Amor, ternura e oração

Transcrição da homilia do fundador da Comunidade Canção Nova, padre Jonas Abib

Diante de todas as discussões com os fariseus, Jesus foi misericordioso com eles, porque queria a salvação deles também. É assim que devemos olhar os outros, seja quem for, porque para Deus não há “lata de lixo”, não há “sucata”, todos são filhos d’Ele e é assim que Ele os trata, por mais errado que seus filhos andem. Às vezes, desesperamo-nos dizendo que temos rezado tanto, mas, justamente na nossa situação, Deus não se manifesta, de forma que nós desanimamos, pensando que é Deus quem age assim. Mas Deus não age conosco como se fôssemos marionetes, Ele nos fez livres e só assim podemos amá-Lo e ter a vida eterna. Sem liberdade não existe amor, e se as pessoas não se deixam tocar é porque estão se fechando.

Deus é tão providente que São Paulo se expressa na primeira leitura dessa forma: “Foi com muita ternura que nos expressamos a vós como uma mãe que acalenta os seus filhinhos” (1Ts 2,7). É assim que acontece o processo de conversão. Temos de aprender que é desta forma que precisamos levar o Evangelho da salvação aos nossos irmãos. Se não for pela misericórdia as pessoas não vão mudar.

O mundo foi sendo tomado de tal maneira pela iniqüidade, a qual foi nos envolvendo, de modo que se criou um clima. Por causa dessa situação, Deus escolheu para a nossa geração a misericórdia. Ele é o Pai das misericórdias. Nós [Canção Nova] queremos construir uma igreja para o Pai das misericórdias, porque somos chamados a usar de misericórdia com os outros. Você precisa amar o seu filho, seu irmão, seu pai, seja quem for que esteja no caminho errado. Como é duro amar uma pessoa assim! Mas é preciso buscar entranhas de misericórdia para amá-la.

Talvez você esteja muito machucado com as situações, mas mesmo assim precisa ter gestos de amor. Quantas pessoas tão próximas de nós precisam ser transformadas! É por isso que usar de amor e misericórdia não significa cruzar os braços, mas agir cheios de ternura, como diz São Paulo. Nesse processo, muitas vezes, o necessário não é falar, mas calar. Claro que é preciso discernimento, mas veja por você mesmo: ninguém agüenta uma pessoa falando na sua cabeça. É assim o processo de conversão.

Temos de ficar ativos, fazer de tudo, mas talvez já tenhamos falado demais, por isso é hora de calar e encher-se de esperança, de gestos de amor e carinho. Deus nos dá inspiração e criatividade para agirmos com essas pessoas que precisam de conversão. É preciso orar sem cessar. Se é preciso dar a vida, todo o restante é menos no processo de conversão das pessoas que amamos e precisamos ver transformadas. Não há amor maior do que dar a vida.

“Tanto bem vos queríamos, que desejávamos dar-vos não somente o evangelho de Deus, mas até a própria vida; a tal ponto chegou a nossa afeição por vós” (1Ts 2,8).

Estou pedindo ao Senhor para que Ele remexa em nossa vida e que, bondosamente, faça reacender em nós a chama do amor, da ternura e do carinho para que nós tratemos assim as pessoas as quais precisamos levar à conversão. É isso o que estamos pedindo, Senhor, que nós passemos da vontade para os atos. Reacenda em nós o dom da oração para que rezemos sem cessar, mesmo sem ver sinais de mudança. Assim como o Senhor nos concedeu a graça da conversão, queremos usar de amor, queremos orar, queremos pedir e insistir para que aquilo que o Senhor quer venha a acontecer. Pai das misericórdias, venha em nosso socorro.

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

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