Na primeira leitura desta Missa de Exéquias, ouvimos as palavras do apóstolo Paulo: “Irmãos, não queremos que ignoreis coisa alguma a respeito dos mortos, para que não vos entristeçais, como os outros homens que não têm esperança” (I Tessalonicenses 4,13).
Quando anunciam para Jesus a morte de seu amigo Lázaro, o Senhor diz que este está apenas dormindo. Ele nos diz que a morte não é uma condição definitiva, mas a nossa salvação, a pérola preciosa, quem a encontra, luta para consegui-la. Mas ela é, antes de tudo, dom de Deus.
É difícil colocar o conteúdo da salvação dentro dos limites de uma definição. É por isso que a Sagrada Escritura usa imagens que falam à nossa imaginação para nos mostrar em que consiste a nossa salvação. Ela é comparada a uma ceia, que alimenta não só o nosso estômago, mas também a nossa fraternidade. Ela é comparada com uma festa, porque esta coloca o ser humano num nível superior de existência, marcado pela exultação e pela alegria. Seria muito bom se todos os dias fossem uma festa, mas como isso não é possível, o ser humano, de vez em quando, quebra a rotina do cotidiano para celebrar uma, o que é uma verdadeira refeição moral. Quando ela termina, o ser humano volta à luta diária com mais ânimo, com mais força e esperança. A imagem mais profunda para nós definirmos a salvação é a imagem da vida, porque a salvação é uma vida eterna não mais ameaçada pelo sofrimento e pela morte, mas uma vida que é a participação da própria vida de Deus.
São João, no Livro do Apocalipse, refere-se à salvação com palavras belíssimas e poéticas: “Quando chegar a salvação, não mais haverá sofrimento, não mais haverá morte, luto, pranto, tudo isso terá passado. Na salvação não haverá mais necessidade da luz do sol e da caridade da lua, porque todos seremos iluminados pela glória de Deus” (Apocalipse 7:16; 21:4).
[Ouça trecho desta homilia]
Agradecemos ao Senhor o dom da vida que Ele concedeu ao padre Léo, vida esta que não foi esvaziada por ele, que não foi vivida no vazio, mas uma vida vivida com intensidade e cheia de boas obras. Após receber o dom da vida biológica, este sacerdote recebeu, no Batismo, a semente da vida eterna. Vida eterna esta que depois foi confirmada com a Eucaristia e com os outros Sacramentos. Esta vida, que no Sacramento da Ordem, tornou-se vida em missão. A própria vida do padre Léo foi uma vida em missão. Hoje, ele está recebendo do Pai, do Filho e do Espírito Santo o dom da vida eterna e a plenitude. Portanto, nós estamos celebrando não mais a morte, mas a ressurreição dele! Estamos celebrando também a nossa esperança. Amém.