Tendo Jesus navegado outra vez para a margem oposta, de novo afluiu a Ele uma grande multidão. Ele se achava à beira do caminho, quando um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, se apresentou à sua vista e lanço-se-lhe aos pés, rogando-lhe com insistência: ‘minha filhinha está nas últimas. Vem. Impõe-lhe as mãos para que se salve e viva’. Jesus foi com ele, e grande multidão O seguia, comprimindo-O (Mc 5,24).
Jairo estava com o coração na mão. A vida de sua filha se esvaía, e ele, preocupado, angustiado, sem solução humana, percebeu que Jesus poderia ajudá-lo.
Que angústia você traz no coração? Que peso carrega em sua alma? Que preocupação, fardo o acompanha? É algo seu, pessoal? É seu casamento, namoro? Ou o trabalho? É uma pessoa querida? Seu filho, sua filha? Seu marido, sua esposa? Seus pais? Qual o problema? É um vício? Você está em uma situação de conflito?
Ora, havia ali uma mulher que por doze anos padecia de um fluxo de sangue. Sofrera muito nas mãos de vários médicos, gastando tudo o que possuía e sem achar alívio; pelo contrário, piorava cada vez vez mais. Tendo ela ouvido falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe no manto. Dizia ela consigo: ‘ se tocar ainda que seja na orla do seu manto, estarei curada’. No mesmo instante se lhe estancou a fonte de sangue e ela sentiu em seu corpo que estava curada. Jesus percebeu imediatamente que saíra d’Ele uma força, e voltando-se para o povo perguntou: ‘Quem tocou minhas vestes?’ Responderam-lhe seus discípulos: ‘Vês que a multidão te comprime e perguntas quem Lhe tocou?’ E Ele olhava ao redor para ver quem o fizera. Ora, a mulher, atemorizada e trêmula, sabendo o que nela se tinha passado, veio lançar-se-lhe aos pés e contou a verdade. Mas Ele lhe disse: ‘Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e sê curada do teu mal’ (Mc 5,25-34).
Assim como ao soprar sobre o braseiro as brasas se reavivam, o Senhor, com o vento do Espírito, reaviva a nossa fé. Acredite nisso.
Talvez seu problema esteja demorando a ser solucionado e você desanime. Talvez pense: Isso não tem solução. Eu já pedi, roguei ao Senhor; já rezaram por mim, e a solução não veio. Talvez você cruze os braços com desesperança. Mas veja: a mulher de que falamos há pouco sofrera durante doze anos. Foram doze longos anos de menstruação contínua em que sua vida se esvaía. E havia um agravante: segundo a mentalidade do judeus na época, as mulheres durante o período menstrual eram consideradas impuras. Portanto, aquela mulher não podia ir ao templo; não podia oferecer sacrifícios. Ela provavelmente se sentia indigna de se aproximar de Deus e deve ter dito: Eu sou impura, é por isso que o Senhor está me tratando assim. Nem Deus me acolhe.
Talvez você esteja em uma situação semelhante, seja você homem, seja mulher. Talvez tenham acontecido coisas em sua vida que o levaram a sentir-se uma pessoa impura, indigna de Deus. Você vai à igreja, à Eucaristia, às reuniões, mas em seu interior se sente longe de Deus. Você reza, mas com a sensação de que sua oração não vai ser ouvida. Deus não quer condená-lo, mas retirar de você essa sensação de indignidade, de impureza que só está lhe fazendo mal.
Além das situações em que você foi o culpado, o Senhor lhe mostra aquelas em que o usaram, em que você acabou sendo vítima: você buscou uma coisa e encontrou outra; buscou afeto, carinho, amor e recebeu sexualidade. Isso o machucou, mas já tinha acontecido. São moças que engravidam antes do tempo e acabam abortando; rapazes que provocam a gravidez. Isso os fere e os põe no chão.
Você quer esquecer o que fez de mau, mas isso é um espinho em seu interior. Então diga: Eu creio, Senhor. Hoje chegou a hora da graça, da Tua graça para mim, porque Tu interviste em minha vida, como fez com aquela mulher.
Quando você se aproxima do Senhor; quando vai Àquele de quem você precisa, o poder curador de Jesus, o poder de perdão, de reconciliação do Senhor o atinge e tira essa sensação de indignidade.
Não estamos chamando de bem o que é mal; não estamos chamando de certo o que é errado, o que é pecado. Não. Não pesa condenação alguma sobre aqueles que estão em Cristo. Quem nos acusará, quem nos condenará, se Jesus Cristo é nosso Intercessor, nosso Advogado diante do Pai, nosso Salvador?
O Senhor está lhe devolvendo a alegria. Você sorria, brincava, se divertia, mas no fundo havia algo de opaco, de sombrio. Uma tristeza. Agora o inimigo já não tem mais vez de continuar condenando você; o remorso, que só lhe fazia mal, foi retirado. Se você já se confessou, fique em paz; se sente que não se confessou bem, procure um sacerdote e lave sua alma; ponha tudo para fora, sem medo, sem receio, deixando a vergonha e os temores de lado, para que o Senhor o purifique totalmente. Jesus lhe dirá: Filho, a tua fé te salvou. Vai e sê curado do teu mal.
Dentro de você pode haver remorso por infidelidade, bebida, jogo, drogas; você pode ter roubado, ter sido levado a roubar, e isso tudo pesa em seu interior, porque você não tem coragem de confessar. Seja qual for sua situação, apresente-a ao Senhor agora com toda a confiança. Feche os olhos e se imagine tocando na barra do manto de Jesus. Aquela mulher a tocou levemente por causa do medo; você pode agarrar na bainha do manto, pode puxar, para chamar a atenção do Senhor, apresentando a Ele sua aflição, sua angústia. Não deixe para depois; faça isso agora, na fé. Porque Jesus está tão perto de você como estava daquela mulher que padecia de um fluxo de sangue, apesar de não O vermos, apesar de não O tocarmos.
Havia muita gente triste, abatida, desencorajada, e o Senhor lhes está desenvolvendo a alegria, o ânimo; estavam desesperadas, e o Senhor lhes traz paz. Deixe que a vida que vem do Senhor invada você.
(Trecho retirado do livro Caminho para santidade de monsenhor Jonas Abib)