Dom Damasceno Assis fala do dom da vida do monsenhor Jonas

Homilia do presidente da Conferência Episcopal Latino-Americana (Celam) e arcebispo de Aparecida (SP), Dom Raymundo Damasceno Assis, na missa de entrega do título de “monsenhor” ao fundador da Comunidade Canção Nova, padre Jonas Abib.

O bispo desta igreja particular não pode comparecer nessa cerimônia na qual nós outorgamos esse título concedido pela Santa Sé ao Padre Jonas, o título de monsenhor, por se encontrar em tratamento médico. Pediu-me, então, que eu o representasse e presidisse essa Celebração Eucarística, e o representasse nessa cerimônia de entrega do título de monsenhor ao padre Jonas Abib.

Eu o represento com muita alegria e com muita satisfação, embora com esse pesar pela ausência do Dom Beni, nesta cerimônia que ele certamente estaria aqui presente com muita alegria e com muita satisfação. Porque, como sabemos, o título de monsenhor é sempre pedido pelo bispo local de uma igreja particular para um sacerdote ao qual ele quer prestar um reconhecimento pelos seus trabalhos. Não só no âmbito da Igreja particular, aqui no caso de Lorena, mas também pelos trabalhos prestados à Igreja no Brasil e no mundo inteiro.

E é o caso do monsenhor Jonas Abib. Nós sabemos que ele tem prestado uma colaboração muito grande à Igreja no campo da evangelização, sobretudo através dos meios de comunicação social, rádio, televisão e internet. E nós sabemos que o seu trabalho vai para além das fronteiras do Brasil, porque a Canção Nova está presente também em outros países, na Europa, no Oriente Médio, não sei se na África, de modo que sua ação se irradia muito mais além aqui dos limites dessa igreja particular, em Lorena. De modo que eu me associo ao Dom Beni nos seus cumprimentos, nas suas felicitações ao monsenhor Jonas Abib. Associo-me também a alegria, às felicitações de todos os membros da Canção Nova e a todos que colaboram com essa obra importante de evangelização no Brasil e além das fronteiras do Brasil.

Meus parabéns, padre Jonas, por esse título que recebe tão merecidamente da Santa Sé, a pedido do seu bispo, Dom Beni.

Certamente, um título como esse, como nos lembrava nosso irmão Dom Beni, coloca monsenhor Jonas agora mais próximo do coração do Papa, e certamente o compromete mais ainda na sua missão de evangelizador, não só aqui no Brasil, mas para além do Brasil. Um compromisso de uma estreita comunhão cada vez mais com o Santo Padre e também com o Colégio Episcopal.

Faço voto, portanto, monsenhor Jonas, que seu trabalho cada vez mais cresça, torne-se cada vez mais frutífero para o bem de toda a igreja no Brasil e para além do Brasil.


Nós estamos hoje, queridos irmãos, celebrando a memória de um grande santo bispo que foi mártir, Santo Inácio de Antioquia. É um dentre os padres chamados apostólicos, porque conviveu certamente com alguns dos apóstolos. Ele pertence a essa geração de cristãos do primeiro século, foi martirizado no início do segundo século sobre o imperador Trajano. Foi o terceiro sucessor de Pedro na Cátedra de Antioquia, cidade que hoje se encontra no território da Turquia.

Santo Inácio de Antioquia foi esse grande pastor, zeloso pela sua Igreja. Sobretudo, trabalhou muito pela comunhão na Igreja e também em defesa da doutrina autêntica da Igreja, da Tradição e da Escritura.

Santo Inácio, como nos lembra as leituras de hoje, sobretudo a primeira leitura de São Paulo aos Filipenses, foi justamente esse bispo que tinha essa convicção de que nós somos cidadãos do céu. E, por isso, ao ser preso, ao ser acorrentado e levado para Roma, onde sofreu o martírio, ele fez essa viagem com grande entusiasmo e alegria, desejando inclusive ser mártir, pedindo a todos aqueles que tivessem alguma influência juntos as autoridades que não fizessem nada a seu favor, que não impedissem seu martírio. Ele caminhou para o martírio com alegria, com aquela certeza, com aquela convicção de que nós somos cidadãos dos céus. Após a nossa morte, nós somos configurados ao Cristo glorioso, ao Cristo ressuscitado, vencedor da morte, vencedor do pecado, vencedor do demônio.

Portanto, queridos irmãos e irmãs, ao celebrarmos essa memória, esse dia aqui na Canção Nova é um dia também significativo para essa associação, uma vez que neste dia o monsenhor Jonas recebeu esse título da Santa Sé. Nós também somos convidados, justamente como nos fala o Evangelho, a fazer de nossa vida, uma entrega uma doação a serviço da Igreja, do evangelho, do reino de Deus. Porque “o grão de trigo que cai na terra, se ele não morrer, não produz frutos. Mas se morrer, produz muitos frutos”.

Logo em seguida, o Evangelho faz aplicação também dessa parábola do grão de trigo a cada um de nós. Se quisermos guardar a nossa vida para nós, vamos perdê-la, mas se perdemos a nossa vida por causa do Reino de Deus, vamos, então, salvá-la, vamos garantir a vida eterna.

Eu creio que Santo Inácio nos dá esse exemplo. “Caminho para o martírio com a certeza da ressurreição”. Uma esperança de chegar à glória junto de Deus. Por Ele, enfrenta a morte com alegria, enfrenta a morte com tranqüilidade, porque para Ele a morte não é um fim; é apenas uma porta que se abre para a verdadeira vida junto de Deus.

Ao celebramos esse título ao monsenhor Jonas Abib, nós também podemos ver nele essa pessoa que entregou sua vida totalmente a serviço do Evangelho, a serviço da Igreja.

Aqueles que vivem apenas preocupados com os bens, nos lembra também a carta de São Paulo aos Filipenses que nós acabamos de escutar, evidentemente não têm nenhuma esperança. Para eles, não existem nenhum futuro para além dessas vidas, para além dos horizontes deste mundo, e por isso se entregam a toda a sorte de prazer, se escravizam aos bens materiais.


Mas, para nós, cristãos, nós estamos a caminho da verdadeira pátria, da pátria definitiva, e por isso alimentamos nossa esperança que se apóia na fé. Uma esperança que nos impulsiona também a fazer da nossa vida uma entrega, uma doação a Deus na construção do seu Reino e a nossos irmãos, sobretudo dos mais necessitados. Somente nesta perspectiva que a nossa vida tem sentido, tem razão de ser evidentemente.

Como diz o provérbio, “quem não vive para servir, também não serve para viver”. Aprendamos, portanto, de Santo Inácio a olharmos também a nossa morte não como fim último, mas justamente como uma entrada na verdadeira vida, na vida em plenitude junto de Deus. E procuremos também, a exemplo dele, como discípulos e missionários de nosso Senhor Jesus Cristo, fazer de nossa vida uma entrega total ao Reino de Deus, procurando construir esse mundo dentro do projeto de Deus, mais justo, mais fraterno, mais humano, mais solidário e por isso mesmo com muito mais paz, que é fruto sempre da justiça, mas também da solidariedade. Um mundo com muito mais amor.

Peçamos nesta nossa Celebração Eucarística pela Comunidade Canção Nova, pelo Monsenhor Jonas Abib, para que continue com toda essa generosidade e com toda essa alegria e dedicação, colocando a sua vida ao serviço do Reino de Deus, ao serviço do Evangelho, procurando despertar em todos esse ardor e entusiasmo missionário, como nos pede a V Conferência Geral dos Bispos da América Latina e do Caribe, realizada no mês de maio passado em Aparecida.

Que Deus o proteja, monsenhor Jonas, o conserve sempre disposto com um coração generoso nos trabalhos aqui na Canção Nova e no serviço da Igreja no Brasil e no mundo, abençoe toda a sua obra e a faça frutificar cada vez mais.

Louvado seja o nosso Senhor Jesus Cristo!

Transcrição: Willieny Isaias
Fotos: Renan Félix

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