“Pedro e João iam subindo ao templo para rezar à hora nona. Nisto levavam um homem que era coxo de nascença e que punham todos os dias à porta do templo, chamada Formosa, para que pedisse esmolas aos que entravam no templo. Quando ele viu que Pedro e João iam entrando no templo, implorou a eles uma esmola. Pedro fitou nele os olhos, como também João, e disse: Olha para nós. Ele os olhou com atenção esperando receber deles alguma coisa. Pedro, porém, disse: Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda! E tomando-o pela mão direita, levantou-o. Imediatamente os pés e os tornozelos se lhe firmaram. De um salto pôs-se de pé e andava” (At 3,1-7).
Pedro foi tocado pela presença daquele aleijado, o qual, todos os dias, era levado à porta do templo para mendigar. O apóstolo podia tentar algum recurso para ajudar aquele homem, mas ele continuaria tendo de pedir esmolas. Por isso, inspirado pelo Espírito Santo, exclamou: “Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda”! (At 3,6).
É como se Pedro dissesse: Isso eu tenho: levanta-te e anda! É isso que eu te dou! Imediatamente, ele foi tomando o aleijado pela mão. Enquanto o levantava, como explica a Palavra de Deus, seus pés e tornozelos foram se firmando, de maneira que o aleijado ficou firme sobre as próprias pernas. Ao sentir firmeza, o homem entrou no templo, andando, saltando e louvando a Deus.
O apóstolo não perdeu tempo. Cheio do Espírito Santo, ele começou a pregar ali mesmo no templo. É impressionante a ousadia dele! A pregação de Pedro está narrada nos Atos dos Apóstolos, capítulo 3, a partir do versículo 12. Com toda a coragem, o apóstolo diz aos presentes: “Matastes o Príncipe da vida, mas Deus o ressuscitou dentre os mortos: disso nós somos testemunhas” (At 3,15).
Ele nem consegue terminar sua pregação, porque logo chegam os soldados, mandados pelos sacerdotes do templo para prendê-lo. Isso de nada adiantou, porém, porque aquele povo já tinha sido atingido, mesmo com aquela pregação que nunca terminou! “Muitos, porém, dos que tinham ouvido a pregação creram; e o número dos fiéis elevou-se a mais ou menos cinco mil” (At 4,4).
Essa atitude somos impulsionados a realizar. Desassombro e intrepidez são tradução de uma palavra grega: parrésia. Tanto o verbo como o substantivo correspondentes indicam a qualidade derivada de uma fé verdadeiramente carismática, a qual se manifesta concretamente em coragem, firmeza, ousadia, intrepidez, desassombro, destemor. Um verdadeiro “atrevimento no Espírito Santo!”
Foi isso o que eles pediram naquele clamor que, unânimes, elevaram ao céu. “Agora, pois, Senhor, olhai para as suas ameaças e concedei aos vossos servos que, com todo o desassombro, anunciem a vossa palavra. Estendei a vossa mão para que se realizem curas, milagres, prodígios pelo nome de Jesus, vosso santo servo!” (AT 4,24.29-30). Foi isso o que Deus lhes concedeu. Eles receberam “o dom da parrésia”. Foi isso o que eles, imediatamente, começaram a usar, anunciando a Palavra de Deus com desassombro. Realizando curas e milagres com intrepidez, eles se tornaram, realmente, “atrevidos no Espírito”. Foi esse “dom extraordinário” do Espírito que eles receberam naquela ocasião.
O que aconteceu?
“Mal acabavam de rezar, tremeu o lugar onde estavam reunidos. E todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam com intrepidez a palavra de Deus” (At 4,31).
É esta a graça que o Senhor quer dar à Sua Igreja. É este “dom extraordinário” que Ele quer que ponhamos em prática.
Trecho extraído do livro “Reinflama o carisma”
Monsenhor Jonas Abib
Veja também:
.: Conteúdo acessível também pelo