Curados para amar

Trecho extraído do livro “Curados para amar” de monsenhor Jonas Abib

Tão grande és, meu Deus,
Tão grande és. Meu Pai.
Bondade sem fim, amor sem igual.

O Senhor quer que compreendamos que isso não é poesia. Não são palavras bonitas simplesmente. Sem fim que quer dizer sem fim mesmo. É bondade sem medida e amor sem igual. Não há nada que se iguale a esse amor.
Fizeste a promessa de jamais me deixar, sim, nunca me abandonas, Deus fiel serás.

Monsenhor Jonas Abib

Sinto, irmãos, que o Senhor quer que comecemos por acreditar em seu amor. Parece tolice, coisa inútil, mas nós acreditamos no amor de Deus. Há insistência da parte dele, porque é preciso que acreditemos verdadeiramente no amor de Deus por nós: que eu acredite que ele me ama, que você acredite que Deus o ama, que ele nos ama pessoalmente. É preciso que acreditemos que Ele é o Pai que tem bondade sem fim e amor sem igual por nós.

Na verdade, temos nos fixado muito mais nos nossos defeitos, nas nossas falhas, fraquezas, pecados, incapacidades e infidelidades do que no amor de Deus. Cada um de nós tem carregado um fardo pesado ao sentir-se como um patinho feio no meio dos outros. O Senhor ama, faz maravilhas, Ele é bom e concede graças, mas eu pessoalmente me sinto como se houvesse uma reserva em meu interior. É como se fossêmos envolvidos por uma sombra ou uma cortina. Nós, bem no fundo, acreditamos no amor de Deus, mas é aquele amor genérico. Quando se trata, porém, de acreditar no amor de Deus por mim, há uma nuvem que atrapalha e que impede.

Rasgarei todas as cortinas que impedem que vocês me amem.
Para que isso aconteça, sinto que o Senhor deseja primeiro rasgar as cortinas que nos impedem de receber o seu amor e n’Ele acreditar. O Senhor não nos está condenando e nem mesmo dizendo, vocês não acreditam no seu amor e na minha misericórdia! Se assim fosse, estaríamos carregando mais um fardo: o de não acreditar no amor de Deus.

Nada disso, Deus é cheio de bondade para conosco e quer fazer um verdadeiro trabalho de libertação em nós. E sabe por quê? Porque, em primeiro lugar, aquilo que o inimigo deseja é fazer-nos desacreditar do amor de Deus. O inimigo vai pondo diante de nossos olhos e em nossas mentes e, em especial, em nossos sentimentos, um peso naquilo que para nós é negativo. Que somos fracos, infiéis, pecadores, errados, é o que ele faz questão de pôr diante de nós, exceto quando se trata de pecar. Aí ele nos encoraja, diz que não tem problema, que não faz mal, afinal, quem foi que disse que é errado? É tão bom, não estamos prejudicando ninguém. Na hora de pecar, ele nos inflama. Depois, no nosso dia-a-dia, ele faz questão de nos mostrar os nossos pontos negativos. A própria tentação faz isso quando procura colocar diante de nossos olhos o que é negativo: nossas fraquezas, erros, incapacidades, infidelidades, pecados do passado e até coisas como pensar que não sou bom de oração, que não sou perseverante e nem constante, vou e volto, melhoro e pioro; sou incapaz de ter aquela vida espiritual contínua; não tenho firmeza na oração todos os dias; não consigo ser firme na palavra de Deus diariamente. E assim o inimigo vai criando em nós um complexo de infidelidade e de incapacidade no qual acabamos por acreditar. E assim caímos como um patinho na maneira de agir do inimigo.

Além dessa obra maligna, porém, há o lado humano da questão. Infelizmente, não fomos educados para acreditar no amor de Deus. Pelo contrário, toda a nossa formação, quer no lar quer na rua ou em nosso bairro, na escola, nas aulas de catecismo que tivemos, na igreja que freqüentamos, na forma de agir e de pensar das pessoas, enfim, toda a nossa educação foi concebida para que não acreditássemos no amor de Deus. Fomos ensinados a crer num Deus severo, punitivo e vingativo, que não conhece meios termos. Crescemos com medo de Deus, assustados, medrosos e sem coragem de olhar nos seus olhos. Cantamos músicas sobre grandeza de Deus:Tão grande és, meu Deus, tão grande és meu Pai, bondade sem fim sem igual.
Fizeste a promessa de jamais me deixar.

E cantamos para valer! Infelizmente, porém, cantamos de modo genérico. Sim, Deus é bom, Ele é Pai, Ele opera na vida dos outros, entretanto, quando se trata de nossa vida, estamos muito mais atentos aos nossos pontos negativos do que aos positivos. Uma vez mais entra em cena um Deus de ira que quer ajustar as contas conosco; um Deus burocrático que nos avalia pela duração de nossas orações, pelo tempo gasto na leitura da sua palavra, pelo tempo gasto na leitura da sua palavra, pelo grau de fidelidade às suas graças. Assim é que somos educados. Conseqüentemente, torna-se muito difícil para nós acreditarmos no amor de Deus, em sua paternidade, em sua misericórdia para conosco. Deus é tão diferente daquela imagem distorcida que nos foi passada, sempre atento às nossas falhas, pronto a nos castigar. Sim, Deus vê minhas falhas e meus erros, mas Ele é um Pai disposto a me ajudar, a curar minhas feridas e a vir em socorro dos meus machucados. Eis o Pai que Deus é. Todavia, sentimos dificuldade em crer nisso.

Volto a insistir: há um tipo de sombra envolvendo nossa mente, nosso coração e nossos sentimentos. Esta sombra a que me refiro é o resultado da ação diabólica e da educação que recebemos, uma educação alheia à fé, impregnada de medo. O Senhor, bondosamente, deseja remover essa sombra e rasgar a cortina do medo.

Senhor, estamos agora te pedindo que o faça, porque mais do que convencer-nos com idéias, tu queres realizar essa obra em nós.

Tu, Senhor, vês a cada um de teus filhos e filhas que aqui estamos, sobre os quais paira essa sombra e pesa um fardo. Senhor, eles não têm culpa, foi o inimigo quem fez isso.
Senhor, ele continua nessa opacidade para que não vejam, não sintam e não acreditem no teu amor. Eles lhes tira a capacidade de crer em teu amor. Pedimos-te agora, Senhor, rompe tudo isso com a tua luz.

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