Sermão da comunidade

Transcrição da homilia do fundador da Comunidade Canção Nova, monsenhor Jonas Abib, nesta terça-feira (26).

A expressão mais forte da primeira leitura de hoje é: “Não nos deixes confundidos”. Nós todos precisamos pedir perdão a Deus. Quem de nós não erra nem peca? Percebemos que o Senhor não só tem misericórdia como é a própria misericórdia, a compaixão. Jesus nos perdoou, tem nos perdoado e está sempre disposto a fazê-lo.

O Senhor já carregou sobre si os nossos pecados. Então, é só reconhecê-los e pedir perdão que Ele nos perdoará. Jesus já pagou a nossa dívida dando-nos a sua própria vida na cruz. Assim é o coração d’Ele.

Monsenhor Jonas Abib, fundador da Comunidade Canção Nova

O Evangelho de hoje começa com Pedro dizendo ao Senhor: “Quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” A resposta de Jesus nós já conhecemos, mas ela é sempre surpreendente: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 18,21-22).

No capítulo 18 do Evangelho de São Mateus (tradução da CNBB), encontramos o título: “Sermão da comunidade”. Assim foi chamado todo este texto porque nele Jesus fala como deve ser o nosso comportamento na comunidade cristã. Nós cristãos somos comunidade e não há vida cristã fora dela. Você e os seus, a partir da mulher, marido, filhos e todas as pessoas que os rodeiam e com quem têm contato, devem ter uma contínua disposição para perdoar.

Jesus, agora, está nos dizendo: “Você não perdoou aquela pessoa? Eu tenho disposição para perdoá-lo continuamente; no entanto, você não tem a mesma compaixão com ela como Eu tive com você, meu filho”.

Essa Palavra incisiva de Jesus vai diretamente ao nosso coração. Eu diria que ela é como uma espada que transpassa o nosso coração, não para matar, mas para movê-lo. Acredite, Deus está tocando cada um de nós, porque, quando a Palavra de Deus é proclamada, ela se realiza.

Quem de nós não precisa perdoar? Sei como são os nossos sentimentos, pois também sou criatura humana. Nós queremos justiça, mas Jesus nos diz que se a nossa justiça não for superior à dos escribas e fariseus, não entraremos no Reino dos Céus, na dimensão do Evangelho. Mas como é possível ter uma justiça superior à deles? Não é a justiça de quem errou e tem de pagar, mas a do amor, que vem de quem ama, pois exige paridade, igualdade. Jesus fez o Evangelho para mudar o nosso coração, nossa vida, nossa situação de gente e de mundo. Então, por que o mundo continua na situação em que está? Porque ainda não vive a situação divina.

“Jesus, manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso”. O Senhor não exige que de um tempo para o outro o nosso coração mude. Ele nos dá um tempo de transformação para que nós – pelo poder da Palavra – sejamos transformados pelo poder dela.

“Senhor, Tu conheces o meu coração, sabes o que aconteceu e acontece comigo; sabes também a quem eu preciso perdoar e como eu preciso fazê-lo. Necessito estar numa constante situação de perdão. Eu vivo, Senhor, com pessoas que erram. Mas, obrigado, meu Deus, porque, no dia de hoje, a tua Palavra vem fazer esta obra no meu coração. Jesus, faças o meu coração semelhante ao teu, porque quero ser como Tu és. Quero ser perdão, muito mais do que perdoar, mas para isso preciso ser curado. Hoje, Tu queres curar o meu coração, então, realiza isso pela Palavra que nos trouxe, pela Eucaristia e, no teu sacrifício, para que eu e meus irmão sejamos perdoados por ti e por teu Pai. Tu estás dizendo ao Pai: ‘Perdoa-os, pois eles não sabem o que fazem'”.

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

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