O céu é o prêmio definitivo para todos os que seguem corajosamente a própria vocação. O Senhor, porém, não nos espera chegar lá para recebermos a recompensa. Pelo contrário, Ele mesmo nos promete o cêntuplo ainda nesta vida.
A promessa de Deus, no Evangelho de São Marcos, é clara: “Em verdade vos digo: ninguém há que tenha deixado casa ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim e por causa do Evangelho que não receba, já neste século, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, com perseguições e no século vindouro a vida eterna” (Mc 10,29-30).
A minha vida comprova a realização dessa promessa. Ainda não cheguei ao fim da minha missão, mas já recebi o cêntuplo. A Canção Nova é a demonstração muito concreta de que Deus cumpre sua promessa: o cêntuplo nesta vida.
O que eu fiz foi corresponder à vocação que o Senhor me deu. Deixei-me conduzir e fui dando os primeiros passos como menino; depois, como seminarista e, mais tarde, como um jovem padre. A graça foi sempre corresponder à vocação. Vejo que aqui está a palavra-chave: “corresponder”.
Hoje, a minha maior riqueza são as pessoas que o Senhor me deu: tantos jovens que teriam inúmeras possibilidades na sociedade, mas optaram por entregar sua vida a Deus na Canção Nova.
Sempre fico atordoado diante dessa multidão de jovens que resolvem consagrar sua vida a Deus na Canção Nova. Alguns se casam, constituem família, e permanecem na comunidade. Muitos seguem seus estudos no seminário. Outros se consagram inteiramente ao Senhor como celibatários. Temos também os que são consagrados na comunidade, porém num segundo elo. São diferentes estados de vida dentro de uma mesma consagração.
Sempre me pergunto: “Quem sou eu para receber tudo isso?”. Mas esse é o cêntuplo que o Senhor me dá ainda nesta vida. É como eu me expresso na letra desta música:
Quero transformar numa canção
as juras de amor por Ti, meu Deus.
Entraste em minha vida sedutor,
já não sei viver sem Teu amor.
Tudo Te entreguei, nada me restou,
livre eu fiquei, para Te amar, meu Deus.
Tudo me pediste, nada eu Te neguei,
hoje eu sou feliz assim,
tenho a Ti, meu Deus.
Lembro-me perfeitamente da noite em que compus essa música. Foi a minha oração depois de um dia extenuante. Música e letra saíram juntas. Era minha vida colocada em música naquela oração. Era a minha vocação vivida naquele dia e apresentada a Deus na oração à noite.
Não posso negar: “Tudo te entreguei, nada me restou… Tudo me pediste, nada eu te neguei, hoje eu sou feliz assim”
É o cêntuplo que Deus já me deu. Posso atestar: o Evangelho acontece. O que Jesus promete Ele realiza.
O único segredo é viver a própria vocação. Esse é o segredo da felicidade, esse é o caminho da realização.
Extraído do livro ‘Vocação: um desafio de amor’, de monsenhor Jonas Abib.