O homem só atinge a plenitude quando reconhece os direitos soberanos que sobre ele tem o Senhor. Ele é a nossa maior riqueza. Nossa alma e todo o nosso ser pertencem a Deus. Somos d’Ele. Pertencemos a Ele. Enquanto a pessoa não encontrar Deus e não reconhecer que Jesus é o Senhor e tem direitos sobre ela, não descobrirá Aquele que é a sua origem e o seu fim. Caminha por esta terra como alguém errante, que não sabe para onde vai nem de onde vem.
Na adoração, Deus quer reeducar cada um de nós, os seus filhos, a fazer essa experiência. Ele quer nos atrair para Si e nos ensinar o caminho que devemos seguir. Pela adoração, o homem reconhece que em Deus está a sua própria origem, que n’Ele está tudo aquilo de que precisamos e d’Ele tudo provém. A nossa vida está em Suas mãos e submissa a Ele. Ele é o Deus da nossa vida!
Pela adoração, cada pessoa reconhece a grandeza e majestade de Deus e a sua pequenez diante da grandeza do nosso Deus. Cada pessoa sabe que não merece permanecer na presença de Deus, mas, no Seu amor misericordioso, Ele nos acolhe e nos ama. Somos impulsionados a nos esvaziar. É verdadeiramente isso que realiza a adoração: faz-nos morrer para proclamar que Deus é o primeiro, o único, o Senhor e Rei. Que Ele seja servido e amado antes de tudo. Eis porque é pela adoração e na adoração somente que o homem se apresenta verdadeiramente a Deus, reconhecendo que é incapaz de falar-Lhe, de dirigir-se a Sua Pessoa; se Ele não a reergue, não a atrai para Si.
É preciso que o homem descubra, no íntimo do seu coração, que adora ao mesmo tempo essa dependência total, vital de Deus, e todo o amor misericordioso desse mesmo Deus, pois na adoração fazemos a descoberta e, ao mesmo tempo, a experiência desse amor que nos envolve, enche-nos, toma-nos, e reconhecemos, por Jesus, o Pai. Somos acolhidos. Somos amados e temos a certeza de que nos dirigimos a um Ser que é íntimo e nos conhece profundamente.
Pela adoração, o homem reconhece a sua necessidade de obedecer a Deus, a necessidade de estar na dependência de Sua vontade, reconhece que precisa inclinar-se e submeter-se diante da vontade do Senhor. Jesus ofereceu o maior ato de adoração ao Pai pelo sacrifício da cruz. Ele mesmo nos ensina: “Não a minha, mas a tua vontade…” (cf. Lc 22,42); “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou” (cf. Jo 4,34). A obediência une o nosso coração ao coração de Deus e nos faz reconhecer que Ele é a nossa herança, nossa maior riqueza, nosso maior patrimônio. Deus assim dirige-se a Santa Catarina de Sena:
Como é suave e gloriosa esta virtude que encerra em si todas as virtudes! Foi concebida e dada à luz pela caridade. Sobre ela está lançada a pedra da santíssima fé… ela é o próprio centro da alma, que nenhuma tempestade pode atingir… As privações não lhe causam aflição nenhuma, porque a obediência lhe ensinou a não desejar mais que a mim só, que posso, se quiser, realizar todos os seus desejos… Ó obediência que levas a cabo a travessia sem custo e chegas sem perigo ao porto da salvação! Tu te conformas ao Verbo, meu Filho Unigênito; tu tomas passagem na barca da Santíssima cruz, pronta a tudo sofrer antes que afastar-te da obediência do Verbo e a infringir a sua doutrina! Como a tua longa perseverança te faz grande! Tão grande que vais da terra ao céu, pois que é por ti e por ti só que é possível abri-lo.
Com certeza, você sentiu-se impelido a dar uma resposta com a sua oração. Como Maria, que cantou seu Magnificat, ore, cante, adore Aquele que tudo pode fazer em sua vida.
O Senhor faz em mim maravilhas. Santo é o Teu nome!
Deus o abençoe!
Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib
Trecho extraído do livro “Agora meus olhos Te viram!” do monsenhor Jonas Abib