O homem que constrói sua casa sobre a areia está fadado a vê-la desmoronar com a chegada da ventania e da tempestade: Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína (Mateus 7,24-27).
Temos assistido ao triste espetáculo do desmoronamento das nossas casas. São lares confiados a nós por Deus, mas construídos sobre a areia. São famílias construídas na sabedoria do mundo.
Infelizmente, nossos lares deixaram de ser construídos na rocha: não são mais construídos em Deus.
Posso testemunhar a respeito da minha família: a vida dos meus pais foi, desde o começo, muito difícil. Enfrentaram grandes problemas, dificuldades e muita pobreza. Mamãe era filha do terceiro homem mais rico e elegante da cidade, cujo o carro era o único da região. Ela o auxiliava nos negócios. Quando papai chegou, era pedreiro, de condição humilde, simples e, devido a isso também, os dois enfrentaram problemas para se casar.
Daí papai para frente, mamãe passou a viver como se fosse deserdada, pois tinha se casado, contra a vontade do meu avô, com um pedreiro educado de maneira diferente à dela, com modos e comportamentos desiguais. Acostumada com o melhor, minha mãe casou-se e foi morar na roça. Depois, mudaram-se para São Paulo e passaram a morar num porão! Imagine tudo o que aconteceu: decepção, pobreza, dureza do dia a dia…
Meu pai era um homem justo. Desde os sete anos, já trabalhava com seus irmãos no trabalho duro de mata. Carregava naquelas carroças, rústicas e perigosas, grandes toras de madeira. Eram minha mãe e ele visivelmente opostos, tendo, então, motivos suficientes para não se entenderem; havia o que se poderia chamar de “incompatibilidade de gênios”, mas, graças a Deus, os dois sofreram muito, um com o outro e um pelo outro.
Minha mãe poderia largar tudo e voltar para casa do meu avô. Ela sempre cuidou dos negócios do pai; com certeza, meu avô precisaria dela novamente. Caso minha mãe voltasse, meu avô a receberia de braços abertos. Mas, graças a Deus, não desistiram. Lutaram, sofreram, rezaram, pediram, insistiram, temaram… e construíram um lar.
Que família bonita eles formaram! Eu não tenho outra explicação: sou fruto da imolação de meus pais. Sou um fruto para testemunhar ao mundo que vale a pena perseverar, suportar, amar. O Senhor nos diz, em sua Palavra, que para haver salvação e ressurreição é preciso haver sangue e muitas lágrimas. Sou fruto do amor sofrido de meu pai e de minha mãe. Tenho um irmão e quatro irmãs que também são frutos desse lar construído na dor dos meus pais. Tenho a certeza de que meus pais construíram a “arca” e nos deixaram a responsabilidade de continuar a construção.
Todos nós somos frutos de lares assim: de pai e de mãe que sofreram para construir. Quem constrói sabe que não existe construção fácil: é suado, dolorido, demorado, porém, bem alicerçado.
O Senhor nos chama a deixar a mentalidade que o mundo e a televisão nos têm transmitido, para sermos os reconstrutores desta arca de salvação que é a família, em base sólidas. Não mais construídas na areia, no egoísmo, mas reconstruídas no amor, em Deus. Isso significa doação, entrega, dor…
Não existe ato de amor mais lindo do que gerar, mesmo quando isso nos faz sofrer! O amor é doloroso como o parto!
O Senhor nos convida para sermos os construtores da nossa casa. E Ele próprio nos mostra os meios: a Palavra de Deus, a oração, os mandamentos divinos, o sofrimento acolhido com amor. Uma casa construída sobre a rocha, que é Deus.
Nossa geração aplaude os que vivem na infidelidade, no adultério, e nos induz a fazer o mesmo. Nossas famílias são violentamente agredidas.
Deus quer salvar você e toda a sua família. Você é o “Noé” que Deus escolheu para reconstruir a “arca”, que é a sua casa.
Deus o abençoe!
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova