Adorar é entrar em sintonia com Deus. Quando entramos em sintonia com Ele, tudo muda na nossa vida. Nós, então, O procuramos. Esse esforço faz com que a gente vá entrando em sintonia. Mesmo que você não consiga logo no começo, mesmo que demore, mesmo que as coisas dificultem a tentativa, a busca vai colocando você em sintonia. Deus então vai envolvendo, vai tocando e transformando você. Sua vida vai transformando.
Medimos nossa vida pelo nosso bem-estar no momento. Se estivermos bem, significa que está tudo bem. Se não estamos bem, logo, começamos a ficar ansiosos, perturbados. A própria tentação foi nos acostumando a ter sempre bem-estar, a estar sempre no conforto.
Não aguentamos nenhum tipo de dor ou incômodo. Assim que sentimos uma dorzinha logo procuramos um analgésico, ou então outras pessoas se encarregam de trazê-lo para nós para não sentirmos dor.
Não podemos medir nossa vida pelo bem-estar, pelo conforto do momento
Precisamos nos fixar no objetivo, na finalidade. Precisamos ter a visão completa do que Deus quer fazer de nós. E isso está expresso no livro do Gênesis: “Então Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem e semelhança'” (Gen 1,26). Esse “façamos” está no plural porque é como se o Pai, de acordo com o Filho e o Espírito Santo, dissesse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança”. Este é o objetivo da nossa vida: chegarmos a ser imagem e semelhança de Deus. Claro que nunca seremos deuses. Mas podemos comparar a um artista que utiliza um bloco de mármore para esculpir ali a imagem e semelhança de Deus. O artista está se esforçando, lutando para realizar aquela obra. Faz isso continuadamente e a evolução acontece. Ele trabalha naquele bloco de mármore até deixar a imagem bonita. É isso que Deus está fazendo conosco.
Ele pegou a matéria-bruta (o barro) e modelou o homem. Só que formá-lo de barro e modelá-lo, não é tudo. Feito o corpo, Deus agora começa a modelar em nós a Sua imagem e semelhança. Para adorar a Deus é preciso, da nossa parte, uma busca, uma procura. E na medida em que fazemos isso, nessa vibração, vamos cada vez mais nos assemelhando a Deus. Vibrando na sintonia de Deus vamos nos transformando. É por isso que precisamos adorar: para nos tornarmos imagem e semelhança de Deus. Assim poderemos viver com Ele por toda a eternidade.
Nossa vida desemboca na eternidade
Vida eterna não é uma vida que nunca mais vai acabar, mas é vida em plenitude. Nós temos um anseio de felicidade, de alegria e paz. Temos esse anseio de realização e vida perfeita. Tudo isso vai acontecer na eternidade. Nossa vida é cheia de dificuldades, doenças, desentendimentos, desencontros… É um verdadeiro vale de lágrimas, apesar de todo nosso esforço para melhorar. Compare essa vida presente com uma eternidade feliz, é para essa felicidade que fomos feitos. Não fomos feitos para ter momentos felizes. Não posso medir minha vida com a situação de conforto ou desconforto que tenho no momento. Mesmo assim, Deus está fazendo em mim a Sua imagem e semelhança também através da dor que estou vivendo. Não é que Deus queira que eu sofra, mas em tudo isso que estou vivendo, está me tornando imagem e semelhança dele.
Quando o artista pega o formão e o martelo, já calcula onde vai cortar, porque se não cortar certo, não conseguirá formar a imagem ou deixará faltando uma parte do corpo. O artista dá um golpe preciso. Isso dói. Provavelmente, o mármore reclama perguntando porque tiraram aquele pedaço dele. Só o artista sabe porque está cortando. Só Deus sabe porque permite que muita coisa seja cortada na nossa vida. Se pudéssemos optar, escolheríamos ser aquele bloco enorme, apegados e não querendo perder nada. Só que para sermos imagem e semelhança de Deus, Ele vai precisar cortar muito.
Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib