Eis o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que se despoja da vida por aqueles a quem ama. Vós sois meus amigos se fizerdes o que eu vos mando (Jo 15,12).
Amai-vos uns aos outros é amor compartilhado. Eu amo e também sou amado. É um amor concreto, no qual perdoo e sou perdoado, compreendo e sou compreendido… Existe o amor humano, o amor da amizade, mas também existe o amor ágape: o amor próprio de Deus. O Pai ama tanto o Seu Filho, que se doa inteiramente a Ele. O Filho recebe esse amor e também ama o Pai. É um amor em circulação. É o amor em atividade.
O amor ágape é o amor de Deus vivendo entre nós. Quando amamos assim, Jesus está em nosso meio. O Espírito Santo está vivo e operante no meio de nós. O Pai está derramando continuamente sobre nós o Espírito Santo, que é o amor, para vivermos o amor ágape, o amor próprio da Santíssima Trindade.
A primeira vontade de Deus é que o amor da Trindade, o amor ágape, exista entre nós. Deus é amor e o que vai nos construindo à imagem d’Ele é o amor nas suas várias fases: em determinado momento amar é perdoar, noutro é ajudar. Num momento amar é ouvir, noutro é calar, noutro é falar, é repreender, é aguentar pacientemente. Num certo momento é lavar pratos, noutro é dar aulas…
É assim que nos transformamos, momento após momento, à imagem de Deus, de acordo com o protótipo Jesus Cristo. “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação. Este chamado e esta vocação acontecerão no “amai-vos”:
Eis o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que se despoja da vida por aqueles a quem ama (Jo 15,12-13).
A Palavra de Jesus é muito clara e concreta: amar é despojar-se. Amar é dar a vida. É me gastar, me doar em cada gesto de amor que faço. É dar de mim. É me perder. É renunciar a mim mesmo. Jesus falou: Ninguém pode ser meu discípulo se não renunciar a si mesmo. Quando eu amo, estou renunciando a mim mesmo. Estou me despojando do egoísmo ainda tão arraigado em mim.
Veja: não é teoria. Se trata de um amor vivido no dia a dia, no qual enfrentamos o gênio do outro, sua educação, seus problemas, sua mentalidade… O ser concreto do outro ainda em transformação. Amar, então, é perdoar, é desculpar e passar por cima. É assim que vamos nos tornando discípulos de Jesus. Convivendo com os outros é que percebemos o quanto ainda somos grosseiros, egoístas, autossuficientes; o quanto buscamos apenas os nossos interesses, fazemos apenas nossa vontade… E deparamos com nosso próprio eu, também ele, ainda em transformação. É nesse momento que Jesus começa a nos lapidar: tirar nossos egoísmos… deixando crescer unicamente o amor. Esta é a síntese da vontade de Jesus: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.
Monsenhor Jonas canta “O amor vencerá”
Hoje você precisa cuidar de sua casa: varrer, cozinhar, passar… amanhã tudo isso irá desaparecer, porque novamente será preciso varrer a cozinha, limpar… mas o amor com que você fez essas tarefas permanecerá. Tudo vai passar: só o amor ficará. Na nossa vida tudo vai passar. Só permanecerá o amor que existir em cada ato que fizermos, por isso é preciso ser esperto e colocar amor em tudo o que fazemos.
A vida é feita de alegrias e tristezas, de realizações e de sofrimento. Nem tudo são rosas. Enfrentaremos os espinhos: repetir todos os dias o dever rotineiro de limpar, lavar, cozinhar, pôr à mesa… aguentar o chefe e os colegas… calar diante de uma injustiça e não retrucar… Se você faz tudo isso por amor, tudo isso vai permanecer, porque o amor permanece… ele nunca acabará.
Só entrará no céu o amor. Todo o resto ficará de fora. O homem foi feito de barro e de amor. Deus soprou o seu Espírito sobre o barro, Deus pôs nele o Seu amor. Este amor será levado para o céu. O barro ficará.
Depende de cada um de nós ganhar ou perder tudo aquilo que fazemos. Se fazemos tudo com amor, ganhamos. Se fazemos sem amor, perdemos. Coisas grandiosas que fazemos, mas sem amor, de nada valerão. Tudo vai passar. Nada permanecerá. Mas as menores coisas, as mais insignificantes, feitas com amor, haverão de permanecer, porque o amor com que foram feitas permanecerá. A medida de tudo é o amor. Com amor, tudo sou. Sem amor, nada sou.
Trecho do livro