“Entretanto, milhares de pessoas se ajuntaram, a ponto de uns pisarem os outros. Jesus começou a falar, primeiro a seus discípulos: ‘Cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Não há nada de oculto que não venha a ser revelado, e não há nada de escondido que não venha a ser conhecido. Portanto, tudo o que tiverdes dito na escuridão, será ouvido à luz do dia; e o que tiverdes pronunciado ao pé do ouvido, nos quartos, será proclamado sobre os telhados. A vós, porém, meus amigos, eu digo: não tenhais medo dos que matam o corpo e depois não podem fazer mais nada. Vou mostrar-vos a quem deveis temer: temei Aquele que, depois de fazer morrer, tem o poder de lançar-vos no inferno. Sim, eu vos digo, a este deveis temer. Não se vendem cinco pardais por duas moedinhas? No entanto, nenhum deles é esquecido por Deus. Até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais” (Lucas 12,1-7)
Somos mais que os passarinhos. O Pai cuida do pardal, e muito mais de nós que valemos mais do que muitos pardais. O que lhe acontecer, não tenha medo, porque você vale muito mais do que os pássaros. Nós podemos cantar o Salmo 31 em qualquer situação da nossa vida: “Vós sois para mim proteção e refúgio”.
Recordo-me do que aconteceu com a Eliana Ribeiro e o Fábio Roniel [casal de consagrados na Canção Nova]. Quando começaram a namorar, o Fábio foi conhecer os pais da Eliana; na volta aconteceu uma tragédia: eles sofreram um acidente e o pai da Eliana faleceu. O casal ficou bastante feridos, mas mesmo diante dessa situação, nós cantamos: “Vós sois para mim proteção e refúgio”.
A Eliana ficou completamente quebrada: quebrou a bacia, a clavícula. O banco em que o pai dela estava, esmagou o músculo da sua perna; e o médico disse que ela não andaria mais, mas, graças a Deus, isso não aconteceu. O Fábio passou por uma cirurgia na perna.
Eu contei isso para lhes dizer que em qualquer situação da nossa vida, Deus vem correndo ao nosso encontro. No filme “A Paixão de Cristo”, quando Jesus cai pela primeira vez, Nossa Senhora vai correndo para pegá-Lo. Conosco é assim, por mais dura que seja a queda da nossa vida, se estamos “quebrados” e caídos no chão, o Senhor vem ao nosso encontro.
Que bonito! Esse é um salmo penitencial, de quando Davi cometeu o pecado do adultério. Ele mandou matar o seu soldado mais fiel. E Davi para esconder seu erro, para cometer o adultério, mandou matar Urias. Mas imagina como deveria estar o coração de Davi! Nada estava indo bem, até que ele disse: “Confessei, afinal, meu pecado, e minha falta vos fiz conhecer”.
Talvez você tenha cometido o adultério como Davi, ou tenha mentido e muitas outras coisas. Hoje, não é somente os homens que cometem adultério, mas as mulheres também! E que lindo se você também fizer como ele e confessar os seus pecados!
Como é um alívio quando cometemos um pecado e confessamos, porque temos a graça de sermos perdoados. Que maravilha olhar “cara a cara” para o Senhor e dizer: “Obrigado, Jesus, porque o Senhor perdoou os meus pecados”.
Muitas vezes, “quebramos” o nosso casamento e, assim também a nossa sociedade com Deus. Casamento é, primeiramente, parceria com o Pai. O casal se associa a Deus para se unir àquela pessoa, para realizar a vontade do Senhor.
Na verdade, foi Deus que escolheu vocês primeiro. Não foram os seus olhos bonitos ou o seu “jeito de galã”. Deus usou disso para unir a vocês dois. Foi Deus quem quis! O Senhor já havia escolhido cada um de vocês, por isso não dá para romper.
Se você tem dois livros dá para dividir: eu fico com um e você fica com outro. Mas se eu pegar o meu livro e tentar dividir eu não estou dividindo, eu estou dilacerando. Mesmo que, se eu quisesse dividir, não estaria dividindo, estaria dilacerando. Olha a situação do meu livro… Sempre sobra um pedacinho. E não é um pedaço insignificante! São um, dois ou três filhos, com um ou dois netos. Os casais não estão se dividindo, a palavra correta é que os casais estão se dilacerando.
Eu tinha todas as qualidades para ser um bom marido, para ser um bom pai. Casa e família sempre me encantaram. A minha família era toda unida, como um bolinho de gato, claro que saía algumas “unhadas”, porque gato tem unhas, mas é natural de família. Eu tive um bom exemplo de família.
Assim como o passarinho tem o seu ninho, eu tinha o meu ninho. Tinha a minha família, a minha casa. Essa foi a parte mais difícil da minha vocação: sair de casa. Mas, modéstia “às favas”, olha quantos filhos, como eu fui fecundo e até materialmente. Se a fecundidade do corpo funciona, imagina a fecundidade espiritual!
Se é por um problema financeiro que você está passando, não se preocupe. Quantos problemas nós também passamos. E todos os problemas passam. Os casais que já tem 30 anos de casados… Cadê os problemas de 20 anos atrás? Já passaram. E os problemas de um ano atrás? Também. Tudo passa, em Deus nada falta. Em tudo, só Deus basta.
Talvez você esteja enfrentando problemas difíceis e até mesmo impossíveis. A própria noção de “problema” já diz que ele tem solução. Não há problema sem solução. Talvez nós, como alunos, não queiramos quebrar a cabeça para resolver os problemas. A quem tem Deus nada falta. Em Deus tudo se alcança!
Minha mãe, certa vez, confessou que quando brigava com meu pai, eles nunca iam dormir sem se reconciliar. Mesmo quando estavam enfezados, nunca dormiam sem se reconciliar.
É bom perdoar os filhos, mesmo quando eles nos decepcionam a ponto de arrancar pecados de nós. Mas como é bom perdoar! Existe o amor carnal, um amor biológico, pois foram os nossos pais que nos fizeram. Então, já existe um amor natural.
Somos “carne da mesma carne”. O natural já é se perdoar. O “não natural” é não se perdoar, como marido e mulher que são uma só carne e não se perdoam. Assim também com o pai, a mãe e os filhos que nos decepcionam, arrancam pedaços, mas depois que o perdão acontece tudo se refaz.
Quando a gente se perdoa, que fecundidade vem daí! Todos nós precisamos amar, assim como precisamos ser amados. Tanto quanto precisamos perdoar, precisamos ser perdoados.
Deus o abençoe!
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova