:: Amar a minha pequenez e a minha pobreza

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Hoje posso dizer a ela “Ave cheia de graça, bem aventurada, bendita!”

Foi assim que o anjo chamou Maria, chamou-a pelo nome. Em Gênesis, Deus falou à serpente que colocaria inimizade entre ela e a Mulher, entre a descendência da serpente e a da Mulher. O anjo disse a ela que para Deus nada é impossível e Maria deu o seu sim. Ela ainda era uma menina, Imaculada, pura e por isso pôde dizer “eis aqui a escrava do Senhor”. Ela esperava um Salvador como todos esperavam, mas nunca imaginara que Ele viesse dela. Era grande demais para ela, mas Deus a escolheu.
Como isso aconteceu já que era tão pequena? Porque para Deus nada é impossível. Deus faz as grandes coisas através dos pequenos. É do pequeno e do humilde que Ele manifesta a sua glória.

“O que agrada a Deus em minha pequena alma, é que eu ame a minha pequenez e minha pobreza. É a esperança cega que tenho em sua misericórdia”.

Para os orgulhosos é difícil acolher sua pequenez e assumir que é pequeno. Por isso assuma-se e ame-se. O que agrada a Deus, o que dá liberdade para Ele agir é:
primeiro; ser pequeno, pobre e humilde;
segundo; aceitar, assumir que sou pequeno.

Sou uma “poeirinha”, mas Deus olha para mim, põe os olhos em mim, como disse Maria. E isso acontece porque sou pequeno. Aceito, assumo e amo a minha pequenez. Maria nunca quis ser grande, por isso o Senhor olhou para Ela.

Meus irmãos, é daí que vêm as grandes datas. Quem era João XXIII? Ele que só queria ser um pároco de Igreja, viver uma vida de simplicidade, ele sabia que era pequeno. Mas Deus pôs seus olhos nele. Ele foi eleito Papa e como Maria deu o seu sim. Que maravilha Deus fez através dele, que foi chamado de “Papa bom”, porque sabia que era pequeno e também sabia que ali era inspiração de Deus.
Deus pode fazer coisas grandiosas nas pessoas que assumem seu nada.

Lembro que no início de meu sacerdócio, no começo de janeiro, Dom Antônio Miranda me chamou e disse “esse documento [Evangelli Nuntiandi] é muito sério, precisamos colocar em ação, comece como os jovens”. Eu vi nas palavras de Dom Antônio inspiração, mas ele não parou por aí. Ele foi me falando que “os batizados não são evangelizados. Faça alguma coisa!” Me senti pequeno diante de algo tão grande. Comecei com os jovens. Começamos os encontros com os Catecumenatos, e depois desafiei os jovens a darem um ano de sua vida a Deus. Doze jovens começaram comigo a experiência de largar tudo para ser só de Deus e evangelizar. Mas, alguém que estava sentada em sua cadeira disse que era muito sério, pois não seria só um ano, mas daria sua vida toda a Deus.

A única dos doze que começaram comigo que ficou até hoje foi a Luzia. É uma história de dois que tiveram a graça de, assim como Maria, assumir o seu nada. Lembro que a Luzia quando se confessou comigo só chorava mais que confessava. Naquele momento, ela assumiu sua pequenez. Faz 30 anos que o Papa Paulo VI assinou o documento que gerou a Canção Nova. E digo aos meus filhos de comunidade “o segredo, meu filho, é assumir sua pequenez. Se nós tivéssemos amado ainda mais nosso nada Deus teria feito ainda muito mais, mas mesmo assim Deus fez em nós maravilhas. É por isso que a Canção Nova existe”.

Assim também Deus fez com o padre Gilberto, que já faleceu, da Fraternidade Javé Salvador, Deus realizou muito através dele, de sua pequenez. “Deus faz quando assumimos que somos pequenos e pobres”.

“O que agrada a Deus, em minha pequena alma, é que eu ame a minha pequenez e minha pobreza. É a esperança cega que tenho em sua misericórdia”.

Para Deus nada é impossível, o segredo esta aí. Em qualquer coisa da Igreja é necessário aceitar e assumir a nossa pequenez e pobreza. Louvemos a Deus que faz o impossível naqueles que reconhecem a sua pequenez.

Transcrição: Manoela Almeida
Fotos: Natalino Ueda


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Padre Jonas Abib

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