Conhecemos esse fato do Evangelho de hoje. Os judeus começaram a buscar situações e motivos para condenar Jesus. Nos dias passados, especialmente por causa da ressurreição de Lázaro, quando o povo estava todo se voltando para Jesus, os chefes do povo e os doutores da lei já tinham declarado a morte do Senhor. Eles só buscavam uma ocasião para isso, porque tinham de ter um motivo para matá-Lo. Só não o fizeram antes porque o povo estava ao redor e confiava em Jesus.
Os judeus não aceitavam pagar tributos a César, mas eram obrigados a fazê-lo. Aquilo ficava como algo rançoso dentro deles e, comentavam sobre aquilo entre si. É por isso que os publicanos eram odiados, pois eram judeus que trabalhavam na cobrança de impostos. Ao perguntarem a Jesus sobre o pagamento de impostos, eles colocaram a situação para o Senhor de tal maneira que Ele só poderia dizer sim ou não: “É lícito ou não pagar imposto a César?”
Se Jesus dissesse: “Sim, paguem-nos”, Ele diria algo contra todo pensamento dos chefes deles e do próprio povo que não queria pagar esses impostos aos cobradores. De forma que então teriam um motivo para condená-Lo, porque Ele estaria sendo contra seu próprio povo, e seria um enganador para eles. Mas, por outro lado, se Ele dissesse: “Não, não paguemos esses impostos”, eles e os chefes deles poderiam dizer ao governador romano que Cristo era um sedicioso, que estava pregando-lhes que não fizessem esse pagamento a César. De forma que poderiam alegar que o Senhor estava promovendo uma revolução.
Nós, porém, vemos de que maneira maravilhosa o Senhor saiu dessa situação. Jesus tinha sabedoria humana, mas muito mais do que isso, Ele se deixava conduzir pelo Espírito Santo. Nessa expressão, que Jesus usou, nós encontramos algo a mais: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Então, meus irmãos, o Evangelho é para nós, ele acontece hoje.
Os romanos eram inclementes e os cobradores de impostos, que viviam a serviço deles, eram igualmente inclementes. Quisessem ou não, as pessoas tinham de pagar impostos. Jesus, então, utiliza uma “gangorra”, ou seja, a mesma necessidade que você tem de dar a César o que é de César, tem de dar a Deus o que é de Deus. Mas o Senhor está nos dizendo, hoje, que naquela época, para dar a César o que era de César, eles davam de má vontade, por obrigação, criticando, murmurando. Mas dar a Deus o que é de Deus tem de ser de todo coração.
O que é de Deus? Tudo, especialmente você, eu. Eu pergunto a você: Quem é de Deus? Eu sou de Deus. O que você fez para viver? O que você fez para ser cristão? O que você viveu para ter essa graça de encontro pessoal com Jesus? O que você fez para ser consagrado, a não ser acolher, aceitar? Então, meu irmão, você é de Deus.
É preciso que de todo coração você dê a Deus o que é d’Ele, porque você deve dizer assim: Nada é meu, nem mesmo a minha vida é minha. Então, eu não faço favor nenhum para Deus, é unicamente um gesto de gratidão que eu faço dando a Ele o que é d’Ele. Qual o seu mérito? É dar de todo coração, dar porque você quer.
No Antigo Testamento, no livro de Deuteronômio, encontramos o anúncio, a oração mais importante para o povo judeu: “Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças. Os mandamentos que hoje te dou serão gravados no teu coração. Tu os inculcarás a teus filhos, e deles falarás, seja sentado em tua casa, seja andando pelo caminho, ao te deitares e ao te levantares. Atá-los-ás à tua mão como sinal, e os levarás como uma faixa frontal diante dos teus olhos. Tu os escreverás nos umbrais e nas portas de tua casa.” (Dt 6,4-9). Devemos falar e proclamar essa verdade também para os nossos filhos, e a partir deles para todos os outros. Devemos ensinar e proclamar isso para eles: “O Israel de Deus, hoje, sou eu”.
“Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças”. Aí está o nosso mérito e também o nosso dever. Se for para amar a Deus, é também para servi-Lo. Não existe uma coluna do meio, pois o caminho da esquerda é escorregadio e qualquer um de nós, especialmente nossos filhos e nossos jovens, são levados. O mundo está cada vez mais sedutor. Quem está na coluna do meio já está começando a escorregar lodo abaixo. É uma luta, por isso, é preciso ser de coração, com toda a nossa alma. É preciso que sejamos de Deus, mesmo que seja com nossos joelhos dobrados em oração.
“Eu quero, eu preciso ser inteiramente do Senhor, meu Deus”. É por isso que eu faço o sinal da Cruz: em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Eu sou de Deus!
Padre Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova