Todo combatente é treinado. Misericórdia e perdão são o treinamento pelo qual o Senhor faz passar constantemente os seus valentes guerreiros.
‘Com efeito, se perdoardes aos homens as suas faltas, vosso Pai celeste também vos perdoará; mas se não perdoardes aos homens, também vosso Pai não vos perdoará vossas faltas’ (Mt 6,14).
Todos nós pecamos e precisamos do perdão de Deus. Ele quer tocar o nosso coração para nos abrirmos à graça do perdão. Porque, se não perdoarmos, não seremos perdoados.
‘Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso. Não vos arvoreis em juizes, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; absolvei, e sereis absolvidos, dai e vos será dado. É uma boa medida, socada, sacudida, transbordante, que derramarão nas dobras da vossa veste, pois a medida de que vos servis, servirá também de medida para vós’ (Lc 6, 36-38).
Se perdoamos, seremos perdoados; se condenamos, seremos condenados; se julgamos, seremos julgados.
Quando não perdoamos, fechamos o coração, e acabamos nos fechando a tudo: nos fechamos ao amor e ao perdão.
Tanto quanto Deus é amor, é também perdão. Deus quer sempre perdoar. Se não conseguimos enxergar isto, é porque estamos com o coração fechado.
Mesmo decepcionados com situações ou pessoas, rancorosos e vingativos, estamos sendo envolvidos pelo perdão do Pai. Mas Ele não pode nos atingir: nosso coração está fechado. Preciso repetir: mesmo quando estamos ressentidos, cheios de raiva e vingança, o Pai continua a nos amar e a nos envolver com Seu amor. Mas, nós é que não somos atingidos, porque estamos fechados.
O perdão só não acontece, porque não estamos dispostos a perdoar: conseqüentemente, não estamos dispostos a receber o perdão.
Se jogarmos um cantil fechado no mar, depois de um mês, ou até depois de cem anos, ele estará vazio: não entra nenhum pouquinho de água. Com toda a água do oceano ao seu redor, durante todo este tempo, o cantil poderia se encher, transbordar; mas isso não acontece, porque ele está fechado. Se o cantil estivesse aberto, em questão de segundos, estaria cheio de água.
A medida que usarmos para os outros, será a mesma usada para nós. É isso que o Evangelho nos diz: ‘se perdoarmos, seremos perdoados; mas se não perdoarmos, não alcançaremos o perdão. A medida com que medimos aos outros, seremos nós também medidos: com a mesma medida!'(cf Lc 6,37-38)
A palavra ressentimento quer dizer: sentir de novo aquilo que já havíamos sentido [re+sentir]. Se continuarmos guardando mágoas e ressentimentos, as veias do nosso coração ficarão todas fechadas. Não vai demorar para o nosso coração estar todo fechado.
Não temos o direito de ficar magoados com as pessoas que nos ofenderam, nos feriram… Não podemos ficar ressentidos e querer mal à pessoa, porque fez algo errado. Se agirmos assim, estaremos nos matando.
Quando você não perdoa, está se asfixiando. Não se trata de ter direito de não perdoar, porque foi a pessoa que errou. O direito que você tem é o de viver, não o de morrer. O ressentimento mata! Mata a alma e o corpo.
Na medida em que acumulamos ressentimento e decepção, vamos perdendo a alegria. No começo parece gostoso cultivar aquele sentimento de autopiedade, porque fomos ofendidos. Mas depois, vamos nos envenenando. Poderemos chegar à morte. Repito: chegar à morte da alma do corpo. E quantos morrem assim…
Precisamos estar com o coração totalmente aberto para que o perdão flua abundantemente. É preciso ter a coragem de vencer os ressentimentos, as mágoas, os rancores, a raiva. É necessário romper com todos esses sentimentos negativos. Eles geram doenças, geram morte.
O Senhor quer lhe dar a salvação. É preciso que você se abra.
Procure, pela inspiração do Espírito Santo, relembrar as pessoas e as situações que você precisa perdoar e faça gestos concretos de perdão.
Do livro Combatentes no Perdão Editora Canção Nova
Deus o abençoe!
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova