Espírito Santo no dia a dia

O Senhor quer nos convencer de que ter o Espírito Santo e ser por Ele batizado não é algo apenas para o momento do nosso batismo, mas é como uma fonte que brota dentro de nós, do nosso interior, quer dizer, do mais profundo do nosso ser, lá onde Deus e a Trindade habitam e de onde jorra água viva. O Senhor deseja que esse rio continue a fluir.

Todo rio nasce de um pequeno olho d’água. A vivência no Espírito Santo deve ser contínua, e não apenas para certos momentos. O Senhor quer nos convencer disso. Assim, em nossa vida não pode haver apenas alguns momentos sagrados, como quando vamos à Santa Missa nos domingos, ou quando participamos de um grupo de oração durante a semana, ou de uma reunião qualquer. O Senhor quer convencer-nos de que não é assim; de que sua Palavra não é condenação, e sim caminho para nossa salvação. Deus quer que toda a nossa vida seja sagrada e que entendamos que a vida no Espírito é para ser vivida de forma concreta, no dia a dia.

Um bom exemplo é a relação marido e mulher. Por que tantas vezes marido e mulher não se entendem? Porque cada um tem um histórico de vida – a gestação, a infância, a maneira como foram educados por seus pais (uma educação rude e autoritária ou uma educação liberal demais que os fazia sentir-se rejeitados), a escola, como foram informados sobre sexualidade, as rejeições da adolescência, quando eram jovens e cheios de ideais. Tais marcas acabam incidindo no casamento.

A partir desse exemplo fica mais fácil entender por que acabamos ferindo as pessoas que mais amamos. É como um recipiente cheio d’água que, a certa altura, começa a transbordar. Conosco também ocorre o mesmo; derramamos aquilo que está em excesso dentro de nós justamente sobre as pessoas que mais amamos, como é o caso de marido e mulher. Continuemos.

O marido tem certeza de que sua mulher o ama, uma vez que ela já lhe deu muitas demonstrações disso, mas mesmo assim ele se excede com ela. Às vezes, não se trata de nada grave, contudo derramou sobre ela todo o seu negativismo, que geralmente não tem uma causa, sendo apenas reflexo do passado. Certamente esse marido precisa de muita cura e libertação. E a beleza de tudo isso é que o Senhor quer nos curar e libertar. Por isso, é preciso buscar a cura dessas coisas concretas.

Tal comentário não tem a intenção de manifestar que as mulheres sejam santas e os maridos pecadores, porque o mesmo acontece com elas. Quantas e quantas vezes o marido chega em casa e a mulher derrama sobre ele uma enxurrada de reclamações que ele nem sequer entende. Elas sempre arrumam uma dificuldade: ele entrou em casa com o pé sujo, derramou qualquer coisa no chão, não lhe deu atenção nem foi carinhoso, enfim, uma infinidade de queixas, que quando analisadas, descobre-se que não são o verdadeiro motivo do desentendimento. Possivelmente, uma simples atitude tenha sido a gota que fez o recipiente transbordar. Então, em virtude de um passado doloroso surgem aqueles enormes problemas entre o casal.

Uma hipótese é que a esposa talvez tenha sido humilhada e rejeitada desde a infância. Deus caprichou nas mulheres e as criou cheias de amor, mas pode ser que essa mulher [de que falei acima] não tenha conseguido amar nem ser amada, pelo contrário, foi ignorada e mesmo manipulada, inclusive, em casa. Ela carregava toda essa carga quando se casou com seu marido. Além de experiências dolorosas dos namoros e da sexualidade que experimentou. Quanta frustração sexual! Ninguém lhe permitiu que crescesse como mulher, em sua feminilidade, porque sexualidade não se resume a um órgão genital e ao prazer. Talvez tenha sido reprimida naquilo em que é mais ela mesma, por causa da educação recebida em casa, que não condizia com o seu interior. Ela observava o comportamento das colegas e o que mostravam os romances, as novelas e filmes. Quem sabe ela tenha até sonhado e mesmo tentado vivenciar tais acontecimentos, mas sentia que não condiziam com seu interior. Foram experiências interiores ruins e sofridas de incapacidade de ser o que se é. Nosso ser sofre por não conseguir ser aquilo que Deus criou.

Tudo isso foi mencionado para que entendamos que a vivência no Espírito Santo de Deus deve atingir a nossa vida concreta. É essa a pretensão do Senhor.

Se você se considera uma pessoa de “pavio curto”, ou seja, que se excede com facilidade, quando menos se espera, com qualquer um… Caso sinta isso, é um sinal de que precisa de cura. Jamais se deve esquecer esta verdade: Deus não está longe, o Espírito não está longe, portanto, a cura está próxima, porque o Espírito de Deus repousa sobre nós e nos cura.

(Trecho extraído do livro “Curados para amar” de monsenhor Jonas Abib)

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