O Pai nos quer perfeitos

“Visto que ressuscitastes com Cristo, procurai o que está no alto, lá onde se encontra Cristo, sentado à direita de Deus; é no alto que está a vossa meta, não na terra. De fato, vós estais mortos, e vossa vida está escondida com Cristo Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então vós também aparecereis com ele em plena glória” (Cl 3,1-4).

Quando leio esse trecho me vem a imagem de uma ave que sobe cada vez mais rumo ao azul do céu. É isso que o Senhor quer fazer conosco. Essa é a aventura de nossa vida e não podemos nos contentar com tão pouco. Não se trata apenas de adquirir mais perfeição. Mas é uma questão de deixar-nos trabalhar pelo Senhor, deixar-nos santificar pelo Espírito Santo. Essa é obra d Ele.

A obra do Pai é a criação e Ele fez com toda a perfeição. A obra de Jesus é sua redenção e Ele a levou a termo, foi até o fim ao dar Seu Sangue; por Ele você foi libertado.

A obra do Espírito Santo é sua santificação, que ainda está acontecendo. O Pai não precisa mais criar porque tudo já está acontecendo. O Pai não precisa mais redimir porque você já está redimido. Mas o Espírito Santo continua Sua obra: sua santificação.

Você vai se tornando cada vez mais a imagem do Santo. Isso é santificação: tornar-se cada vez mais semelhante a Deus. Esta é a finalidade de sua vida. Foi isso que Deus disse no início da criação: “Façamos homem à nossa imagem e semelhança”.

Estamos sendo plasmados, o Espírito Santo nos toma como argila e está trabalhando em nós. Dessa argila Ele está fazendo a imagem de Deus vivo, do Filho Amado, Jesus Cristo. É por isso que olhamos para frente e deixamos que o Senhor opere em nós. E como proceder?

“Fazei, pois, morrer o que em vós pertence à terra: devassidão, impureza, paixão, mau desejo e tal cupidez que é uma idolatria” (Cl 3,5).

Cada um de nós traz em si tudo isso, que deve ir morrendo. Não podemos nos iludir. Nossa luta é matar tudo isso em nós, permitir que o Senhor vá matando o que ainda existe de devassidão, impureza, de paixões e maus desejos. A Palavra esclarece Isso:

“Eis o que provoca a cólera de Deus, eis qual era a vossa conduta outrora, o que constituía a vossa vida. Agora, pois, vós também livrai- vos de tudo isso: cólera, irritação, malvadez, injúrias, grosseria saída de vossos lábios. Não haja mais mentiras entre vós, pois vos despojastes do homem velho, com suas práticas, e revestirdes o homem novo, aquele que, para ter acesso ao conhecimento, não cessa de ser renovado à imagem do seu Criador” (Cl 3,6-10).

“Agora, pois, vós também livrai-vos de tudo isso…”. Livrar-se é deixar de lado, não querer saber mais, cortar da vida tudo isso: a cólera e suas consequências: a irritação, a malvadez, as injúrias, as grosserias e tudo que elas trazem de ruim.

“Não haja mais mentiras entre vós”. A falsidade e a hipocrisia fazem uma vida de mentira. “Pois vos despojastes do homem velho, com suas práticas”. É como tirar uma roupa velha. Você já tirou esse homem velho do corpo. “E revestirde o homem novo, aquele que, para ter acesso ao conhecimento, não cessa de ser renovado à imagem do seu Criador”. Não apenas você vestiu o homem novo, mas esse homem novo vestido em você vai sendo restaurado, se aperfeiçoando constantemente, até chegar à imagem d’Aquele que o criou: o Pai. Até atingir a perfeição de seu Pai.

Não somos nós que queremos ser perfeitos, é o Pai que nos quer assim. Jesus disse isso claramente: “ Vós, portanto, sereis perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celeste” (Mt 5,48). O Senhor opera em nós até sermos totalmente perfeitos, isto é, perfeitos e terminados. O término é ser imagem de Deus.

Quando um artista vai pintar um retrato, ele vai tomando por base seu modelo, até conseguir colocar na tela a imagem que tem diante de si. É isso o que o Pai está fazendo em você, o que o Espírito Santo está pintando na tela do seu ser: a imagem de Deus. Então, até você chegar à perfeição, o Espírito Santo ainda tem muito o que fazer:

“Visto que sois eleitos, santificados, amados por Deus, revesti- vos dos sentimentos de compaixão, benevolência, humanidade, doçura, paciência. Suportai-vos uns aos outros, e se alguém tiver algum motivo de queixa contra o outro, perdoai-vos mutuamente; assim como o Senhor vos perdoou, fazei o mesmo, também vós. E acima de tudo, revesti-vos do amor: é o vínculo perfeito” (Cl 3,12-14).

Você deixa de lado cólera, irritação, injúria, malvadez, palavras torpes, enganos, mentiras. Deixa tudo de lado… e se deixa transformar. Vai se revestindo então de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência, tolerância, perdão. E, acima de tudo, você vai revestir-se de amor, porque amor é o vínculo perfeito.

Quanto mais você se revestir de amor, tanto mais perfeito será mais à imagem de Deus. O amor é necessário; sem ele nunca haverá perfeição. Isso é vida em Cristo.

Trecho do livro “o Pão da Palavra – Volume 2” de monsenhor Jonas Abib

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