Homilia: Entrega e humildade

No Evangelho de hoje, Jesus coloca as coisas muito às claras. Ele nos fala da ressurreição, da glória e da espera pela vinda d’Ele, mas, naquele momento, as pessoas estavam percebendo que Ele era mais do que um Messias; pois muitos já proclamavam que Ele era o Filho de Deus.

As pessoas pensavam que Jesus Cristo iria para Jerusalém para se proclamar rei, tomar posse, “virar a mesa”, banir os romanos e fazer da cidade santa, um lugar glorioso. Só que o Senhor faz justamente o contrário: “Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos sumos sacerdotes e aos mestres da Lei. Eles o condenarão à morte, e o entregarão aos pagãos para zombarem dele, para flagelá-lo e crucificá-lo. Mas no terceiro dia ressuscitará” (Mt 20,18-19).

Logo depois que Cristo disse isso, vem a mãe dos filhos de Zebedeu, aproxima-se d’Ele e pede-Lhe: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda” (Mt 20,21). Mas ela está se referindo ao reino que todos pensavam que Ele fosse fundar em Jerusalém, ou seja, ela não entendeu nada. Então, o Senhor vai à frente e diz: “Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. Entre vós não deverá ser assim” (Mt 20,25), e acrescenta: “Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos” (Mt 20,28). Aqui Ele chega ao máximo quando diz que o assunto abordado ali era “dar a vida”.

Meus irmãos, porque acontece conosco o que aconteceu com Jeremias? Nós estamos em guerra e o inimigo é inclemente. Jeremias estava do lado do Deus verdadeiro, enquanto o povo estava se perdendo no pecado e na orgia. Nós, apesar das nossas falhas, estamos do lado de Jesus, embora, muitas vezes, não sejamos capazes de perceber o que o inimigo faz conosco. Este usa de pessoas próximas a nós e que nos cercam no dia-a-dia para nos atingir, como marido, esposa, filhos, pai e mãe. Ele acaba usando também de chefes, mestres-de-obras, de companheiros de serviço, nos trabalhos de Igreja… E, então, nós passamos por situações que nunca imaginávamos passar. Aí ficamos desanimados, porque somos do Senhor, mas vêm a doença, a calúnia, a apunhalada pelas costas e nos perguntamos: “Onde é que está Deus?” Então, decepcionamo-nos com o Senhor e largamos tudo, revoltamo-nos contra Ele, afastamo-nos e, muitas vezes, Lhe damos as costas.

Sem que percebamos que quem está fazendo isso conosco é o inimigo, justamente porque somos filhos de Deus. Nem precisamos ser grandes servidores, basta que estejamos do lado do Senhor para que o demônio comece a conspirar contra nós. Não abandone o Senhor, não vire as costas para Ele.

A respeito de Jeremias, diante daquela conspiração tremenda, ele diz ao Senhor: “Atende-me, Senhor, ouve o que dizem meus adversários. Acaso pode-se retribuir o bem com o mal? Pois eles cavaram uma cova para mim. Lembra-te de que fui à tua presença, para interceder por eles e tentar afastar deles a tua ira” (Jr 18,19-20).

O Salmo de hoje não somente diz “Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus”, mas também: “Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, porque vós me salvareis, ó Deus fiel!” (Sl 30)

É isso o que eu e você precisamos fazer, mas para isso nós necessitamos do Espírito Santo. Precisamos ser plenos, repletos d’Ele, assim como os balões que, cheios de ar, ficam leves e começam a subir. Nós precisamos estar, constantemente, repletos do Espírito Santo.

Padre Jonas Abib

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