No Evangelho de hoje, nós vemos a seqüência dos últimos dias das homilias. No primeiro momento, nós vemos os fariseus criticando Jesus quanto ao jejum. Ontem, o Evangelho mostrava os mesmos doutores da lei criticando Jesus e seus discípulos, que passavam por um trigal e, por estarem com fome, pegavam as espigas de trigo, debulhavam-nas e as comiam. Para os fariseus, aquilo era um pecado por ser num dia de sábado.
Hoje, o Evangelho mostra Jesus na sinagoga com os escribas. Estes estavam atentos para ver se o Senhor iria curar alguém num dia de sábado. Percebendo o que eles estavam pensando, Jesus os provoca e chama aquele homem, cuja mão era seca, para o centro da sinagoga e lhe pede que estenda a mão. Imediatamente, sua mão ficou curada. Percebendo que todos O observavam, Jesus ficou cheio de ira e de tristeza porque eles eram duros de coração.
Assim, não sabemos quem era mais doente: se o homem da mão seca ou aqueles escribas, fariseus, doutores da lei, pessoas que ensinavam e conduziam o povo dentro dos caminhos de Deus. Qual doença era pior: uma mão entrevada ou um coração endurecido?
Meus irmãos, hoje é o dia em que Jesus quer operar as duas curas. Pois os sofrimentos, principalmente a nossa má vontade, a nossa pouca fé e os nossos pecados vão endurecendo os nossos corações. Por descuido, ressentimentos, decepções, maldades, raivas, rancores cultivados e vingança, nós acabamos ficando com o coração endurecido, mas o Senhor quer curá-lo.
“O Senhor quer curar o meu coração endurecido. Eu preciso, Senhor. Talvez eu nem tenha percebido até hoje como o meu coração estava insensível. Cura, Senhor, o meu coração endurecido”.
Que durante todo o dia de hoje o Senhor cure o seu coração endurecido. Ou pode ser que nós sejamos homens ou mulheres de “mãos secas”. Somos cristãos, somos católicos, mas, muitas vezes, nós buscamos de Deus que Ele atenda as nossas necessidades e traga cura e solução para nós. Que Ele dê um jeito em nosso casamento, nos filhos, nos pais, mas nós “tiramos o corpo fora” quando precisamos ser ativos da Igreja, participando e tomando a frente de algum ministério e serviço. Nós somos, como disse Jesus, o sal da terra, o fermento da massa.
Nós tivemos a graça de nascer de novo, de nascer do alto. Por isso precisamos viver como quem é filho de Deus. E o filho deve fazer as coisas que o Pai gosta de fazer. O Senhor nos quer sal para esta terra que está “apodrecendo”. O sal não precisa fazer muita coisa, basta que seja sal. Nós não temos salinidade, ela é do Senhor, do Espírito Santo que nós recebemos, e temos de usá-la em favor da Igreja. Nós temos o Pai, o Filho e o Espírito Santo vivos dentro de nós. Não podemos ser homens e mulheres de mãos encarquilhadas.
O Senhor quer curar as duas coisas em nós: a “mão seca” e o coração endurecido.
“Senhor, encha-nos do Espírito Santo, que Ele venha à tona. Infelizmente, tínhamos conservado o Espírito Santo preso em nós e acabamos ficando com o coração seco e a mão endurecida. Jesus, manda o teu Espírito para transformar o meu coração. Faz este milagre, esta transformação. Jesus, eu preciso que o Senhor cure o meu coração e as minhas mãos. Não é simplesmente curar a mão, mas me tornar mais ativo na Igreja, com a vida que já está em mim.”
Padre Jonas Abib