Mas existe também outro reino. Acompanhe a leitura:
Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou- o no ponto mais alto do templo e disse-lhe: “Se és Filho de Deus, joga-te daqui abaixo! Pois está escrito: ‘Ele dará ordens a seus anjos a teu respeito, e eles te carregarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’”. Jesus lhe respondeu: “Também está escrito: ‘Não porás à prova o Senhor teu Deus’” (Mt 4,5-8).
Descaradamente, o demônio disse para Jesus: “Portanto, se me adorares, tudo isso será teu”. Jesus, então, rechaçou a tentação do inimigo, mas não contestou o que ele disse. Se fosse mentira, Jesus o contestaria dizendo: “Mentiroso, não é isso. Você não pode dizer que estes reinos te foram dados. Tu não podes dizer que os pode dar a quem quiseres”.
Jesus chama o demônio de “príncipe deste mundo”. E o que é um príncipe? É alguém que governa e tem um território sob o seu domínio. O demônio não é rei, e sim príncipe. Jesus nunca o chamaria assim se ele não o fosse de fato. Você pergunta: mas como isso aconteceu? Como sabemos, Deus sempre confiou missões aos anjos. Conhecemos, por exemplo, pela Bíblia, as missões do anjo Gabriel e do anjo Rafael – por isso, a palavra “anjo” quer dizer “mensageiro”.
Bendizei o Senhor, vós, seus anjos, heróis fortes que executais suas ordens, obedecendo sua palavra! Bendizei o Senhor, vós, todos seus exércitos que o servis e executais suas vontades! Bendizei o Senhor, vós, todas suas obras, em todos os lugares onde ele domina! Minha alma, bendize o Senhor! (Sl 102,20-22).
No entanto, Deus confiou a grande missão a um anjo dotado por Ele da maior sabedoria, inteligência e beleza: Lúcifer. E qual era a missão dele? Preparar a terra e a humanidade para a implantação do reino de Deus.
O reino de Deus já existia nos céus, mas Ele quis também criá-lo na terra. Assim, além dos anjos, quis também a nós, os humanos, que são feitos de matéria. Justamente para isso Ele mandou seu Filho: Jesus seria o rei, o Senhor deste mundo. O Pai deu de presente a seu Filho este reino para que o governasse. O plano era fazer a vontade de Deus, já realizada no céu, também na terra. Deus queria um céu na terra, com amor, paz, justiça, verdade, felicidade, alegria, canto, riso.
Desse modo, Ele dotou Lúcifer de muitos dotes e anjos, a fim de preparar a humanidade para receber o Filho de Deus. Porém, quando revelou a ele seu plano de enviar Jesus à terra como ser humano humilde – Deus amava tanto a humanidade que quis que o seu Filho se fizesse homem também, para viver e falar do nosso jeito – e que serviria tanto ao Filho de Deus como à mulher que daria a luz a Ele –, o anjo explodiu e disse: “Agora, não! De jeito nenhum, feito homem, humilde, pobre. Um humano não! E muito menos essa mulher. Ela vai ser mãe de um homem. Não vou servir a Ele e muito menos a ela. De forma alguma!”
Rebelou-se e convocou os anjos que estavam a seu serviço. Como era inteligente, sábio e perspicaz, sabia convencer os outros. Então, criou uma revolução, posicionando-se contra Deus.
Nesse momento, Deus podia aniquilar a ele e todos os seus anjos, mas não o fez, pois não é Deus de destruição, de morte, e sim de vida. E já tinha no seu coração um plano.
Preste bem atenção: a partir do momento em que Lúcifer se rebelou – ele que foi criado para preparar este mundo e esta humanidade para a vinda do Filho de Deus e a implantação do reino dos céus –, ele se pôs a atrapalhar. A vida de Lúcifer e todos os seus dotes convergiram para impedir este mundo de receber o Filho de Deus. (continua no próximo post)
Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib
Trecho extraído do livro “Céus novos e uma terra nova” do monsenhor Jonas Abib