A efusão do Espírito Santo pode ser comparada àquele fenômeno que acontece quando pegamos uma joia e a banhamos no ouro. Vocês sabem que muitas das joias que usamos não são de ouro puro, mas banhadas nele. Pode ser um banho mais forte, mais fraco, mas são banhadas em ouro. Por que essa comparação? Porque somos criaturas humanas, somos o metal; Deus é o ouro e nós somos banhados n’Ele.
A expressão “ser batizado” significa “ser mergulhado”. Pode-se dizer da peça banhada em ouro que ela é batizada no ouro, e quando este adere àquela superfície, ela se torna totalmente diferente, adquire propriedades que antes não tinha. Era um pobre metal; agora, ficou realmente dourado, pois o ouro aderiu àquela superfície. O mesmo acontece conosco. Mas com o uso, o metal vai perdendo o banho dourado, pouco a pouco, porque não é um material nobre. O mesmo acontece conosco. Nós não somos divinos, mas humanos. No entanto, fomos banhados pela divindade. Por isso, precisamos ser sempre banhados no ouro do Espírito Santo.
O nosso trabalho apostólico, o uso dos dons para ir à frente da missão, para testemunhar às multidões… Tudo isso vai nos desgastando aos poucos. Precisamos receber, de novo, o banho no Espírito.
O ouro não penetra o metal, ele apenas cria uma superfície dourada. Mas o Espírito Santo não quer ficar apenas na superfície nem banhar somente nosso exterior. Ele deseja penetrar profundamente em nós, e pode fazê-lo! O Espírito Santo pode penetrar mais profundamente por nossos poros, para que o banho de ouro espiritual penetre e, assim, nos tornemos cada vez mais puros. Não deixamos de ser o pobre metal, mas, cada vez mais possuídos pelos dons do Espírito, nos tornamos, realmente, mais frutos d’Ele.
Jesus disse aos apóstolos antes da Ascensão: Eu enviarei sobre vós o que meu Pai prometeu, por isso, permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto (Lc 24,49). E, assim, nós nos transformamos. Os Santos Padres da Igreja e do Cristianismo já falavam desse processo de participação na divindade desde o início da era cristã, nos séculos II a III. Nós somos divinizados, somos como um metal sem valor, que pode ser, constantemente, banhada em ouro. E você sabe: mais do que você, é Deus quem quer essa transformação.
O que é preciso para respirar? Só você pode fazer isso, ninguém pode respirar por você. No momento em que está respirando, o ar que o envolve também o penetra. Esse respirar é querer e pedir. Você quer e, então, aspira o ar, que penetra em seus pulmões. É a mesma coisa com o Espírito Santo: você quer verdadeiramente e O pede: Vinde, Espírito Santo!. Quando quer e pede, o Paráclito já está rodeando você, e Ele penetra, vai ao fundo do seu ser. Você, então, é imerso no rio profundo do Espírito.
Mesmo quem vive da presença do Espírito de Deus precisa pedir para ser mais e mais mergulhado no rio profundo de Pentecostes, para ser ungido por Ele. Se essa graça ainda não lhe sobreveio, ela pode acontecer nestes dias. Estamos em cenáculo! Peçamos ao Senhor a graça do batismo.
Deus o abençoe!
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova