunhão em que o próprio Senhor se dá a nós como comida e bebida. Essa é a Missa que celebramos, irmãos. É o cumprimento da ordem do Senhor. Fazei isso para celebrar a minha memória.
(Trecho extraído do livro Dai-nos deste Pão! de monsenhor Jonas Abib)