Depois desses acontecimentos, Javé dirigiu a palavra a Abrão, através de uma visão: “Não tenha medo, Abrão! Eu sou o seu escudo, e sua recompensa será muito grande”. Abrão respondeu: “Senhor Javé, o que me darás? Continuo sem filho, e Eliezer de Damasco será o herdeiro da minha casa!” E acrescentou: “Como não me deste descendência, um dos servos de minha casa é que será o meu herdeiro!” Então Javé dirigiu esta palavra a Abrão: “O seu herdeiro não será esse, mas alguém que sair do sangue de você”. Depois Javé conduziu Abrão para fora, e disse: “Erga os olhos ao céu e conte as estrelas, se puder”. E acrescentou: “Assim será a sua descendência”. Abrão acreditou em Javé, e isso lhe foi creditado como justiça. Javé disse a Abrão: “Eu sou Javé, que fez você sair de Ur dos caldeus, para lhe dar esta terra como herança”. Abrão respondeu: “Senhor Javé, como vou saber que irei possuí-la?” Javé lhe disse: “Traga-me uma novilha de três anos, uma cabra de três anos, um cordeiro de três anos, uma rola e uma pombinha”. Abrão levou a Javé todos esses animais, partiu-os pelo meio e colocou cada metade na frente da outra; mas não partiu as aves. As aves de rapina desciam sobre os cadáveres e Abrão as enxotava. Quando o sol ia se pondo, um torpor caiu sobre Abrão, e ele sentiu muito medo. Quando o sol se pôs e veio a noite, uma labareda fumegante e uma tocha de fogo passaram entre os animais divididos. Nesse dia, Javé estabeleceu uma aliança com Abrão nestes termos: “À sua descendência eu darei esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio, o Eufrates” (Gênesis 15,1-12.17-18).
O Antigo Testamento nos fala da fé de Abrão [Abraão]. Ele estava ansioso, acreditava que Deus lhe daria aquelas terras, mas sabia que não teria filhos, pois Sarai, sua esposa, era estéril. Então, ele desabafava com Deus, questionando-O o que iria receber de herança se não podia ter filhos (cf. Gn 15,2). Deus, porém, diz a ele, com toda clareza, que o herdeiro dele será um de seus descendentes (cf. Gn 15,4). O Senhor o conduz para fora de casa e lhe diz: “Erga os olhos ao céu e conte as estrelas, se puder. Assim será a sua descendência” (Gn 15,5). Abraão teve fé no Senhor e acreditou nEle.
Abraão acreditou em Deus, embora todo o restante dissesse o contrário. Deus justificou a atitude dele pela confiança inteira nEle. Abraão ainda pergunta a Deus como iria saber se herdaria essa terra (cf. Gn 15,8). Deus, então, pede que ele pegue vários animais, entre eles duas aves. Abraão corta os animais ao meio, coloca-os em fila e, durante todo o dia, espera pelo Senhor.
Você pode achar estranha essa atitude, mas esta era a forma dos homens fazerem uma aliança entre si. O grande trato que faziam era assim: os dois homens, que faziam uma aliança, passavam pelo meio dos animais, isso queria dizer que estavam fazendo um trato e que aconteceria com eles o mesmo que acontecera com os animais caso um deles quebrasse o trato feito. Isso fazia com que fossem fiéis com os tratos assumidos.
Dessa vez, o trato é com Deus, e é Ele quem toma a iniciativa. Assim, Abraão espera pelo Senhor durante todo o dia. Essa espera era mais uma demonstração de que ele teria de esperar muito para ter uma grande geração. Essa espera foi de, pelo menos, 500 anos para que ele tivesse a posse daquela terra.
Meus irmãos, para nós, a coisa mais difícil é esperar. Deus é o Todo-Poderoso e cumpre suas promessas, mas o tempo está nas mãos d’Ele. Nós é que precisamos aprender a esperar. Talvez você esteja esperando grandes graças e milagres, esteja angustiado, desesperado… Mas precisamos aprender a esperar, a aguardar pela hora de Deus. Ele sabe qual é a hora.
Nas nossas situações, muitas coisas Deus quer resolver para nós, mas isso não depende só d’Ele, mas também das pessoas. Como a situação do seu casamento: não depende só de você, mas também do seu cônjuge. Deus dá a graça, mas cabe à pessoa aceitá-la ou não, acolhê-la ou não. É por isso que as coisas demoram.
Maria, irmã de Lázaro e Marta, era prostituta de leprosos e só se converteu após a ressurreição. Jesus esperou por ela como espera por cada um de nós, para mais um passo, mais uma conversão. Da mesma forma, Ele está esperando por seu marido, sua esposa, seus filhos. É preciso esperar, mas Deus é fiel.
Quando já estava escurecendo, Abraão teve um sono, o que, na verdade, era a aproximação do Senhor. Ele foi tomado de um grande terror, pois a presença de Deus deixou uma sensação diferente em seu interior. Apareceu um braseiro fumegante e uma tocha de fogo que passaram entre os animais divididos. Ali estava o sinal da aliança de Deus Onipotente, mas também de Abraão que passava no meio dos animais. Ali se fazia a aliança entre Deus e Abraão: “À sua descendência eu darei esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio, o Eufrates” (Gn 15,18).
A Palavra de hoje nos traz uma grande lição: Deus fez uma aliança com você e com os seus. Deus é fiel, Ele vai cumprir as promessas dEle, nós é que precisamos permanecer fiéis e ter a coragem de aprender a esperar.
Deus o abençoe!
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova