Agora, é preciso abrir o coração para viver um tempo novo, um tempo novo diante da grandiosidade do que Deus nos apresenta. O Senhor nos prometeu: “Meus olhos estarão abertos e meus ouvidos atentos à oração feita neste lugar, pois agora escolhi e santifiquei esta casa dedicada a meu nome para sempre. Meus olhos e meu coração estarão nela todo o tempo” (2Cr 7,15-16). Agora é o tempo da graça, o tempo oportuno. Tudo o que ficou para trás precisa ser deixado no coração de Deus. Não fique se lamentando, não fique mais com os olhos voltados somente para os problemas. Olhe para o Senhor. Os olhos d’Ele estão voltados para você e para a sua casa.
No número 83 do seu diário, Santa Faustina traz o que Jesus mesmo lhe disse a respeito do que significa esta intensificação da Sua Misericórdia nesses tempos: “Escreve isto: Antes de vir como justo Juiz, venho como Rei da Misericórdia…”. O Senhor quer atingir cada um pessoalmente, penetrar a nossa consciência e o nosso coração com a graça avassaladora da Divina Misericórdia, capaz de nos transformar em homens e mulheres novos.
O Senhor não nos quer mais olhando para os nossos pecados. Ele nos chama a sermos adoradores para experimentarmos a Sua Misericórdia. A adoração não é para os perfeitos nem para aqueles que já chegaram a um alto grau de santidade. A adoração é para nós, pecadores, que sentimos a força do pecado em nós. São Paulo dizia que sentia o pecado como duas naturezas, duas forças se debatendo uma contra a outra em seu interior: “Não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero” (cf. Rm 7,19). São Paulo não era um recém-convertido quando escreveu essa carta aos romanos.; ele já tinha sofrido muito por Cristo e se transformado bastante, e mesmo assim ainda sentia dentro de si essa luta que acontece com todos nós.
Beethoven foi um grande músico, mas era surdo. Seu pai era neurótico e batia a cabeça do filho na parede. Com isso, Beethoven, ainda menino, foi perdendo a audição. Para escutar o que compunha, ele encostava o ouvido no piano e sentia a vibração das cordas. A música estava na cabeça dele, e ele a escrevia, mas sem escutá-la. Beethoven não queria ser surdo, mas era, e justamente por isso ele lutou contra a surdez e fez coisas maravilhosas. Em geral, dizemos que somos pecadores, fracos, maliciosos, neuróticos, sensuais; e porque nos sentimos assim, entregamo-nos e acabamos nos tornando mais sensuais, mais vaidosos, brutos e egoístas. Mas é preciso fazer como Beethoven: aproveitarmos da doença que temos, que se chama pecado, como trampolim para subir alto.
Deus não nos deixa na rotina. De tempos em tempos, Ele nos traz coisas novas. O Senhor vai desdobrando o que Ele mesmo criou, vai nos apontando realidades novas e nos conduzindo por rumos novos, que antes nem podíamos imaginar. “Isto é obra de Deus: admirável aos nossos olhos.” Um coração que adora o Senhor não perde a capacidade de se maravilhar diante dessa obra de restauração que Deus realiza. Não temos como parar. Não temos como envelhecer. Somos e seremos sempre novos quando nos abandonamos nas mãos de Deus.
Deus o abençoe!
Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib
Trecho extraído do livro “Agora meus olhos Te viram!”, de monsenhor Jonas Abib