“O Senhor se lembra sempre da aliança”. Meus irmãos, a aliança que o Senhor fez conosco não é uma coisa qualquer. Em sua primeira carta, São João nos diz “Considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus” (1Jo 3,1). A nossa essência, a nossa identidade, é a de sermos filhos de Deus. “Por isso, o mundo não nos conhece, porque não o conheceu. Caríssimos, desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que, quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como ele é” (1Jo 3,1-2). Esta é a aliança que Deus fez conosco.
No Evangelho de hoje, vemos que Jesus e seus apóstolos estavam passando por um campo de trigo e, como estavam com fome, iam pegando as espigas de trigo e comendo-as. Lá estavam também os fariseus para reparar nisso e dizer ao Senhor que o que eles estavam fazendo era proibido no dia de sábado. Os judeus levavam muito a sério o dia de sábado, não trabalhavam e eram muito inflexíveis ao observar isso. Jesus, por seu Evangelho, morte e ressurreição, veio para nos fazer filhos de Deus, e quando somos batizados, a nossa natureza muda, nós nos tornamos verdadeiramente filhos d’Ele. Nós somos menores do que “formiguinhas” ao lado de Deus, mas por tudo aquilo que Jesus fez, nós fomos “elevados”.
Cristo veio mostrar que, por mais que os judeus somassem méritos, observando as leis, não era assim que a salvação viria até eles. Isso é gratuito, é dado a nós, não por mérito, mas de graça. Muitos católicos pensam que nós recebemos a salvação e somos mais importantes diante de Deus por aquilo que nós fazemos. Mas a graça de Deus é gratuita. É claro que depois de nos tornarmos filhos do Senhor, precisamos viver a lei d’Ele, mas isso porque nós nos tornamos participantes da natureza divina. Por isso precisamos ser coerentes.
São João nos diz, em seu Evangelho, que Deus enviou o Filho ao mundo não para condená-lo, mas para que este fosse salvo pelo Senhor. A iniciativa de nos salvar veio de Deus, Ele amou tanto o mundo que mandou seu Filho único para que não perecêssemos. É por graça que nos vem a salvação. Uma vez que a recebemos, temos de ser coerentes. Até mesmo por gratidão, porque o Senhor nos elevou a uma posição tão excelsa, que o mundo não compreende isso. Para os que querem viver como filhos de Deus fica muito difícil, pois nós “nadamos contra correnteza” continuamente. Não somos como os outros porque não vivemos “à moda” deles. Por graça divina, nossa natureza é outra. É tão lindo isso que o próprio Jesus diz a Nicodemos que “Quem não nascer de novo não poderá ver o Reino de Deus. Quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, e o que nasceu do Espírito é espírito” (Jo 3,3; 5-6).
Esta é a aliança que o Senhor trouxe para nós. Uma vez que Ele nos deu gratuitamente o amor dEle, e por causa da dignidade que recebemos d’Ele, nós queremos viver como filhos de Deus, nós queremos observar as leis e os mandamentos do Senhor.
Diga ao Senhor: “Eu sou filho de Deus, e quero viver como filho de Deus. Não é meu mérito, mas é mérito do Senhor, por isso eu sou filho de Deus e vou viver como filho de Deus”.
O Senhor se lembra da aliança. Que aliança linda o Senhor nos concedeu! Vede, irmãos, que grande presente de amor o Pai nos deu: Sermos chamados filhos de Deus, e nós o somos de fato.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
Padre Jonas Abib